O poder da vela

O poder da vela

Maior medalhista olímpico brasileiro, Robert Scheidt quer que sua sexta medalha seja a terceira de ouro

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

jogoscariocas@gmail.com

Robert Scheidt – Foto: Pedro Martinez/Sailing Energy/ISAF
Robert Scheidt – Foto: Pedro Martinez/Sailing Energy/ISAF

Quando se fala das esperanças brasileiras para as Olimpíadas do Rio, Robert Scheidt é nome certo. O velejador paulistano participou das últimas cinco Olimpíadas e trouxe uma medalha de cada – é o maior medalhista olímpico brasileiro, empatado com o também velejador Torben Grael, atual técnico-chefe da seleção brasileira de vela. Na Laser, foi ouro em Atlanta 1996, prata em Sidney 2000, e ouro em Atenas 2004. Na Star, levou a prata em Pequim 2008 e bronze em Londres 2012. Como a classe Star não estará nos Jogos de 2016, retornou à Laser e foi novamente campeão mundial em 2013 – já havia conquistado dez mundiais pela Laser, entre 1991 e 2005, e três pela Star, entre 2007 e 2012. “A Star é muito técnica, agrega conhecimento sobre vela, sobre mastro e o entrosamento com o proeiro é essencial. A Laser é mais física, exige preparo. É mais simples e depende mais da intuição do velejador. Como costumo dizer, um velejador de Laser está preparado para qualquer outra classe”, compara.


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Aos 42 anos, Sheidt acredita que as Olimpíadas de 2016 sejam as suas últimas como velejador. E não esconde seus planos para encerrar a trajetória olímpica. “Receber uma medalha olímpica, principalmente o ouro, é um momento único na vida de qualquer atleta, inesquecível”, relembra o bicampeão olímpico.

Jogos Cariocas – Como se aproximou da vela?

Robert Scheidt – Meu pai praticou muitos esportes e fez questão de ensiná-los aos filhos. Meu irmão foi campeão mundial da classe Pinguim e minha irmã também velejou. Comecei a velejar aos nove anos, no Optimist. Tínhamos um grupo de crianças com muitos amigos e eu ia velejar pela farra. Aos poucos, começamos a correr regatas. Aos 11 anos, venci o Sul-Americano de Optimist, no Chile. E no ano seguinte fui bi. Daí, tomei gosto pela coisa e comecei a levar a vela como profissão. É também o meu prazer. Velejar é uma ótima forma de se manter saudável, em contato com a natureza e com você mesmo.

Jogos Cariocas – Como é a sua rotina de treinos?

Robert Scheidt – Treino a maior parte do ano em Garda, na Itália, onde moro com minha família. Tenho feito um trabalho forte de musculação e fisioterapia, focado mais em prevenir lesões. Já não sou tão jovem para a classe Laser. Além do tempo que passo na água, velejando, faço exercícios aeróbicos e musculação, mais para aumentar a resistência e não para ganhar massa muscular, como na Star.

Jogos Cariocas – Como encarou a saída da classe Star das Olimpíadas?

Robert Scheidt – A Isaf (Federação Internacional de Vela) se contradiz ao dizer que quer uma diversidade de biótipos. A Star atende ao que eles querem. Fora a classe Finn, é o único barco em que alguém com mais de 85 kg pode velejar. Outro fator é a tradição da Star no Brasil, com Torben e Lars Grael, Gastão Brun e tantos outros excelentes velejadores. Não ter a Star no Rio é algo muito triste.

Jogos Cariocas – Como estão suas chances para as Olimpíadas de 2016?

Robert Scheidt – Meu foco é me preparar para atingir o auge da minha forma física e do nível técnico durante os Jogos, para ter chances de brigar por medalha. Nas Olimpíadas, é uma semana para definir um trabalho de quatro anos. Como já passei por isso algumas vezes, estou acostumado a lidar, mas a ansiedade sempre existe.

Jogos Cariocas – O fato de estar “em casa” pode representar uma vantagem para os atletas brasileiros? Ou será que pode atrapalhar?

Robert Scheidt – Essa vantagem dos brasileiros tende a diminuir conforme vão se aproximando os Jogos. Muitos estrangeiros têm passado longas temporadas no Rio, estudando as condições climáticas, do mar. E as raias olímpicas têm condições bem variadas, com locais dentro e fora da Baía de Guanabara, o que vai exigir uma grande versatilidade dos velejadores. Sem dúvida, o apoio da torcida brasileira dará uma emoção a mais para o evento.

Jogos Cariocas – Apesar de ser o maior medalhista olímpico brasileiro, junto com o Torben Grael, você aparece pouco na mídia. A baixa visibilidade da vela no Brasil ainda incomoda os velejadores de ponta?

Robert Scheidt – A vela é pouco divulgada porque o acesso do público é restrito. Isso acaba fazendo com que se perca um pouco o interesse. As regatas normalmente são disputadas longe da costa. A gente só entra em contato com os torcedores antes e depois das regatas. Nas Olimpíadas é diferente, a proximidade com o público é maior. E isso conta muito.

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