Civilização e reino de Deus

Civilização e reino de Deus

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JUN/2015 -pág. 50

“Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com aparências exteriores” (Lucas, 17:20)

momento_espiritual

Não se pode negar o grande progresso da ciência e da tecnologia (esta como consequência daquela). Esse progresso superou, e muito, os inventores e idealistas de algumas décadas atrás, que sonhavam conseguir meios de comunicação e de transportes mais eficientes, e mais rápidos para todos. O automóvel, o avião, as viagens espaciais, em tempo relativamente pequeno, realizaram feitos muito além do que sonhavam os mais otimistas dos seus idealizadores. Nas diversas outras áreas da atividade humana, como na medicina, os inventos de máquinas e utensílios para o trabalho doméstico, na indústria, e nas atividades rurais, também experimentaram o mesmo progresso. Entretanto, apesar de todos esses avanços e descobertas, o ser humano da atualidade parece não viver mais feliz, nem melhor, do que o seu antepassado. Como entender o fenômeno?


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No Livro dos Espíritos, questão 793, Allan Kardec pergunta: “Por que sinal se pode reconhecer uma civilização completa?” Resposta: “Vós a reconhecereis pelo desenvolvimento moral, Acreditais estar muito adiantados por terdes feito grandes descobertas e invenções maravilhosas; porque estais melhor instalados e melhor vestidos que os vossos selvagens; mas só tereis verdadeiramente o direito de vos dizer civilizados quando houverdes banido da vossa sociedade os vícios que a desonram e quando passardes a viver como irmãos, praticando a caridade cristã. Até esse momento não sereis mais do que povos esclarecidos, só tendo percorrido a primeira fase da civilização”. Allan Kardec em comentário à resposta citada considera que “a civilização tem os seus graus, como todas as coisas, Uma civilização incompleta é um estado de transição que engendra males especiais, desconhecidos no estado primitivo, mas nem por isso deixa de constituir um progresso natural, necessário, que leva consigo mesmo o remédio para aqueles males. À medida que a civilização se aperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males que engendrou, e esses males desaparecerão com o progresso moral”.

A resposta esclarece bem a questão. Progredimos em determinados aspectos, mas ainda não realizamos o mesmo progresso no que se refere ao conhecimento sobre nós mesmos, e como nos relacionar uns com os outros. Ainda não nos conscientizamos que somos todos irmãos, filhos de um mesmo Pai, e que para sermos verdadeiramente civilizados e felizes precisamos nos respeitar mutuamente, cooperarmos pelo bem comum, destruindo o egoísmo e o orgulho que ainda nos dominam. Somos, pois, uma civilização incompleta. Evoluímos em parte, mas ainda não compreendemos que o mais importante é o próprio ser humano, Espírito imortal, temporariamente no plano físico em busca do seu próprio desenvolvimento. Como, disse alguém, o homem conhece mais o átomo do que a si próprio.

O Espiritismo considera de fundamental importância, para o progresso moral da humanidade, resgatar os ensinos de Jesus, em sua pureza e simplicidade primitivas. “Durante os dois mil anos que se seguiram à morte do Mestre e ao Cristianismo Primitivo, a Igreja procedeu, através de sínodos e concílios, a acréscimos de tal magnitude, que acabaram por desfigurar a doutrina original. Ela incorporou ritos, símbolos e ideias provindos do paganismo romano, do Zoroastrismo e do Mitraísmo (culto de Mitra, divindade solar persa, um dos gênios do Masdeísmo)”.1 E o essencial para a nossa educação, para o desenvolvimento das potencialidades do Espírito, foi relegado a plano secundário, ou mesmo esquecido. Um exemplo disso é a lei de causa e efeito. Há várias passagens nos ensinos de Jesus, tratando desse tema: “A cada um segundo suas obras”; “Guarda a tua espada, pois todos os que pegaram na espada, da espada morrerão”; “Com a medida que medirdes os outros, sereis medidos”. O apóstolo Paulo diz algo semelhante na Epístola aos Gálatas: “Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará”.

Entretanto, para bem compreendermos a lei de causa e efeito, precisamos admitir e estudar outra lei importante – a reencarnação, pois só numa existência não conseguimos entender o mecanismo da lei. Daí a importância do estudo dos ensinos de Jesus, à luz da Doutrina Espírita, que nos permite melhor compreender a finalidade da vida, e o que fazer para edificação do reino de Deus em nosso íntimo.

1 – A Missão Maior do Movimento Espírita – Reformador, fevereiro/2001, pág. 24

José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE



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