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Casa sobre rocha, casa sobre areia
SET/15 – pág. 50
“Portanto, quem ouve essas minhas palavras e as põe em prática, é como o homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, os ventos sopraram com força contra a casa, mas ela não caiu, porque fora construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve essas minhas palavras e não as põe em prática, é como o homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, os ventos sopraram com força contra a casa, e ela caiu, e a sua ruína foi completa!” – Jesus (Mateus, 7,24)
Construir a nossa casa sobre a rocha, significa construirmos nossa segurança, o bem-estar íntimo, sobre algo sólido como a rocha, ou seja, sobre os valores do Espírito, este permanente, não sujeito às transformações, às mudanças da matéria. Por outro lado, construir sobre a areia seria fazê-lo sobre algo movediço (como a areia), não durável, que sofre constantes modificações (os valores transitórios da matéria). Mas o detalhe importante é praticar, e não só “ouvir”. A alma e quintessência de toda sabedoria e felicidade da vida consiste em praticar, realizar as grandes verdades, e não somente em ouvi-las. Quem apenas ouve, mas não realiza, não pratica o que ouviu, é um “homem insensato”; quem ouve e realiza é um “homem sábio”. A diferença fundamental entre a insensatez e sabedoria está em ouvir sem realizar, e por outro lado, em realizar o que se ouviu.
Conta-se que Gandhi certa vez foi procurado por uma senhora, com um filho que tinha o péssimo hábito de comer açúcar. Aquela mãe tomou conhecimento do saber de Gandhi e de sua capacidade para ensinar, fazer com que as pessoas se transformassem para melhor, por isso o procurou, solicitando ajuda para o filho. Após ouvi-los, Gandhi recomendou que voltassem depois de 15 dias. Decorrido o tempo marcado, voltou a mãe com o filho. Foram bem recebidos, receberam toda a orientação sobre como dominar aquele mau hábito, e, ao se despedir, a mãe pediu permissão para fazer uma pergunta: Por que o senhor não nos atendeu da primeira vez que o procuramos? E Gandhi respondeu, com naturalidade: É que eu também possuía o hábito de comer açúcar. Preferi primeiro aplicar a orientação em mim próprio, para, só depois, transmiti-la a outrem…
Há uma mensagem de Emmanuel, recebida pelo médium Francisco C. Xavier, em 1952, que se encontra no livro “Chico Xavier – 40 anos no mundo da mediunidade”, de Roque Jacintho, pela Edicel, que diz:
“A assistência social é a fraternidade em ação. Sem ela, indiscutivelmente, os nossos mais preciosos arrazoados verbalísticos não passariam de belos mostruários sonoros.
É necessário teorizar com o exemplo se desejamos argumentar com eficiência e segurança, no campo de nossas realizações.
Se é verdade que as obras sem ideal são primorosas esculturas da arte humana, sem o calor da vida, a fé sem obras, segundo já nos asseverava a palavra apostólica, há quase dois mil anos, não passa de um cadáver bem adornado.
A escola, a maternidade, a creche, o hospital, o refúgio de esperanças aos viajantes da amargura, o albergue, o posto de socorro, a visitação fraterna aos doentes e aos necessitados, a palestra amiga e confortadora, a casa de desobsessão, o auxílio de emergência aos companheiros de angústia, o amparo aos irmãos presidiários, a cooperação metódica nos centros especializados de tratamento, quais sejam os sanatórios, os hospitais, e os leprosários, a contribuição desinteressada, enfim a dor de todos os matizes e de todas as procedências, desafiam a nossa capacidade de imaginar, organizar e fazer, a fim de que possamos monumentalizar a nossa Doutrina de Amor e Luz no mundo vivo dos corações.
Conscientes, pois, de nossas responsabilidades, marchemos para diante, sob a inspiração do Cristo, Nosso Senhor e Mestre, entrelaçando braços e corações na mesma vibração de otimismo e esperança, serviço e sublimação. Hoje é o nosso dia. Agora é o nosso momento. A luta é a nossa oportunidade. Ajudar é a honra que nos compete. Sigamos assim, destemerosos e firmes na certeza de que o Senhor permanece conosco e, indubitavelmente, alcançaremos amanhã a alegria e a paz do mundo melhor”.
José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE