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Dilma cancela envio de equipe que prepararia sua viagem aos EUA
Palácio do Planalto não informou o motivo do cancelamento.
Previsão é de que presidente vá a Washington em outubro.
A presidente da República, Dilma Rousseff, cancelou o envio de uma equipe precursora que iria a Washington neste sábado (7) dar início aos preparativos da viagem oficial que a presidente deve fazer aos Estados Unidos em 24 de outubro. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (5) pela assessoria do Palácio do Planalto.
O motivo do cancelamento não foi informado pelo Palácio do Planalto. Segundo informou o blog do jornalista Gerson Camarotti, Dilma cogita adiar a visita à capital norte-americana devido às denúncias reveladas pelo Fantástico de que ela e seus assessores seriam alvos de espionagem por parte do órgão de inteligência dos EUA.
O cancelamento do envio da equipe precursora, segundo informou o Gabinete de Segurança Institucional, não significa que a viagem está cancelada. Os funcionários poderão ser enviados em outra data ou poderão ser substituídos pelo Escalão Avançado – grupo que geralmente chega cinco dias antes da presidente aos locais que ela visita.
A viagem precursora tem a finalidade de analisar questões de hospedagem, logística, percursos que serão feitos pela presidente e transporte. A equipe é formada por servidores do cerimonial do Paládio e do Itamaraty, além de agentes de segurança.
Denúncia
Documentos classificados como ultrassecretos, que fazem parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, obtidos com exclusividade pelo Fantástico, mostram a presidente Dilma Rousseff, e o que seriam seus principais assessores, como alvo direto de espionagem da NSA. Um código indica isso.
O jornalista Glenn Greenwald, coautor da reportagem, foi quem recebeu os papéis das mãos de Edward Snowden – o ex-analista da NSA que deixou os EUA com documentos da agência com a intenção de divulgar o sistema de espionagem americano no mundo.
Glenn afirmou que recebeu o documento na primeira semana de junho, quando esteve com Snowden em Hong Kong. “Ele me deu esses documentos com todos os outros documentos no pacote original.”
O pacote tinha milhares de documento secretos. Glenn analisou esses papéis com Snowden durante uma semana em Hong Kong. Pouco depois, Snowden fugiu para a Rússia, onde passou 38 dias na área de trânsito do aeroporto de Moscou, até ter seu pedido de asilo aceito no país.
Durante a produção, a reportagem conversou com Snowden por um programa de bate-papo protegido contra espionagem. Escondido em algum ponto do território russo, ele disse que por exigência do governo local não pode comentar o conteúdo dos papéis, mas disse que acompanha a repercussão que os documentos estão tendo pelo mundo, inclusive no Brasil.
Fantástico: como é que a gente pode avaliar o documento e saber se foram operações que foram consumadas, e não apenas projetos?
“Ficou muito claro, com esses documentos, que a espionagem já foi feita, porque eles não estão discutindo isso só como alguma coisa que eles estão planejando. Eles estão festejando o sucesso da espionagem”, afirmou Glenn.
Os documentos mostram que foi feita espionagem de comunicações da presidente Dilma com seus principais assessores. Também é espionada a comunicação dos assessores entre eles e com terceiros.
A apresentação secreta se chama “filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil.” Segundo a apresentação, o programa possibilita encontrar, sempre que quiser, uma “agulha no palheiro.”
O palheiro, no caso, é o volume imenso de dados a que a espionagem americana tem acesso todos os dias, espionando as redes de telefonia, internet, servidores de e-mail e redes sociais. A agulha é quem eles escolherem.
No documento, de junho de 2012, são dois alvos: o presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato líder nas pesquisas para a presidência, e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
Fonte: g1.globo.com