João do Mundo

João do Mundo

Edição de agosto/2019 – p. 42

João do Mundo

João Gilberto morreu em 6 de Julho de 2019 aos 88 anos. O músico, responsável pela criação da Bossa Nova, enfrentava problemas de saúde há alguns anos. A música de João Gilberto conquistou o mundo, quando a partir da batida do samba reescreveu a história da música brasileira. Considerado por artistas e mídia especializada como um dos músicos mais influentes no jazz americano do século vinte, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos como o Grammy.João Gilberto morreu em 6 de Julho de 2019 aos 88 anos. O músico, responsável pela criação da Bossa Nova, enfrentava problemas de saúde há alguns anos. A música de João Gilberto conquistou o mundo, quando a partir da batida do samba reescreveu a história da música brasileira. Considerado por artistas e mídia especializada como um dos músicos mais influentes no jazz americano do século vinte, ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos como o Grammy.

João Gilberto Prado Pereira de Oliveira nasceu em Juazeiro, Bahia, em 10 de junho de 1931. Filho de Joviniano Domingos de Oliveira e Martinha do Prado Pereira de Oliveira, ficou conhecido quando criança como Joãozinho da Patu. Muito novo, com aproximadamente sete anos, percebeu um erro na execução da organista da igreja, e a partir de então deixou de ser novidade que João havia sido escolhido pela música para ser mundialmente conhecido como João Gilberto.Aos 14 anos, ganhou seu primeiro violão e na mesma ocasião formou o conjunto vocal chamado Enamorados do Ritmo. Aos dezesseis anos mudou-se para Salvador, quando passou a se dedicar exclusivamente à música. Aos dezenove anos foi para o Rio de Janeiro, onde obteve algum sucesso cantando no grupo Garotos da Lua, até que fosse mandado embora por indisciplina.


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João do Samba

Entre idas e vindas, passando por pensões e hotéis, em setembro de 1955 João Gilberto mudou-se para a casa de sua irmã, em Diamantina, disposto a desenvolver uma nova técnica para tocar violão e cantar. A batida de samba no violão, com harmonias diferentes, com influências do jazz, e acompanhada pela voz de João, passou a ser chamada de Bossa Nova. No entanto, João nunca se referiu ao gênero musical que tocava como Bossa Nova, mas Samba.

João da Bossa Nova

‘Chega de Saudade’ é uma canção escrita por Vinicius de Moraes (letra) e por Antonio Carlos Jobim (música), e no final dos anos 50 foi gravada por João Gilberto. A batida do samba, junto à voz de João cantando quase sussurrado, mudou o curso da música brasileira para sempre. A canção passou a ser reconhecida como a primeira do gênero Bossa Nova, gravada pela gravadora EMI-Odeon. ‘Chega de Saudade’, o disco, traz como produtor Aloysio de Oliveira. As gravações foram realizadas no Rio de Janeiro entre os meses de Janeiro e Fevereiro de 1959. Embora a capa original do disco traga pouquíssima ou quase nenhuma informação, ‘Chega de Saudade’ foi gravado por João Gilberto (voz e violão), Copinha ( flauta), Milton Banana (bateria), e Tom Jobim (piano), além de orquestra. Todos os arranjos foram escritos por Tom Jobim e João Gilberto. Segundo Luiz Américo, pesquisador da história da música popular brasileira, a produção do disco tem capítulos interessantes como a produção da foto para a capa do disco, ‘quando o fotógrafo Chico Pereira ajustou as luzes e a câmera para tirar a foto de João Gilberto (que usava um suéter emprestado de Ronaldo Bóscoli), um dos spots de iluminação queimou, deixando aparecer sua sombra em forma de machadinha apontada para a cabeça por detrás de João Gilberto. As fotos deveriam ser refeitas, porém como o tempo de lançamento do disco já estava praticamente se esgotando, André Midami responsável pelas capas dos discos da Odeon resolveu que deveria sair como estava, e assim foi feito’, conclui Luiz.

O lançamento do compacto que continha as músicas ‘Chega de Saudade’ e ‘Bim Bom’, com apenas da voz e violão, impulsionou a Bossa Nova para outros mercados, como os Estados Unidos e Japão.

João do Brasil para o Mundo

Se a Bossa Nova foi muitíssimo bem aceita no Brasil, no exterior não foi diferente. Em 21 de Novembro de 1962, o histórico concerto do Carnegie Hall, em Nova York, contou com a participação de Tom Jobim, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, João Gilberto, Carlos Lyra e Luiz Bonfá, ao lado de músicos norte-americanos como Stan Getz, Charlie Byrd, Lalo Schifrin e Gary McFarland, o que acabou sendo um evento histórico. O show foi realizado por iniciativa do proprietário da gravadora Áudio-Fidelity Records, Sidney Frey, e o Itamaraty. Segundo relatos da imprensa norte-americana da época, a platéia contava com a presença de músicos como Tony Bennett, Dizzy Gillespie e Miles Davis, além de Gerry Mulligan e Cannonball Adderley. Com ingressos esgotados, mais de mil pessoas ficaram do lado de fora. A obra de João Gilberto ficou registrada em 12 discos de estúdio, nove ao vivo e mais de uma dezena de coletâneas. Foi vencedor do Grammy nos anos 1965 (Álbum do Ano),1999 (Grammy Hall Of Fame – Álbum Getz/Gilberto), 2001(Grammy Hall Of Fame – Single Chega de Saudade) e 2001 – sendo neste ano nas categorias Grammy Hall Of Fame (Álbum Chega de Saudade) e Best World Music Álbum  (Álbum João Voz e Violão).

Chega de Saudade – O Livro

O jornalista e biógrafo Ruy Castro lançou em 1990 o livro ‘Chega de Saudade – A história e as histórias da Bossa Nova’. Segundo o press release, ‘Chega de saudade reconstitui a vida boêmia e cultural carioca dos tempos da Bossa Nova – boate por boate, tiete por tiete, história por história. Para compor este fascinante mosaico envolvendo música e comportamento, Ruy Castro ouviu dezenas de seus participantes: compositores, cantores, instrumentistas – além dos amigos e inimigos deles. O resultado é uma narrativa que se lê como um romance, cheia de paixões e traições, amores e desamores, lances cômicos e trágicos – protagonizados por João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Newton Mendonça, Nara Leão, Carlinhos Lyra, Ronaldo Bôscoli, Maysa, Johnny Alf, Sylvinha Telles, Elis Regina e pela legião de jovens que eles seduziram com seu charme e suas canções – para sempre.

Ficha Técnica

Disco: Chega de Saudade

Artista: João Gilberto

Direção artística: Aloysio de Oliveira

Diretor técnico de gravação: Z. J. Merky

Arranjos: Tom Jobim e João Gilberto

Foto: Francisco Pereira

Layout: César G. Villela

Flauta: Copinha

Trombone: Maciel

Bateria: Milton Banana

Caixeta: Guarany

Triangulo: Juquinha

Rubens Bassini: Bongô

Coro: Milton. Acyr e Edgardo

Músicas:

01 – Chega de saudade – (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)

02 – Lobo bobo – (Carlos Lyra e Ronaldo Boscoli)

03 – Brigas nunca mais – (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)

04 – Ôba-lá-lá – (João Gilberto)

05 – Saudade fez um samba – (Carlos Lyra e Ronaldo Boscoli)

06 – Maria ninguém – (Carlos Lyra)

07 – Desafinado – (Tom Jobim e Newton Mendonça)

08 – Rosa morena – (Dorival Caymmi)

09 – Morena boca de ouro – (Ary Barroso)

10 – Bim bom – (João Gilberto)

11 – Aos pés da cruz – (Marino Pinto e Zé Gonçalves)

12 – É luxo só – (Ary Barroso e Luiz Peixoto)



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