Enfermeira brasileira relata luta pela vida em Hospital de Nova York contra coronavírus

 

Andrea Trindade, enfermeira padrão, trabalha na linha de frente no combate da Covid-19

 

A entrevista com a brasileira Andrea Trindade – enfermeira padrão do “Stanford Hospital”, na cidade de Stanford, em Nova York – aconteceu em raro momento de sua folga. Ela trabalha na linha de frente no atendimento aos pacientes infectados pela Covid-19 e relata sobre a árdua luta diária pela vida

Da Redação


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“Lidamos com a doença todos os dias, mas como enfermeira, a primeira vez que vi um paciente morrer, vítima de coronavírus, foi assustador. Era um homem de 56 anos, que não conseguiu superar a doença, foi chocante! Um vírus letal, facilmente transmissível e todas as pessoas são suscetíveis. Foi quando disse para mim mesma: Essa coisa é real”, relata a brasileira, Andrea Trindade, enfermeira padrão em Nova York.

Andrea é enfermeira padrão do “Stanford Hospital”, na cidade de Stanford, em Nova York, e trabalha na linha de frente no atendimento aos pacientes com a Covid-19. Uma batalha diária pela vida, com horas exaustivas de labuta, entrando em quartos e na Unidade de Terapia Intensiva, munida dos  aparatos de proteção – luvas, máscaras, óculos, respirador N-95 –, com a missão de socorrer aqueles que lutam bravamente pela sobrevivência.

“Trabalho no sistema de saúde dos Estados Unidos – desde 2007 –, quando  fiz faculdade de Enfermagem em Nova York e abracei a profissão. Estou há vinte anos nos Estados Unidos e nunca tinha visto algo assim. Tivemos o vírus H1N1, que preocupou as autoridades de saúde na ocasião, mas o que está acontecendo hoje é muito mais preocupante. Estamos lidando com um inimigo invisível, que contamina pessoas com rapidez  impressionante. E nem mesmo na época em que surgiu o vírus da Aids a situação teve descontrole porque era uma contaminação através do relacionamento íntimo entre pessoas. O coronavírus contamina pela respiração, no contato com superfícies contaminadas”, enfatiza Andrea.

Quanto ao perfil do paciente com consequências mais drásticas – chegando a óbito – ao contrair a Covid-19, disse à enfermeira que são idosos portadores de doenças crônicas – diabetes, hipertensão, asma –; pessoas acima dos sessenta anos, as mais propícias a ter complicações. “Mas têm  jovens, que não tinham histórico médico, que contraíram a doença e tiveram complicações”, explica.

Indagada sobre a morte de médicos e enfermeiros, que atuavam na linha de frente no combate a Covid-19, nos hospitais de Nova York, Andrea lamentou o ocorrido e disse que, “graças a Deus não houve mortes no meu campo de trabalho. E os profissionais que se contaminaram com a doença conseguiram se recuperar. Evidente que enfermeiros e o pessoal da área técnica que se contaminaram em hospitais vieram a óbito. O perigo de contaminação existe, mas temos usados todos os aparatos para evitar a contaminação, principalmente quando lidamos com pacientes entubados. Todo procedimento de cuidados por parte do profissional, também pela segurança do paciente, são essenciais”.

Ao questionar Andrea Trindade sobre o medo – se sente medo ao lidar todos os dias com pessoas infectadas por um vírus letal, que já matou pessoas em todo o mundo –, a resposta foi objetiva: “Tenho medo pela vida dos familiares, das pessoas do meu círculo de amizade. É assustador, mas tenho que fazer o meu melhor para ajudar aquelas pessoas que precisam do meu trabalho em momento tão difícil. Vi muitas pessoas morrerem, mas a missão tem que seguir em frente”, ressalta.

“Mas há o momento gratificante em tudo isso, quando o paciente que você cuidou se recupera e volta para o convívio da família. É aquele instante em que toda equipe se reúne no corredor do hospital e o aplaude quando ele tem alta. Lutou bravamente e superou a doença”, fala com emoção. “E tem uma música que se tornou o símbolo da esperança para os pacientes no hospital, e a cantamos quando um paciente recebe alta médica – He Comes Sun”, Andrea canta a estrofe da canção.

E quanto aos cuidados pessoais – de higienização ao deixar o hospital –, relata a enfermeira padrão que, “quando chego em casa tiro os sapatos, as roupas e vou direto para o banho. É um procedimento de todos os dias, de lavar as mãos sempre, verificar o equipamento de uso. Temos de ter o máximo cuidado para evitar a contaminação”, conta.

“É importante que as pessoas façam a sua parte e evitem aglomerações. As pessoas se sentem incomodadas em ficar em casa, obedecer aos procedimentos de restrições orientados pelas autoridades de saúde, mas é imprescindível para o bem de todos. A Covid-19 é uma realidade e precisamos ter os cuidados necessários porque evita colapsar o sistema de saúde, o que pode ser fatal”, alerta Andrea.

Casamento adiado

Noiva e com casamento marcado para o mês de agosto, conta Andrea – natural da cidade de Barretos, interior de São Paulo -, que o enlace matrimonial foi cancelado pelos organizadores do local onde ocorreria o evento, em virtude da Covid-19. “Ainda não marcamos uma nova data para o casamento, mas temos de esperar. Enquanto isso há muito trabalho pela frente”, finaliza a enfermeira, quando é chamada para voltar ao atendimento. “Olha, me desculpa, mas preciso ir. Estão solicitando a minha presença. Hora de voltar ao trabalho!”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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