Alvo nada fácil

Alvo nada fácil

Aos 22 anos, a arqueira carioca Anne Marcelle treina forte para chegar preparada às Olimpíadas do Rio

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

jogoscariocas@gmail.com

Arqueira carioca Anne Marcelle Gomes dos Santos, classificada para os Jogos Rio 2016 – Foto: World Archery Federation
Arqueira carioca Anne Marcelle Gomes dos Santos, classificada para os Jogos Rio 2016 – Foto: World Archery Federation

O objetivo é, com um arco recurvo, atirar uma flecha em um alvo de 1,22 m, distante 70 metros – dois metros a mais que a largura, de lateral a lateral, de um campo de futebol “padrão Fifa”. Para arqueiros de nível olímpico, se sair bem seria acertar a flecha no círculo amarelo central do alvo, que tem apenas 12,2 cm de diâmetro. De preferência, no círculo de 6,1 cm de diâmetro que há dentro dele – algo parecido com o fundo de um copo. Não é tarefa fácil e a carioca Anne Marcelle Gomes dos Santos sabe bem disso. Aos 22 anos, ela conquistou a sua vaga na competição de tiro com arco nas Olimpíadas do Rio de Janeiro pelo ranking olímpico – é a brasileira melhor posicionada. “Não esperava ter essa chance de chegar tão longe e disputar as Olimpíadas”, admite a atleta da equipe Arqueiros de Íris, de Maricá, no Litoral Norte Fluminense, que é estudante de Educação Física. Depois de diversos títulos como juvenil e cadete, ela começou a se destacar na categoria adulta a partir de 2014, quando foi campeã brasileira e sul-americana por equipes e segundo lugar na brasileiro individual. Sua última medalha de ouro foi em no Torneio Internacional na Guatemala, em março desse ano, que reuniu os melhores arqueiros latino-americanos. Lá, ela venceu a prova de duplas mistas – que não é disputada nas Olimpíadas –, em parceria com o também carioca Marcus D’Almeida, seu colega da equipe Arqueiros de Íris e na seleção brasileira.


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Jogos Cariocas – Como você se aproximou do tiro com arco?

Anne Marcelle – Tenho 7 anos de arco – atiro desde 2009. Morava em Maricá e meu irmão começou a praticar no Projeto Escola do centro de treinamento da base da Confederação Brasileira de Tiro com Arco. Eu tinha 15 anos e fazia handebol. Um dia, quando fui chamar ele para ir pra casa, vi o pessoal treinando e me apaixonei. Foi amor à primeira vista. A sensação da flecha saindo do arco é algo inexplicável. Logo nas minhas primeiras aulas de arco, a técnica Dirma Miranda já falava que eu era um talento. Daí vieram as primeiras conquistas. Minha primeira viagem internacional foi em 2011, para a Polônia, onde disputei o mundial juvenil. Naquele mesmo ano, fui medalha de ouro no sul-americano, no Chile, e ainda ganhei o Prêmio Brasil Olímpico como melhor atleta brasileira do tiro com arco.

Jogos Cariocas – Quais são seus pontos fortes e quais fundamentos precisa aprimorar?

Anne Marcelle – Sou muito forte e dedicada. Preciso aprender a ser mais calma e ter tranquilidade na hora da competição. Tenho de manter o foco na prova.

Jogos Cariocas – Como é a sua rotina diária de treinos?

Anne Marcelle – Desde janeiro, meus treinamentos são realizados na Escola do Exército, na Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Treino 10 horas por dia. Além dos treinos de tiro com arco, também tenho seções de musculação, fisioterapia e massagista. A gente sempre corre e faz bicicleta para aguentar ficar em pé o dia inteiro, como ocorre durante as competições. Também fazemos exercícios psicológicos específicos para aumentar a concentração.

Jogos Cariocas – Como acha que estão as chances do tiro com arco do Brasil nas Olimpíadas? Sabe quem serão seu principais adversários?

Anne Marcelle – Creio que temos chances de medalhas nas disputas por equipe, tanto na masculina quanto na feminina. No Rio de Janeiro, a “mulher a ser batida” será a sul-coreana Ki Bo Bae, que é a atual campeã olímpica no tiro com arco.

Jogos Cariocas – Já sonhou com os Jogos Rio 2016? O que imagina encontrar lá?

Anne Marcelle – Eu nunca imaginei que um dia iria participar das Olimpíadas. Sei que vou encontrar grandes desafios e encarar adversários muito fortes. O fato dos Jogos de 2016 serem no Brasil ajudará bastante, pois o povo brasileiro sabe torcer e apoiar os seus atletas  Espero que as Olimpíadas do Rio de Janeiro ajudem também na união de todos os povos e nações.

Jogos Cariocas – O que diria para um jovem que quisesse se iniciar no tiro com arco hoje?

Anne Marcelle – A maioria dos jovens que entram no tiro com arco levam na brincadeira e não se dedicam seriamente. A caminhada é longa e surgem obstáculos que podem fazê-lo desistir. Mas, no final, quem não desiste percebe que a luta e o sofrimento valeram a pena. Gostaria de ter apoio de patrocinadores para desenvolver um projeto que incentivasse os jovens brasileiros a praticar o tiro com arco.

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