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Descaso e caos na dessemelhança entre Mariana e Paris
NOV/15 – pág. 03
Em meio ao clima de medo, revolta e mortes, nos deparamos com duas situações catastróficas, porém, distintas. De uma extremidade o descaso com um povo sem voz, desprotegido, enquanto que do outro ângulo, o ódio fomentado por grupos extremistas, desencadeando o pânico. As cidades de Mariana, em Minas Gerais, e Paris, na França, ganharam destaques no mundo, alvos de tragédias que vitimaram inocentes e mobilizaram a opinião pública. Existe relevância entre ambos os casos? Do lado pobre, o Brasil, pessoas perderam casas, vidas foram ceifadas e uma lama tóxica – provocada pelo rompimento das barragens de rejeitos de minérios – dizimou o distrito de Bento Gonçalves, contaminando os rios e matando os peixes. A falta de responsabilidade por parte da Samarco Mineradora e do Governo Federal,é gritante. O caos poderia ter sido evitado, caso o país fosse levado a sério. O tribunal da corrupção rouba a cena e ultraja a dignidade dos brasileiros. É um exercício diário da insensatez.
No âmbito rico, a França, Paris sofre com células terroristas, espalhadas pela cidade. Um lobo voraz, silencioso, que ataca na espreita. O inimigo oculto desafia o serviço de inteligência francês e desequilibra, como nos ataques ocorridos no dia 13 de novembro passado. Pessoas foram mortas brutalmente. E lidar com o imprevisível é abominável. Mas ele existe e precisa ser combalido. Os parisienses estão acuados, pressionados por extremistas islâmicos que se opõem à paz.O mais agravante: jihadista matam em nome de “Deus”. É uma forma descabida de semear o terrorismo religioso.
No Brasil houve críticas à imprensa, alegando que o caos em Mariana requer mais atenção que a tragédia em Paris. A dessemelhança entre uma causa e outra fica evidente. Mariana é o resultado da negligência política do país. De um governo omisso, desatento com o seu povo. É a herança do obsoleto, do que não deu certo e que caiu no descrédito. Diante disso, os danos são irreparáveis. No caso de Paris, não se trata de fome, de governo faltoso, mas da balbúrdia implantada por outros credos, do exercício do medo, incutido por povos diferentes. A ação de extremistas afronta a soberania do país e rouba o bom senso.
Não se trata de quem ou do quê é o mais importante. O terror é real, e somos testemunhas do irreparável. Se há tristeza e lamentações em Mariana, Paris convive coma desolação. O mundo sofre com o descaso e o caos. O antagonista da serenidade humana esconde-se em todos os lugares, mas não podemos vê-lo!
Walther Alvarenga