Mister Brau

Como será um pop star visto de perto? Sua intimidade, suas relações, sua casa?  Existem conflitos neste universo perfeito que habita o imaginário coletivo? ‘Mister Brau’, com roteiro final de Jorge Furtado e direção geral de Maurício Farias, revela o mundo superlativo de Brau (Lázaro Ramos): um mega astro que se muda para uma super casa e, por conta de sua rotina incomum, se envolve em confusões com a nova vizinhança.

Brasileiro de extremo talento, Brau conquistou fama internacional com sua música – uma mistura de gêneros que vai de ritmos africanos ao pop. Adorado pelo público e reverenciado por outros artistas, Mister Brau  está no auge. Ao seu lado, Michele (Taís Araújo). Linda e antenada às tendências, ela dita moda e as regras na relação e na carreira do marido de quem também é empresária e bailarina.

Brau e Michele levam para o seu novo endereço, um luxuoso condomínio na Barra da Tijuca, as festas e a alegria da música, que todo mundo adora, menos seus vizinhos, Andrea (Fernanda de Freitas) e Henrique (George Sauma), que não vão ter mais um minuto de sossego.

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Apesar do dinheiro que têm de sobra, Mister Brau e  Michele valorizam também o que não tem preço: a amizade. Ele mantém se mantém fiel a Lima (Luis Miranda), seu parceiro desde o início de sua carreira, e Michele se apoia em Gomes (Kiko Mascarenhas), seu assessor pessoal, para tomar qualquer decisão. Henrique, advogado competente e atento à capacidade de seu novo vizinho para se meter em encrencas, acaba prestando a ele seus serviços, transformando a inconveniente vizinhança numa ótima fonte de renda. Isso para o desespero de sua esposa Andrea, típica dondoca carregada de preconceitos, que faz de tudo para se livrar dos incômodos vizinhos.

Formas, grafismo, música e arte – Produção de arte e cenografia

O estilo alegre e inovador de Mister Brau (Lázaro Ramos) e Michele (Taís Araújo) se reflete também na mansão que serve de lar ao casal na série. Para levar a personalidade marcante dos personagens ao principal cenário da trama, as equipes de cenografia e produção de arte trabalharam na busca por um espaço que mostrasse a essência musical e a história de vida de duas pessoas que ascenderam socialmente e evoluíram, mas sem abandonarem suas raízes.

A cenógrafa Lu Nicolino pautou o seu processo de pesquisa a partir dos traços psicológicos do casal. Para traduzir a inquietude de Brau em relação à vida, assim como a atitude decidida de Michele, Lu e sua equipe buscaram referências em motivos afro-brasileiros, formas geométricas, grafite e arte urbana e de rua, sempre com um olhar contemporâneo. “Fomos buscar de trás para frente, para entender como eles eram. Percebemos que o Brau é uma pessoa de composição, ele gosta de inventar. A própria música dele não é linear, é customizada. Por isso, para ele, escolhemos uma referência mais gráfica, algo que conta com a intervenção dele. Michele é diferente, gosta de coisas mais bacanas e estampas mais legais. Nossa missão era juntar essas pessoas embaixo do mesmo teto”, explica a cenógrafa.

Assim como na ficção, a locação da luxuosa casa dos Brau também fica no bairro da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O local, que ocupa um lote inteiro do condomínio onde está inserido, conta com dois andares extensos, subdivididos em cômodos espaçosos, além de um quintal com piscina e jardim. Para dar vida à mansão, o produtor de arte Luiz Pereira garimpou objetos e obras de arte em diferentes estados do Brasil, garantindo uma riqueza ainda maior aos detalhes que compõem o cenário. “Estive em exposições de grafiteiros e de artistas variados, então na casa, é possível ver desde uma cabeça de Cavalhada, que é uma festa folclórica de Goiás, até fotografias produzidas em Nova York. Também visitei muitos estúdios de design em São Paulo e em Brasília, onde encontrei luminárias e artigos diversos”, conta. Em contraste com a exuberância de detalhes e estampas nos objetos, a aposta para colorir os ambientes foi em uma paleta de tons com base mais neutra, misturando preto, cinza, prata e dourados pontuais, a fim de que não se criasse um visual confuso.

Encontrar o espaço que retratasse toda a riqueza do casal não foi tarefa fácil. Cenografia e produção de arte tinham em mãos o desafio de achar um casarão que realmente imprimisse o seu tamanho na televisão. Com esta missão cumprida, as equipes contaram com uma ajuda também no momento das gravações. “A casa é grande, mas só se entende completamente o tamanho dela se isso for contado durante as cenas. Tivemos que adaptá-las para que não fossem tão paradas e tivessem mais cortes na passagem dos personagens de um ambiente para outro. Fazer tudo em plano sequência não daria a dimensão necessária do espaço” explica Lu Nicolino. A técnica é ainda importante para que o público compreenda a vivência do casal no espaço. “Eles têm uma casa decorada e bonita, e usufruem dela, pois têm as raízes da casa cheia e dos grandes encontros. Precisava ser uma casa que abrigasse todo mundo, como Lima (Luís Miranda), o melhor amigo de Brau que está sempre no local. O jardim também funciona dessa forma, acolhendo as festas que eles dão”, diz a cenógrafa.

Além do jardim, outros cômodos pontuam de maneira mais específica a presença dos personagens na casa, como a sala de música de Mister Brau. Espaço de criação do artista, o local também servirá como ponto de encontro entre ele e seus parceiros na música no decorrer dos episódios. Para decorá-lo, o produtor de arte Luiz Pereira apostou em instrumentos e fotografias que retratam momentos da carreira de Brau. “Esse cômodo vai estar sempre em mutação, porque o tempo inteiro vamos incluir memórias novas sobre os shows e as festas que ele ainda vai fazer”, conta Luiz. A cozinha da mansão também é uma curiosidade à parte: totalmente equipada, com eletrodomésticos, louças, talheres e utensílios em geral, trata-se de um espaço totalmente funcional e pronto para uso.

Já na hora de planejar a austera casa de Henrique (George Sauma) e Andrea (Fernanda de Freitas), as equipes trabalharam com elementos opostos aos utilizados no lar de Brau e Michele, justamente para marcar a grande diferença entre os estilos de vida dos casais. “Eles são presos a padrões de decoração. São pessoas cartesianas, que seguem todas as dicas do decorador. Quisemos que eles se surpreendessem com a ousadia dos Brau, um casal completamente livre”, explica Lu Nicolino.

Figurino e caracterização

Se no mundo da moda o estilo traduz a personalidade de uma pessoa, no universo de Brau e Michele esse conceito atinge sua representação máxima. Para o casal, artistas criativos e com influencias múltiplas na arte e na vida, o figurino assinado por Antonio Medeiros e a caracterização de Érica Monteiro, foram criados para dar a dimensão desse ecletismo que faz um mix entre o ancestral, o étnico e a moda contemporânea europeia resultando em um estilo único.

O caminho escolhido foi a fuga de estereótipos dos mega astros internacionais, especialmente norte americanos, da ostentação, e  a busca por uma identidade visual individualizada.   “Brau e Michele não são novos ricos que querem aparecer pelas roupas que podem comprar. Eles usam desde peças caríssimas a roupas compradas em grandes magazines. Até nisso eles são muito livres”, diz Antonio que ,com frequência, interfere nas peças invertendo as costas pela frente, usando-as pelo avesso, cortando mangas e até mesmo pichando as roupas com spray.

O figurino dos Brau, seja nos shows ou no dia a dia , faz uma conjunção de vários signos: estampas afros, cortes étnicos orientais ressignificados e até mesmo uniformes de exército retrôs. Michele se veste com exuberância, com muita cor, muitos acessórios, maxi brincos, colares enormes, mas tudo harmoniosamente. Ela é uma mulher de atitude, antenada e sem pudores com seu corpo. Exala feminilidade e vigor.

Para a personagem, Taís Araújo teve que usar algumas tiras de cabelo artificial para ganhar mais volume e comprimento. Além disso, deu uma leve clareada nos cachos para iluminar o semblante. “Michele usa de tudo, desde um black power poderoso, a  cílios postiços e unhas que combinam com a roupa. Batons dos tons mais claros aos mais escuros passando pelo laranja, mate e nude. Não há restrições mas tudo é de bom gosto”, explica Érica.

Já nas apresentações, Mister Brau e Michele usam pinturas no rosto e no corpo que tem como influência tribos africanas que utilizam as mesmas pinturas em alguns rituais.

Em contraposição a liberdade de expressão  e personalidade dos Brau, seus vizinhos Andrea (Fernanda de Freitas) e Henrique (George Sauma) se vestem de forma mais clássica e contida.  “Andrea é uma personagem cheia de preconceitos com os outros e consigo mesma, ela é uma mulher fechada e , apesar de ser muito elegante, se veste como uma mulher mais velha, sempre muito sóbria e composta.  É cheia de pudores ao contrario de Michele”, compara o figurinista.

Já Henrique, mesmo sendo sóbrio como a mulher, segue a linha europeia em relação às proporções. Seus ternos tem cortes diferentes do tradicional, são mais curtos e justos.