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Roubos a brasileiros em Orlando mobiliza líderes e autoridades
DEZ/14 – pág. 11 e 12
Sucessivos assaltos, invasão de quartos de hotéis e arrombamento de veículos vêm acarretando prejuízos de até 15 mil dólares – cerca de 39 mil reais – frustrando os visitantes. Autoridades da polícia e líderes da Comunidade brasileira debateram a questão em recente encontro realizado em Orlando
À cada semana, milhares de turistas brasileiros desembarcam em Orlando para curtir férias, ir às compras e desfrutar dos parques temáticos e inúmeras atrações turísticas, um dos maiores centros de diversão do mundo. Tudo muito perfeito na rota de opções no paraíso das compras, exceto um dado alarmante que vem despertando a atenção das autoridades e que coloca os visitantes em alerta. Trata-se dos sucessivos roubos a brasileiros – invasão de quartos de hotéis, arrombamento de veículos, entre outras desagradáveis surpresas – acarretando em prejuízos de até 15 mil dólares – cerca de 39 mil reais – frustrando o tão planejado passeio, por falta de segurança. Mas à quem atribui-se a culpa em meio à avalanche de denúncias? O Jornal “Nossa Gente” ouviu o Sargento Yuri N. Melich, do Orange County Sheriff’s Office, que alega falta de orientação por parte do turista brasileiro quando nas compras de eletrônicos e demais produtos nos shoppings e lojas da “Best Buy”, atraindo a atenção de bandidos. O policial informou que o índice de assaltos a brasileiros é mínimo – cerca de 5% -, bem abaixo da média de outros centros turísticos nos EUA, o que não requer um policiamento ostensivo. “Orlando é a cidade que mais recebe turistas no mundo. E todos sabem que o turista vem com dinheiro para gastar. E se nós educarmos o turista não necessitamos aumentar o nosso efetivo. O que precisa é educar o turista”, alerta.
Mas como ficam os visitantes, reféns de assaltantes? E se o índice de roubos a brasileiros não traduz um dado alarmante, capaz de mobilizar um número compatível de policiais nos points de compras, que haja medidas urgentes, evitando outros indesejáveis assaltos. A brasileira, Ana Lúcia Delgado, da cidade mineira de Poços de Caldas, teve o carro da família arrombado e todos os pertences furtados – dez malas, dois notebooks, quatro máquinas fotográficas e cinco passaportes. “Tínhamos chegado a Orlando, depois de passar por New York, quando paramos em um estacionamento para lanchar. Tudo aconteceu em frações de vinte minutos. Foi horrível porque ficamos literalmente sem lenço e sem documentos e todas as nossas compras foram levadas. A nossa viagem se transformou em pesadelo. Isso é absurdo e não pode continuar acontecendo. Onde está a segurança?”, indaga revoltada.
Estatísticas e alerta da polícia
Segundos dados divulgados pelo Sargento Yuri, responsável pelas as avaliações de segurança nas empresas e residências, em 2013 aconteceram 158 roubos de carros de turistas brasileiros – de outubro de 2013 a novembro de 2014. Na Internacional Driver, no mesmo período, ocorreram 503 roubos de carros e 43 brasileiros foram assaltados, estatística de 5%. Mas o que fazer para evitar os desagradáveis assaltos? O Sargento Melich disse que o erro cometido por brasileiros, durante as compras, é deixar as mercadorias trancadas em carros, nos estacionamentos, e continuar consumindo. “O turista compra em determinada loja e depois vai para outra loja, armazenando as caixas de compras no carro. Isso é errado porque atrai o assaltante. Ele – o assaltante – sabe que é turista brasileiro e que tem dinheiro para gastar então pratica o roubo”, alerta. “O turista deve efetuar a primeira compra e depois voltar para o hotel e deixá-la guardada. Feito isso, continua as compras sem despertar a atenção de bandidos”.
Outra falha apontada no comportamento do turista brasileiro, adiantou o policial, “é o grupo de pessoas que sai de Miami para consumir em Orlando. É muito comum encontrar pessoas que chegam animadas para comprar. Mas o que estes turistas não percebem é estão sendo observados por assaltantes. Estão sendo seguidos e quando saem das lojas, geralmente com três laptop, entre outros eletrônicos, acabam surpreendidos”, disse Yuri.
O sargento está em contato com associações brasileiras, empresas turísticas, além de outros líderes da Comunidade, para a distribuição de panfletos nos principais pontos brasileiros -incluindo hotéis -, alertando o turista sobre os procedimentos legais, evitando assaltos durante a permanência em Orlando. Os panfletos foram impressos em três idiomas – português, inglês e espanhol – e serão, inclusive, encaminhados para as Companhias aéreas, Tam e Gol. “Vamos realizar um trabalho intensivo de conscientização do turista brasileiro, evitando que ocorram roubos. O Tour Group também irá nos auxiliar nesta importante e árdua missão”, complementa o policial.
Reunião de líderes
Recentemente, o “Latin-American Citizens Advisory Committee”, da polícia do condado de Orange, “BCCIT – Brazilian Chamber of Commerce, Industry e Tourism” e “Brazilian Association of Central Florida “ promoveram almoço no “Camilla’s Restaurante”, em Orlando, oportunidade em que foi abordado sobre os assaltos a brasileiros e a segurança da Comunidade. Estiveram presentes o Chefe da Polícia Jerry L. Demings; Chefe de Polícia da área da International Driver – Capitão Gilles W. Macdaniel’; Capitão Carlos Torres, Sargento Yuri N. Melich e oficiais do Departamento de Polícia.
Os problemas atuais dos seguidos assaltos de turistas brasileiros em hotéis e quando param nos estacionamentos dos shoppings e restaurantes, depois de fazerem compras, foram colocados em pautas e debatidos entres líderes e autoridades. Outro tópico debatido, a nível de segurança local, foi sobre o serviço gratuito que a polícia faz ao verificar estabelecimentos comercial ou residencial para uma avaliação quanto a segurança e sugestões do que pode ser feito para se evitar assaltos. E apesar de todo trabalho que a polícia desenvolve na área, de patrulhamento, de investigação, inclusive, com policiais disfarçados, é quase que impossível de se chegar a um índice de zero em roubos. A polícia se justificou – quanto os métodos para conter os assaltos – dizendo que os números em níveis percentuais são muito baixos, bem abaixo da média de outros centros turísticos nos EUA.
Outro ponto polêmico, abordado durante o encontro, foi quanto a posição da mídia brasileira perante o impasse entre turista e assaltantes, e que estaria “exagerando nas ocorrências, fazendo um carnaval e dando uma dimensão muito maior ao problema, inclusive por uma questão de concorrência comercial”. Também foi solicitada a ajuda dos presentes para iniciar uma campanha, informando os turistas de que eles estão de férias, e que os ladrões continuam o seu trabalho. Foram distribuídos folhetos para serem encaminhados para os turistas e a população. E segundo a polícia, um grande número de ocorrências poderiam ser evitados se as pessoas tomassem cuidados simples, como evitar expor as compras, manter o quarto trancado, verificar se as janelas do quarto de hotel estão trancadas quando sair.
Dados do Consulado Brasileiro em Miami
O Consulado-Geral do Brasil em Miami informa que o número de relatos de viajantes brasileiros que tiveram seus pertences e documentos roubados cresceu nos últimos anos. Em 2012, quando 1,6 milhão de brasileiros visitaram a Flórida, foram registrados 117 casos de furtos. Em 2013, com 1,7 milhão de brasileiros no Estado, 224 ocorrências foram registradas. Em 2014, até o dia 23 de setembro, 223 brasileiros (em 119 ocorrências) já haviam relatado ao consulado-geral terem sido vítimas de furto na Flórida. As ocorrências registradas neste ano concentram-se em Miami (29%) e em Orlando (26%). Outros casos foram reportados nas cidades de Miami Beach (10%), Sunrise (8%), Doral (7%) e Aventura (6%). Do total de vítimas, 133 tiveram os veículos que utilizavam arrombados.
Opinião do Jornal Nossa Gente
“Apesar de reconhecer todos os esforços que a polícia vem fazendo, o único número aceitável é “ZERO”. Talvez um policiamento mais ostensivo, preventivo seria eficaz. Os turistas vêm para a cidade para gastar e se divertir e o ônus da Segurança não deveria ser passado para eles. A polícia deveria contratar mais policias brasileiros e a cidade deveria investir mais em Segurança. O imposto turístico que é cobrado de cada turista que visita Orlando, deveria ser usado para serviços mais diretos de quem os paga. Reconhecemos que a cidade e o County vêm fazendo um grande serviço em projetar o nome de Orlando mundialmente. Mas o que adianta ter estádios e teatros de milhões de dólares se o turista se sente inseguro? A cidade de Miami demorou décadas para recuperar sua imagem, depois dos ataques a turista alemães nos anos 90. Não queremos ver isto acontecer em Orlando. Resumidamente, hoje o turista brasileiro se sente seguro nos parques e inseguro nas ruas e nos shoppings de Orlando”.
Walther Alvarenga