Cônsul-Geral do Brasil em Orlando’ fala de novas diretrizes e alerta Comunidade

O Cônsul-Geral, João Lucas Quental, fala de suas atividades à frente do “Consulado-Geral do Brasil em Orlando”, que completa três anos. Aborda o posicionamento consular com as novas leis de imigração e traz informações de alerta à Comunidade

Walther Alvarenga

Um relevante passo alcançado pelo “Consulado-Geral do Brasil em Orlando” demarca o seu terceiro ano de atividades junto à comunidade brasileira em Orlando e região – atuou por um ano como vice-Consulado –, com prestação de serviços que tem beneficiado os cidadãos no dia a dia. Sob o comando do Cônsul-Geral, João Lucas Quental Novaes de Almeida, emissão de passaportes, registros civis e procurações – assistência emergencial, incluindo turistas –, atingem um patamar privilegiado, de até dois mil atendimentos ao mês, meta considerada “bem sucedida” com o crescimento da população brasileira na Flórida. 


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Em entrevista exclusiva ao “Nossa Gente”, João Lucas, Cônsul-Geral, fala do projeto de expansão do Consulado, com novos membros na equipe para aprimorar o atendimento. Relata a posição consular diante das novas leis de imigração, abordando os temas: “Consulado Itinerante”, educação e investidores. A avaliação de sua atuação à frente da representação brasileira.

Jornal Nossa Gente – Nesses três anos de prestação de serviços aos brasileiros em Orlando e região, como o senhor avalia os trabalhos realizados pelo Consulado, mediante ao crescimento expressivo da Comunidade?

João Lucas Quental – Posso dizer, com satisfação, pois nesses dois anos como Consulado-Geral, e um ano como vice-Consulado, atingimos metas relevantes no atendimento, acompanhando o contingente de brasileiros em Orlando e cidades da região. Em 2023, por exemplo, o nosso atendimento mensal gerava em torno de 650 serviços. Já em 2024, passamos a atender 1.300 pessoas ao mês. E neste ano de 2025, até o momento, temos realizado dois mil serviços ao mês. É um leque de atividades que vai se ampliando. E com a emissão de passaportes e matrícula consular, os nossos serviços aumentaram. Também concedemos o visto brasileiro para americanos.

JNG – Na questão do visto brasileiro para americanos, há exigências? Pode acontecer de um solicitante ter o visto negado? Quais os procedimentos?

JLQ – O processo do visto brasileiro para americanos é online. É um visto eletrônico, mas evidente que avaliamos se o solicitante não tem um histórico de violência ou algo que comprometa a sua reputação, e coloque o Brasil em risco. Checamos se não há registro criminal. Também verificamos se a pessoa não tem nacionalidade brasileira. Caso algo traga ameaça, o Consulado pode interferir.

JNG – Com a crescente demanda de brasileiros na Flórida Central, o Consulado tem metas de expansão, ou seja, adquirir novos espaços?

JLQ – Sim, essa é a nossa proposta. Inclusive, já enviamos uma solicitação à Brasília, comunicando sobre a necessidade de ampliação de nossos espaços. Queremos melhorar o nosso atendimento, ter novos membros na equipe. A nossa proposta, no momento, está sendo avaliada em Brasília. E mesmo dispondo de uma equipe pequena, os nossos serviços têm sido ágeis e precisos. Comparado aos demais Consulados, somos a menor equipe, mas temos trabalhado com rapidez. Às vezes ocorrem alguns atrasos, principalmente na emissão de passaportes, mas pedimos a compreensão de todos, pedimos para não deixarem para última hora. Com a demanda de solicitações, hoje o nosso prazo para a entrega do passaporte é de noventa dias.

JNG – No âmbito geral, o senhor considera satisfatória a sua atuação à frente do Consulado-Geral do Brasil em Orlando?

JLQ – Sim, o nosso objetivo, posso dizer, foi atingido. O Consulado é hoje reconhecido e muito bem recebido pelos brasileiros. Conseguimos atingir o objetivo de ser um aliado da comunidade. Somos o Consulado responsável por uma das populações de brasileiros mais importantes do mundo. Somos o quinto Consulado entre os dez mais importantes dos Estados Unidos. Atendemos a população brasileira do Centro e norte da Flórida.  

 JNG – E quanto ao Consulado Itinerante, alguma previsão para as próximas semanas ou meses?

JLQ – Só conseguimos realizar dois ‘Consulado Itinerante’ no ano passado, em Tampa e Jacksonville. Este ano, com a sobrecarga de atendimentos, estamos concentrando as nossas atenções em Orlando. Ainda não há uma previsão para deslocar a nossa equipe para outras cidades. No momento oportuno, vamos emitir um comunicado.

JNG – As novas leis de imigração, principalmente na Flórida, têm preocupado e atingido brasileiros, sem documentos. Qual a posição do Consulado em tempos tão difíceis?

JLQ – Recomendamos que o brasileiro tenha o seu documento atualizado, e aqueles que têm filhos, os registrem no Consulado. Evidente que são leis federais e o Consulado não pode intervir, mas procuramos orientar os brasileiros para evitar situações que possam comprometê-los. Uma das missões do Consulado é apoiar os brasileiros detidos, no caso da ação do ICE. Em Orlando, não há um centro de detenção para imigrantes, e os detidos são levados para as delegacias, depois encaminhados para Miami ou Texas.

JNG – O Consulado de Orlando pode visitar um brasileiro na prisão para avaliar as suas condições de atendimento?

JLQ – Recebemos telefonemas de familiares, querendo notícias de seu familiar, e o que fazemos é dar o máximo de informações, pois temos acesso ao ‘Banco de Dados do ICE’, então podemos verificar se a pessoa foi deportada, sobre o seu histórico. Não temos acesso às prisões, mas outros Consulados o fazem. Podem visitar um brasileiro na prisão e saber das suas condições de atendimento.

JNG – Em Nova York, uma importante Festa Junina, realizada na cidade de Mount Vernon, foi cancelada, temendo a abordagem do ICE. Em Orlando, houve o cancelamento de eventos com brasileiros?

JLQ – Não tenho esse conhecimento. Desconheço que algum evento tenha sido cancelado em Orlando. Este ano, por exemplo, tivemos importantes acontecimentos com brasileiros, e posso destacar a ‘Expo-Brazil’, que reúne investidores brasileiros, mobilizando a nossa comunidade. Eventos brasileiros não foram cancelados por aqui até o momento.

JNG – A Flórida tem sido alvo de investidas do ICE, paralisando algumas obras na construção civil e mesmo na agricultura. O Consulado, por exemplo, recebe avisos sobre uma possível abordagem?

JLQ – O governo do Estado está cooperando com as autoridades federais, inclusive, as chamadas ‘cidades santuários’ não funcionam na prática. E o que acontece na Flórida, ocorre em outras regiões. Não temos recebido qualquer tipo de aviso nessa questão, mesmo porque, eles não têm a obrigação de nos informar. Acompanhamos os fatos via imprensa.

JNG – Com as mudanças nas leis de imigração, isso afeta os investidores brasileiros? Estão reticentes quanto a futuros investimentos?  

JLQ – O Brasil está entre os principais investidores do país. Ocupamos a décima terceira posição entre os investidores mais importantes. Temos empresários relevantes, e isso representa um peso significativo no mercado de investimentos. Até aqui, não houve mudanças e muitas empresas querem abrir filiais na Flórida, aquecendo o mercado. Evidente que os investidores estão mais cautelosos, avaliando melhor as futuras negociações.

JNG – Outro ponto preocupante, no momento, é a Educação. Principalmente para os estudantes estrangeiros que visam ingressar em universidades da Flórida.

JLQ – O governo da Flórida tem tomado medidas para dificultar imigrantes que queiram estudar nas universidades do estado. O aluno estrangeiro que não tem a sua documentação regularizada terá que pagar um pouco mais caro. Terá que encarar um valor mais alto. O governo Trump tinha suspendido o visto para estudantes estrangeiros, mas reconsiderou com uma ressalva: verificar o histórico do estudante, antes de lhe conceder um visto. E, caso haja ameaça ao país, com envolvimento político, entre outras questões impeditivas, o visto será negado. A Flórida tem hoje entre mil e quinhentos, a dois mil universitários. Isso representa cerca de quinze por cento dos brasileiros. É um número muito grande de estudantes. Estamos acompanhando, e tudo indica que haverá um grande impacto no segundo semestre.

JNG – Finalizando, alguma mensagem ou alerta em especial?

JLQ – Dizer aos brasileiros para cuidarem da documentação, e façam os registros dos filhos no Consulado para evitar futuros transtornos. Outro detalhe: evitem marcar passagem aérea sem antes consultar a data de validade do passaporte. Têm pessoas que não verificam a data de validade e acabam comprometendo a viagem. Como eu disse, e reforço, o contingente de brasileiros é muito grande, e um passaporte que antes emitíamos em apenas duas semanas, hoje leva noventa dias. Façam seus compromissos com antecedência e não deixem para resolver de última hora. Planejar é o essencial.  

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