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A Teia – Entrevista com os autores Bráulio Mantovani e Carolina Kotscho
‘A Teia’ marca a estreia do casal Bráulio Mantovani e Carolina Kotscho em seriados ficcionais para a televisão. Roteiristas, eles são responsáveis por grandes sucessos de bilheteria nacional. Formado em letras pela PUC, Bráulio Mantovani foi convidado pelo diretor Fernando Meirelles para adaptar o livro ‘Cidade de Deus’, de Paulo Lins. A produção lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor roteiro em 2004. Também autor de ‘Tropa de Elite’ e ‘Tropa de Elite 2’, Bráulio publicou recentemente seu primeiro romance “Perácio — Relato Psicótico”.
Roteirista de ‘Dois Filhos de Francisco’ (2005) com Patrícia Andrade, Carolina Kotscho é formada em artes visuais e trabalhou como diretora, roteirista e diretora de conteúdo, marketing e distribuição, até ser convidada em 2001 para trabalhar na área de entretenimento da Conspiração Filmes, em São Paulo. ‘Dois Filhos de Francisco’ foi seu primeiro roteiro de longa-metragem. No cinema, assina também os roteiros de ‘Flores Raras’ e ‘Não Pare Na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho’. Carolina escreveu para televisão o quadro ‘Te Quiero América’, série de 11 episódios exibidos no Fantástico, protagonizados por Denise Fraga e João Miguel.
‘A Teia’ originalmente era para ser um livro. Como surgiu a ideia de levar essa história para a televisão?
Carolina – Eu comecei as pesquisas e entrevistas com o Antonio Celso em 2007, mas logo vi que tinha material ali suficiente para virar um seriado ou um filme. Eu já tinha o projeto do livro sobre o assalto ao ‘Banco Central’ andando, mas colhendo material, pesquisando todo o arquivo dele, vinham outras histórias que eram ainda mais fascinantes, mais cinematográficas.
A experiência de vocês do cinema facilitou na hora de escrever um seriado para a televisão aberta? Como foi esta experiência?
Carolina – Eu achei uma delícia, porque no cinema é sempre um sacrifício fazer uma história caber em duas horas. Já na televisão, tivemos a chance de trabalhar mais profundamente a trama e os personagens, isso foi muito bacana.
Bráulio – A principal diferença de um longa-metragem para o seriado e é que o trabalho é mais longo, o quebra-cabeça é mais complicado. Consome mais tempo, mais energia, mas é mais satisfatório. E eu adoro quebra-cabeças, então na verdade é até mais gostoso.
Esta é a primeira vez que vocês escrevem juntos. O fato de serem casados tornou o processo mais fácil?
Carolina – Este foi outro grande desafio. A gente sempre se ajudou muito com os projetos pessoais de cada um, mas fazer junto é outra coisa, são maneiras diferentes de trabalhar. Mas nosso texto se mistura bem, o que é importante, com pontos complementares e muito parecidos. Enquanto o Bráulio é preciso na composição, na estrutura da história, eu já gosto mais de explorar as relações humanas dos personagens. Foi um processo bastante colaborativo, com muita troca. A gente voltava para casa e continuava falando do seriado. Meu filho de nove anos sabia o nome de todos os personagens.
Como foi administrar esses quebra-cabeças com os colaboradores?
Bráulio – A gente conversou tudo no geral e dividiu o roteiro. Todo mundo lia tudo e todo mundo dava palpite em tudo. É claro que teve uma supervisão nossa, a redação final, mas ‘A Teia’ não seria o que é sem a colaboração do Lucas Paraízo, do André Sirangelo, da Stephanie Degreas e do Fernando Garrido. Isso foi muito legal.
Vocês acompanharam o começo das gravações na Chapada dos Guimarães. Como foi essa experiência?
Carolina – Foi realmente incrível. O primeiro filme que eu fiz foi rodado lá e por esta razão sugeri o local como locação. Por coincidência, as gravações começaram ali, exatamente durante as férias escolares do nosso filho. Então decidimos viajar. Fizemos leituras com o elenco e pudemos ajudar um pouco, uma vez que os personagens eram realmente complexos. Os atores adoraram e quase ‘sugavam’ a gente nos minutos dos intervalos. Acabamos participando de tudo, desde o figurino à direção de arte.
E a interação com o Rogério Gomes?
Bráulio – Foi maravilhoso. ‘A Teia’ foi uma grata surpresa porque não teve nenhum controle criativo, apenas provocações que nos ajudavam a melhorar ainda mais o trabalho.
Carolina – Uma das surpresas desse primeiro trabalho para a televisão foi a liberdade com que a gente criou. A outra foi o resultado, ainda melhor do que a gente podia esperar, sonhar e querer.