Dólar a R$ 4,50. E daí?

Dólar a R$ 4,50. E daí?

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JAN/16 – pág. 31

romano

E daí que aqui é a América, mas existem mais de 100 outros mercados de câmbio para se estressar. O Brasil não é o único a fazer esse jogo com o câmbio, nem foi a primeira vez que isso aconteceu e, infelizmente, não será a última.


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Para quem está nos Estados Unidos há muito tempo, essa desvalorização não é novidade. A reação das pessoas que imigraram vai acabar sendo a mesma de outras vezes: o pessoal (que veio na base do R$ 2 para U$ 1) acaba vendendo o que pode e volta comprando muito mais com o dinheiro que trouxe. Acham que fizeram a escolha certa ao tirar o dinheiro quando estava supervalorizado e ficam felizes em voltar com caixa para recompor o que venderam ou guardaram. Não há nada de errado nisso se essa foi a opção ao vir para os Estados Unidos.

Porém, se veio buscando um país melhor para morar e tem certeza de que tem potencial para se instalar aqui, busque a alternativa de ficar que dará certo. Não canso de escrever sobre as oportunidades que existem aqui em todas as áreas técnicas e também não economizo nos exemplos de como ter assistência na hora de obter financiamento para abrir um negócio que seja gerador de empregos e impostos.

Entretanto, o que mais vejo são muitas pessoas chegando à procura de se estabelecer ganhando dinheiro na realização de negócios com outros brasileiros, seja com prestação de serviços ou venda de bens. Aconselho a olhar melhor para o mercado (pelo menos 30 a 40 vezes maior que o dos brasileiros), ainda mais agora que será mais difícil e raro.

O Fluxo Inverso

Logo, teremos o fluxo de desempregados brasileiros que virão procurar serviços braçais a $ 10 por hora, que se transformam em R$ 40 por hora no Brasil. Isso vai fazer com que muita gente venha buscar uma forma de viver barato e enviar dinheiro para a família comprar um imóvel no Brasil, dentre outras alternativas.

Quais são as alternativas?

Pelas razões já citadas e por ver este último ciclo de brasileiros que está chegando (e outros com vontade de mudar para cá), com um nível intelectual e econômico muito acima dos que vieram em outros ciclos migratórios anteriores, insisto em algumas das minhas premissas para poder dar certo na América.

O número de oportunidades está atrelado ao grau de educação e de experiência que o indivíduo tem. Aqui se compensa muito bem alguém atualizado tecnicamente. Independentemente da área em que atua ou em que setor é especializado, o técnico sempre possui superioridade salarial ou remuneratória.

Recentemente, vi em uma reportagem que um médico plantonista ganha no Brasil cerca de R$ 2,000 a 2,500 por um plantão de 24 horas em um hospital. Ora, isso hoje representa cerca de 100 reais por hora, ou seja, 25 dólares. Um enfermeiro iniciante ganha 45 dólares por hora. Então, por que não estudar enfermagem? A pessoa se estabelece aqui com quase o dobro do salário de um médico no Brasil. Um técnico em computação ganha o dobro disso, um expert em energia ganha o triplo e assim por diante. No mundo científico, há salários anuais na casa dos seis dígitos, assim como os CEO, CFO etc.

O que mais me chama a atenção é o medo que o nosso imigrante tem em enfrentar um banco de escola e fazer um curso de especialização. É mais cômodo realizar trabalhos secundários a enfrentar uma sala de aula onde só se fala inglês (com terminologia técnica) para obter um diploma ou uma licença. Dá muita tristeza e frustração ver que pessoas que já estudaram, diplomaram-se e trabalharam em cargos altos no Brasil não se submetam a enfrentar uma nova carreira ou aprimorar aquela em que se formou (por pura conveniência e falta de coragem).

Meu caso não foi muito diferente: quando fui fazer o MBA, aos 42 anos de idade, na FMU, encontrei um monte de jovens que moviam as teclas do computador somente com o olhar. Porém, em algum momento, a experiência valia mais que isso e, aos poucos, encontramos um equilíbrio da convivência entre a experiência e a juventude e o relacionamento ficou muito interessante. Por mais que achasse que sabia muito com duas faculdades e muitas especializações, havia muita coisa diferente e mais moderna para aprender. O efeito colateral disso foi a língua, o que eu aprendi foi suficiente para minha mudança de atitude e aprimoramento na língua inglesa, o que me fez perder o medo de me comunicar em inglês com qualquer tipo de profissional americano. Valeu realmente mais que o próprio curso.

CARREIRA OU NEGÓCIO

Neste momento, há uma forte demanda por serviços nos Estados Unidos, tanto na área de tecnologia quanto na de saúde. Não importa a forma como se é contratado, importa que os serviços sejam prestados e remunerados. Portanto, não custa abrir uma empresa de prestação de serviços e ser remunerado por assessoria, consultoria, serviços específicos etc. Pode ser, ainda, na forma de vínculo empregatício com contrato por tempo limitado. O importante é que se você está sendo contratado é porque tem qualidades. Se o seu desempenho for favorável e suficiente, você será muito mais requisitado graças as suas qualidades.

O que o frustrará é abrir um posto de gasolina às 5 horas da manhã e ganhar menos do que aquele enfermeiro a que me referi. Essa mudança de atitude deve ser considerada.


Antonio Romano
www.atlanticexpress4.com
antonioromano@gmail.com



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