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Baixo estresse e altos vôos
Vice-campeão mundial de motosurf, o baiano Bruno Jacob fez do lazer uma profissão
por Luiz Humberto Monteiro Pereira
humberto@esportedefato.com.br
Bruno Jacob é um engenheiro baiano de 29 anos, casado e que mora em Salvador. Ao contrário de muitos esportistas, ele tem uma rotina que despertaria inveja em muita gente: treina diariamente na praia de Barra de Jacuípe e viaja o mundo todo representando o Brasil no Mundial de Motosurf, modalidade para manobras radicais com jetski. Em novembro de 2016, tornou-se vice-campeão mundial – o campeão foi o norte-americano Mark Gomez, que conquistou o bicampeonato. “Sou o atual primeiro do ranking brasileiro, primeiro do sul-americano e segundo do mundo pela IFWA em 2016. Em 2017, iniciei o circuito com um quinto lugar na França, quinto lugar na Inglaterrra e um quarto lugar em Portugal. A próxima etapa é nos Estados Unidos. Continuarei trabalhando firme para chegar ao topo do ranking mundial, ao primeiro lugar”, avisa.
Esporte de Fato – Como o motosurf surgiu na sua vida?
Bruno Jacob – Iniciei por incentivo do meu pai, que foi um dos pioneiros na Bahia. Com 14 anos, comecei a treinar e iniciei no campeonato baiano com autorização do juizado de menores (é necessário 18 anos para tirar a carteira de motonauta). Iniciei na modalidade freestyle (estilo livre), que era praticado em rios e lagos, sem ondas, e me tornei campeão baiano , nordestino, brasileiro… Iniciei no freeride (hoje chamado de motosurf) em 2011, quando fui participar do meu primeiro circuito mundial na Europa. Daí em diante, fui subindo de posições e me especializando cada vez mais… Tenho diversos títulos em eventos internacionais ao redor do mundo.
Esporte de Fato – Qual é o principal atrativo do motosurf?
Bruno Jacob – O contato com a natureza, com o mar… Além das manobras aéreas, os jurados nos avaliam também pelo surfe com o jetski. 50% saltos e 50% surfe. Cada dia é um treinamento diferente, a adrenalina é sensacional, a energia de um dia dentro do mar é indescritível. É uma das melhores coisas pra mim. Praticar esse esporte que não é tão caro como parece. Iniciei com R$ 8 mil. O diferencial de você ter a onda como rampa para saltar o faz não precisar de um equipamento muito forte e caro, diferente das modalidades que não são praticadas no mar e dependem muito da máquina e não tanto da habilidade do piloto. O motosurf permite que com pouco investimento se inicie e desenvolva manobras com um mortal ou 360 em pouco tempo. Poucos esportes permitem isso… E a sensação é demais!
Esporte de Fato – Quais são próximas competições programadas?
Bruno Jacob – Em setembro tenho o “Surf Slam” nos Estados Unidos, em outubro o “Rip Ride” na Austrália, e em novembro o “Motor and Surf Scramble” no Japão, finalizando o circuito mundial de 2017. O evento brasileiro, provavelmente válido pelo sul-americano, ainda não está confirmado, mas está previsto para dezembro.
Esporte de Fato – Muitos esportistas brasileiros têm tido dificuldades em manter os patrocínios. Quais são seus atuais patrocinadores?
Bruno Jacob – Tenho patrocínio da Petrobahia através do Governo da Bahia, com o programa “Faz Atleta”. O apoio da Marina Jacob Adventure, com toda equipe, é essencial ao meu esporte. E mais quatro patrocinadores nos Estados Unidos ligados ao esporte: Thrust Innovations, Tigercraft, RacuWerx e a True Performance Engineering. Graças a todos eles, está sendo possível participar do circuito mundial há 6 anos. Mas ainda estou longe do ideal para competir de igual para igual com os países tradicionais como os Estados Unidos, França, Inglaterra, Austrália, Japão, etc…
Esporte de Fato – Como funciona uma competição de motosurf?
Bruno Jacob – Precisamos do mar quase igual ao surfista precisa. O circuito mundial parece muito com o de surfe. Pontuamos em cada evento durante o ano. O circuito atualmente tem seis etapas ao redor do planeta. Os jurados avaliam baterias de homem a homem na água quanto à amplitude das manobras, dificuldade, perfeição na execução, etc. Existem o round 1, repescagem, oitavas de finais , quartas, semi e final a cada evento. Ou seja, precisamos de ondas boas, de pelo menos um metro, para competir durante três a quatro dias e vencer cinco baterias para finalizar com o primeiro lugar a cada etapa. No final do circuito, o mais pontuado é o campeão.
Esporte de Fato – Onde são os melhores locais para disputa das provas?
Bruno Jacob – Normalmente onde rolam as melhores ondas. No Brasil, aqui na Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina… Nos Estados Unidos, na Costa Oeste. Na França, em Hossegor, Biarritz, Biscarrosse, Lacanau, Em Portugal, em Sintra, Peniche, Nazaré. No Japão, em Chiba e Kamisu. Na Austrália, em Sydney, Melbourne, e Queensland. No Reino Unido, em Newquay, Ilhas Jersey… Tem muito local bom!
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