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Tudo poderia ser evitado: morte de jovem brasileiro Roger Thomé Trindade e julgamento de adolescentes envolvidos
A morte do adolescente brasileiro Roger Thomé Trindade, aos 15 anos, e o julgamento dos jovens assassinos abre precedente questionável. O diálogo entre pais e filhos pode evitar tragédias? O distanciamento dos pais não seria a ponta do iceberg?
Edição de maio/2018 – pág. 10
Tudo poderia ser evitado: morte de jovem brasileiro Roger Thomé Trindade e julgamento de adolescentes envolvidos
O julgamento dos adolescentes americanos Jesse Sutherland e Simeon Hall, acusados de assassinar o também adolescente, o brasileiro Roger Thomé Trindade, em outubro de 2016, demarca lamentável episódio de violência e irresponsabilidade –, de se fazer justiça com as próprias mãos. À fatalidade interrompeu sonhos e comprometeu o futuro de três jovens que hoje estariam pleiteando espaço no mercado de trabalho, estudando – caso o mal tivesse sido contornado. No entanto, à realidade sombria, sem perspectivas, os deixa relegados à incerteza, resultado do ato de imprudência. Roger foi vítima da animosidade, e os assassinos, evidente, respondem judicialmente pelo ocorrido. Mas fica uma questão muito discutível: o distanciamento dos pais nas atividades dos filhos no dia a dia, devido ao excesso de trabalho, de agendas abarrotadas de reuniões, não seria a ponta do iceberg? O “abismo” entre pais e filhos pode causar estragos irreparáveis e consequência lastimável.
Normalmente, o filho fica trancado no quarto, absorto em seu mundo particular – fone de ouvidos, sites e Facebook –, o que erradamente tranquiliza os pais por acreditarem que é melhor estar em casa do que na rua. Todos se esquecem de que a Internet é território movediço – obvio que benéfica em muitos aspectos – entretanto, uma cilada em inúmeras outras situações. E nessa relação sem diálogo, com respostas monossílabas, o “home sweet home” se transforma em plataforma de reivindicações: quando algo incomoda o filho, pai e mãe o socorrem. Basta reclamar que o pedido é prontamente atendido. Tudo certo, mas o afeto e a verdade? Resolver, presentear, mimar simplesmente, não edifica o caráter, dizem estudiosos sobre adolescência.
Talvez o ódio extravasado pelos adolescentes, Jesse Sutherland e Simeon Hall, quando agrediam fisicamente o indefeso Roger Thomé, provocando a sua morte, nutrisse em cada um deles o nefasto poder de controle. Faltou complacência, mas isso estava bem longe da compreensão de garotos irados. A recomendação de um pai e o alerta de uma mãe, é fundamental nessa hora. Palavras exercem funções determinantes, e, provavelmente o caos poderia ter sido evitado.
Infelizmente há os que justificam a falta de controle sobre os filhos, utilizando-se do termo “aborrecente” – certamente você ouviu alguém dizer isso. Uma necessidade de não se sentir culpado. Na verdade, a comunicação com adolescentes é tarefa desafiadora. A tendência é achar que essa dificuldade é culpa da sociedade moderna, da tecnologia e dos celulares, mas basta que alguém se lembre da própria adolescência para perceber que alguns aspectos já estavam presentes. Principalmente a falta de conversa entre pais e filhos.
Eximir-se da culpa ou tentar encontrar o “carrasco” das circunstâncias, não é tarefa atribuída quem quer que seja, acredite. Entretanto, prestar atenção no filho adolescente, participar das suas aspirações e mostrar-se presente no seu dia a dia, é um benefício emocional e estrutural imprescindível. Com certeza, outros Rogers não serão reféns da intolerância. Não teremos mais que nos depararmos com garotos algemados, de olhar enigmático porque lesou família, destruiu a perspectiva do colega e colocou grades a volta de si mesmo. O excesso de liberdade, da falta de consenso, tem seu preço.
Comprometimento com os filhos
Todo pai, toda mãe devem olhar pelos filhos com comprometimento, principalmente em um país como os EUA. Conversar, observar e perceber quando precisam de algo muito mais forte do que o bem material. A adolescência é uma fase de transição, cheia de riscos, questionamentos e angústia. A boa comunicação entre pais e filhos neste período é essencial para dar segurança e para que ele possa lidar de uma forma mais responsável e tranquila com todas essas mudanças e pressões.
A interatividade entre pais e filhos é primordial. A porta do quarto trancada, o som alto ou mesmo o silencio pode significar um pedido de socorro. Lembrando a frase dramática: Por favor, alguém pode se importar comigo? Outro detalhe: deixar de criticar é o primeiro passo, o segundo é fazer um esforço para ver valor no que seu filho gosta. Os adolescentes reivindicam voz e ouvidos aos seus apelos, os pais, por sua vez, às vezes ignoram ou não observam essas reações e acabam por usar da autoridade e experiência de vida como forma de “controlar” ou “combater” as ações de rebeldia do jovem.
Em contrapartida, não é tarefa fácil para os pais lidar com relação tão delicada, principalmente no que se refere à busca por liberdade dos filhos, o que pode desencadear surpresas nada agradáveis, como ocorre na maioria dos casos. O médico especialista em adolescentes, Dr. Paulo César Pinho Ribeiro, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, alerta o seguinte: “Talvez as dificuldades da vida futura e do mercado de trabalho, por exemplo, levem o jovem a uma situação de viver o prazer imediato. Daí a busca pela bebida, pela droga, pelo sexo e tudo o mais no sentido de se aproveitar a vida”.
Jesse Sutherland e Simeon Hall estão presos e vão responder pelo crime que cometeram. Roger Thomé Trindade perdeu a vida aos 15 anos, causando o inconformismo dos pais. Três garotos e suas respectivas famílias que amargam na dor e no arrependimento por culpa do gesto impulsivo, que apagou do caminho de cada um deles todas as chances de prosperidade. Tudo poderia ser evitado: morte e o julgamento dos adolescentes. O futuro dos meninos que assassinaram se diluiu.
Aos pais com filhos adolescentes nos EUA, cuidado. Estejam vigilantes e presentes. Lembrando as palavras do pensador Khalil Gibran: “Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe”. Detalhe: sem se desviar da meta.