O ensino de Jesus é realizável?

O ensino de Jesus é realizável?

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MAR/15 -pág. 50

“Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos tem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam”. (Mateus, Cap 5, v:44)

momento_espiritual

Como realizar, no cotidiano, o que Jesus nos recomenda? Algumas pessoas conseguem, pelo menos num percentual expressivo, vivenciar este e outros ensinamentos do Cristo. Mas o comum da humanidade ainda está longe de aplicar tais recomendações.


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É necessário a transformação. É urgente afeiçoarmos nossas vidas aos ensinos do Mestre, mas a vida nos mostra que não se consegue isto, de um momento para outro. Como ocorre a mudança? Primeiro temos a necessidade de nos informar, conhecer o ensino, assimilar a lição. Em segundo lugar, precisamos trabalhar nossos conteúdos individuais (e cada um está num determinado patamar evolutivo). É a questão do autodescobrimento, do conhecer-se a si mesmo. Como estou me comportando? Qual a reação que provoco nos outros? O fato é que precisamos trabalhar o nosso mundo íntimo e buscar identificar nossas incoerências, as dificuldades que experimentamos para mudar o comportamento. Em terceiro lugar vem a prática, a aplicação no viver diário daquilo que já se aceitou teoricamente.

O importante nesse esforço de transformação é sermos exigente conosco, e não com os outros. Não vale nos constituirmos em críticos da conduta alheia, pois criticar, dizer como se deve fazer é fácil. Exemplificar, vivenciar na própria conduta aquilo que se cobra dos outros é difícil, e é o que importa.

Há alguns dias encontramos um amigo que, após informar ter se afastado da casa espírita onde trabalhava, teceu duras críticas aos espíritas. As pessoas que trabalhavam na sua ex-casa espírita eram incoerentes, falsas, e até mesmo hipócritas, etc. E se dizia decepcionado com os ex-companheiros, frustrado em seus propósitos.

Humberto de Campos, pela psicografia de Chico Xavier, conta o caso de alguém que comemorava 15 anos de Espiritismo. Para celebrar a data, procurou uma reunião mediúnica, numa casa espírita conhecida, para ouvir algum amigo espiritual. Veio o guia, e após a saudação perguntou-lhe onde estava trabalhando. O cidadão informou que não estava engajado em nenhuma tarefa. O mentor espiritual passou a indagar-lhe pelos núcleos de trabalho por onde havia passado e ele respondeu que do primeiro, se afastara por intrigas; no segundo não deu continuidade à tarefa porque a direção da casa era muito centralizadora; no terceiro também não pode permanecer porque as pessoas que ali trabalhavam eram muito imperfeitas, cheias de problemas pessoais, etc. Assim, até aquele momento, não havia encontrado local ideal para dar sua contribuição. Pediu ao guia orientação. O amigo espiritual lhe fez várias sugestões, todas rejeitadas porque os integrantes das Casas sugeridas, seus conhecidos, no seu entender, não lhe serviam para companheiros. O mentor concluiu: Então o amigo volte a nos procurar quando tiver um par de asas… A pessoa exigia que os outros fossem santos, esquecida de que ela também era imperfeita.

É claro que precisamos trabalhar forte por essa coerência, mas exigir que se realize, no aqui e agora, tudo o que Jesus ensinou nos parece um equívoco. O Espiritismo nos ensina que todos somos criados iguais, simples e ignorantes, com um potencial. Deus nos deu a cada um uma missão com o fim de nos esclarecer e progressivamente chegarmos à perfeição. Para se compreender melhor essa jornada evolutiva, é preciso estudar o capítulo III, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, onde Kardec registra: A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e de provas, e é por isso que nela o homem está exposto a tantas misérias”. O estudo desse capítulo, junto com as questões de n.° 100 e seguintes de “O Livro dos Espíritos”, onde é feita uma escala espírita, dividindo-se os Espíritos em três ordens e dez classes, nos leva a compreender onde nos achamos na referida escala. A jornada evolutiva é quase infinita. Se o Espírito está no degrau número vinte, certamente não conseguirá, a golpe de instantaneidade, passar para o de número duzentos, e assim por diante. Temos que subir a escada degrau a degrau, e feliz de quem aproveitar o tempo no aprendizado e no trabalho para subi-la o mais rapidamente possível.

Os ensinos de Jesus são realizáveis, porém não integralmente de imediato. “O Espiritismo em nós”, significa que o Espiritismo mostra-nos que não podemos nos tornar anjos, em poucos anos. Mas devemos e podemos viver, visando o ideal da melhoria constante, dentro das nossas possibilidades reais, as quais costumamos subestimar.”

José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE



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