Em nome da garra

Em nome da garra

Bronze na Olimpíadas de Londres, Felipe Kitadai quer ir mais longe em 2016

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

jogoscariocas@gmail.com

Felipe Kitadai - Foto: Marcelo Santana / Sogipa
Felipe Kitadai – Foto: Marcelo Santana / Sogipa

Com seus 1,64 m e no limiar dos 60 kg, Felipe Kitadai circula “à paisana” pelas ruas de Porto Alegre sem levantar suspeitas de que se trata de alguém que possa dar trabalho numa luta. Mas, quando tira os sapatos, coloca o quimono e entra no tatame, aquele paulistano franzino se transforma. “Dá-lhe, Kita!”, a frase gritada em coro pela torcida durante as lutas, parece lhe conferir uma garra extraordinária. Foi graças a ela que, no dia do seu aniversário de 23 anos, em 2012, o peso ligeiro levou “de presente” a medalha de bronze nas Olimpíadas de Londres. “Acho até que poderia ter ido mais longe, mas conquistar o bronze foi sensacional”, acredita.


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O pódio olímpico não surgiu por acaso – foi resultado de uma bela trajetória de disputas. Em 2009, ganhou uma medalha de bronze nas Macabíadas, em Israel, e foi ouro nos Jogos da Lusofonia, em Portugal. Em 2010, levou o ouro na Copa do Mundo em Roma. No mesmo ano, foi bronze na Copa do Mundo de São Paulo e prata no Pan-Americano de Judô, nos Estados Unidos. Nos Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, foi medalha de ouro. Agora, aos 26 anos, depois de conquistar em julho a prata no Pan de Toronto, o peso ligeiro paulistano está focado nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. “Vou estar pronto para o desafio”, avisa o terceiro sargento Kitadai, que nos Jogos Mundiais Militares, realizados na Coreia do Sul em outubro, conquistou duas medalhas de ouro – individual na categoria até 60 kg e por equipes. Além do Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas (PAAR) e da Bolsa Atleta Pódio do Ministério do Esporte, o atleta da equipe Oi/Sogipa tem patrocínios individuais da Nissan e da Ortopedia Santo Amaro.

Jogos Cariocas – Como se aproximou do judô? Quando percebeu que poderia ser um judoca profissional?

Felipe Kitadai – Pratico desde que tinha cinco anos, por influência do meu pai e irmão. Assisti a muitos treinos do meu irmão mais velho. Não houve um momento no qual percebi que poderia virar um atleta profissional. As coisas foram acontecendo de maneira natural…

Jogos Cariocas – Quais são seus pontos fortes? E quais fundamentos precisa aprimorar?

Felipe Kitadai – Considero a velocidade a minha principal característica. Tem muita coisa que um atleta sempre precisa aprimorar, sobretudo depois que fica mais conhecido no cenário mundial… A cada nova conquista, a preparação deve ser aperfeiçoada.

Jogos Cariocas – Pratica outros esportes?

Felipe Kitadai –  Não dá tempo. Mas complemento os treinos do judô com um pouco de jiu-jitsu, para dar mais opções para a luta de solo. Mas não é um hobby, é uma necessidade.

Jogos Cariocas – Como o judô influi na sua personalidade?

Felipe Kitadai –  O judô é um esporte que ressalta valores muito importantes, como a disciplina, o respeito ao próximo e à hierarquia. Por viver tanto tempo o esporte, esses valores estão bastante arraigados no meu caráter.

Jogos Cariocas – Qual é a melhor parte de praticar o judô? E a parte chata?

Felipe Kitadai – Tem muita coisa legal… As competições, a relação com os companheiros de treinos… No entanto, um atleta profissional tem uma rotina de treinos pesada. São horas de trabalho duro e doloroso. É um esforço que as pessoas às vezes nem imaginam.

Jogos Cariocas – Como é a sua rotina, num dia comum?

Felipe Kitadai – Treino diariamente na Sogipa, em Porto Alegre. A infraestrutura é ótima, parecida com os melhores centros de treinamento do mundo. A rotina é pesada, com sessões de trabalho físico e técnico, além de fisioterapia, psicólogo, etc.

Jogos Cariocas – Como estão suas chances para as Olimpíadas de 2016?

Felipe Kitadai – Cheguei em 2012 com pouca gente acreditando que eu poderia conquistar a medalha. Mas eu sabia que tinha condições. Lutei muito bem e levei a medalha de bronze. Até hoje, sonho com aquele dia. Sobre o Rio… Bem, a medalha em Londres me colocou em outro patamar. Todo mundo me conhece, principalmente meus adversários. Então, não vai ser fácil, mas estou fazendo uma preparação muito boa.

Jogos Cariocas – O fato de estar em casa pode representar uma vantagem para os brasileiros? Ou pode atrapalhar?

Felipe Kitadai –  Acho que, no caso do judô, ajuda. Os resultados das competições realizadas aqui, como o Pan de 2007 e os mundiais de judô de 2007 e de 2013, mostram isso. Torço para que o grande legado dos Jogos do Rio seja a popularização do esporte no Brasil.

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