OUT/12 – pág. 55
Sabiam que há quatro formas de comunicação verbal? Passiva, Agressiva, Passivo-Agressiva e Assertiva.
Com qual você identifica-se mais?
1 – Passiva
Quem tem esta tendência de comunicação, tem dificuldade em dizer o que pensa e o que quer. Por exemplo: o amigo sugere irem comer no M.’s (um restaurante da preferência do amigo) e a comunicadora passiva diz que sim, embora esteja pensando em outro restaurante diferente porque não gosta de ir ao M.’s. Essa comunicadora não logra obter os seus objetivos, nem os do amigo, pois, sem que ele saiba, ela não vai estar satisfeita. É uma comunicação insuficiente e injusta para ambos, talvez devido ao fato de que a comunicadora se sente intimidada, ao destoar, ou pouco à vontade, não querendo incomodar ninguém. O pior é que, em geral, esse tipo de comunicação é generalizado e contribui para o estresse, cansaço e insatisfação social e emocional, podendo até chegar a ter consequências graves. Lembro-me, por exemplo, de um casal que veio pedir ajuda. Infelizmente, tarde demais. Foram anos de casamento em que a esposa era passiva e o esposo agressivo. Depois de anos e anos “engolindo,” quando, finalmente, ela falou clara e abertamente o que pensava, ele ficou admirado e chocado, dizendo: “Eu não tinha a mínima ideia!” E rogava-lhe para que ela lhe desse outra chance. Mas, a esta altura, ela já estava de “saco cheio” e tinha planos sólidos de terminar o casamento. Não deixe chegar a sua situação a esse ponto.
2 – Agressiva
A pessoa adepta a esta maneira de comunicação, fala com agressividade, tanto verbal, quanto emocional, às vezes, física. Seria o caso da convidada (mencionada acima) responder com palavras feias ou sugerir que o amigo não tem gosto e que devia escolher um restaurante no nível dela, por exemplo. Esta comunicação também não é positiva, pois as pessoas ficam com sabor amargo na boca.
3 – Passivo-agressiva
Comunicação muito comum a irmãos do meio, em famílias grandes: os maiores eram os mais poderosos; os pequeninos, também poderosos, com todas as atenções voltadas para eles; os do meio tinham que “roubar” o biscoito às escondidas ou calar-se, senão apanhavam! Os comunicadores “passivo-agressivos” têm comunicação indireta, sarcástica ou pouco amiga. Por exemplo, eu sou convidada para o tal restaurante, digo que sim embora ele não me agrade. Quando é hora de pedir a comida, digo que não tenho fome. Ou quando estou aborrecida com o meu marido, em vez de me expressar claramente, queimo sua torrada. Esse tipo de situação requer uma introspecção e um reconhecer de que há, de fato, coisas que se acumularam e precisam de uma boa conversa (um tema de cada vez!).
4 – Assertiva
Esta comunicação é direta, clara e a mais provável de trazer frutos para ambos. Assim como na escola aprendemos diversas fórmulas para matemática ou físico-química, também existe uma fórmula na comunicação que poderá ajudar nos momentos difíceis: “Eu me sinto…”, “Quando você…”, “E eu gostaria…”.
É uma fórmula que se pode aplicar a tudo e a todos, mas exige o seguinte:
- seja específico (quando me convida, e.g. e não nunca/sempre etc.);
- não confunda sentimentos com pensamentos (por exemplo: “Eu me sinto triste/sozinho/ciumento” e não “Eu sinto que você é um irresponsável”);
- procure utilizar esta comunicação clara no momento adequado (sem interrupções e quando a pessoa estiver pronta para ouvir; nunca durante o seu jogo favorito ou quando estão muito cansados, com fome ou dor de cabeça. Acertem a melhor hora e melhor dia para se falarem).
O caso do exemplo inicial seria assim:
“Eu me sinto desgostada com o M.’s. Quando você me convida para comer lá, eu gostaria que fôssemos antes ao (o nome de um lugar de sua preferência)”. Se essa conversa já aconteceu duas ou três vezes, a convidada pode adicionar uma última frase à fórmula:
“Eu me sinto…”; “Quando você…”; “Eu gostaria…”; “Senão…”.
É um tipo de ultimato. Deve também ser específico e algo que está disposto a cumprir. É útil quando o originador da conversa não dá ouvidos à pessoa que utiliza a fórmula inicial há algum tempo. Nesse caso, seria assim:
“Eu me sinto desgostada com o M.’s”, quando você me convida para lá…”;
“Eu gostaria que fôssemos a outro lugar, se possível”;
“Senão é melhor comermos separadamente daqui em diante”.
Espero que ajude!
Rosario Ortigao, LMHC, MAC
Conselheira de Saúde Mental
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