“50 Tons de Cinza” surpreende e desafia o bom senso da paixão

“50 Tons de Cinza” surpreende e desafia o bom senso da paixão

A adaptação do best-seller para o cinema têm filas imensas, consolidando o sucesso da polêmica história de amor. O roteiro reservas surpresas e abre discussões sobre os limites desejo

50tonscinzaO amor tem nuances que até mesmo os envolvidos na questão se surpreendem. E não há como contestar a química da paixão, principalmente quando nos colocamos diante dos fatos, observando cada detalhe de uma história movida por impulsos incontidos e desejos exacerbados, desencadeados pela libertinagem de um dos parceiros. Depois do sucesso de vendas da trilogia “50 Tons de Cinza”, de E.L. James nas livrarias, superando a saga “Harry Potter”, a trama foi roteirizada e levada para as telas do cinema, obtendo o mesmo êxito da história impressa. A adaptação do best-seller para o cinema têm filas imensas nas portas dos cinemas, nos Estados Unidos e no Brasil, atraindo os aficionados pelo envolvimento desconexo da relação a dois, permeado de elementos sombrios, num elo entre forte lençóis e a realidade. O casal, Anastasia Steele (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan), protagonistas do filme, centralizam o que pode-se se chamar de encontros macabros.

Uma estudante de Literatura, tímida, se vê diante do milionário, Grey, jovem e egocêntrico, surgindo a atração fatal, mútua, rompendo os lacres da moralidade. Para quem assistiu ao clássico, “O Último tango em Paris”, do diretor italiano Bernardo Bertolucci, com Marlon Brando e Maria Schneider, irá se surpreender com impetuosidade das cenas e a ousadia dos diálogos em “50 Tons de Cinza”. Audacioso e conduzindo o espectador ao submundo do profano, o filme coloca em xeque a questão da submissão, manipulada pelo belo e impressionável. Um virtuoso empresário, obstinado em satisfazer os caprichos da carne, opta por um contrato de fidelidade com a parceira, com isso, negociando o seu silencio. Nada do que for feito poderá ser contestado.

A direção de Sam Taylor-Johnson é precisa. Oculta a nudez, mas aguça a curiosidade dos que querem ver mais, exercendo o imaginário. Uma linguagem que funde erotismo, paixão e aberração. O segredo atrás da porta, fechado a sete chaves, reserva surpresas e incita o banal. O convívio complexo de um jovem casal, compensado por carrões, presentes e locais luxuosos, mas desprovido da verdade e da sinceridade. O roteiro de Kelly Marcel deixa de fora passagens importantes do livro – quem leu sabe disso -, mas procura compensar com uma boa dosagem de erotismo, que atinge o âmago e provoca o bom senso.


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Cinza1No âmbito psicológico, nos deparamos com dois seres incompletos, que se buscam, mas que não se completam. Ambos não são metades, portanto, não formam a maçã. Há algo desconexo, um desencaixe que não permite a junção perfeita, pelo contrário. Ele, o empresário, se identifica como dominador. A jovem, ingênua e insegura, assume a condição de servil, mas paga caro por isso. No quarto do apartamento, o poder secreto do ímpio. Na verdade, “50 Tons de Cinza” não pode ser caracterizado romance, pois banaliza a ternura que ostenta o amor.

Sucesso nas livrarias

A trilogia “50 Tons de Cinza” bateu todos os recordes de vendagens nos Estados Unidos, desbancando o recorde alcançado pela saga “Harry Potter”. Um fenômeno literário que surpreende. E o mesmo vem acontecendo no cinema, com pessoas de todas as idades – acima dos 18 anos, claro -, que disputam um lugar para conferir a polêmica da trama, orçada em 10 milhões de dólares, quantia que Hollywood considera modesta, mediante as grandes produções.



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