A Graça Divina

A Graça Divina

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MAR/2017 – pág. 30

“Vai e não peques mais” – Jesus (João, 8:11)

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Questão bastante controvertida esta da Graça Divina. Uns entendem que a pessoa é bondosa, dotada de faculdades superiores, propensa ao bem porque recebeu a Graça de Deus. Ou se curou de enfermidade difícil, não sofreu ferimentos em complicado acidente igualmente porque teria sido beneficiada pela Graça de Deus. Há quem diz que só através da Graça Divina pode-se obter a iluminação, ou a salvação do Espírito. Surge, então, uma pergunta: Será que Deus é parcial, derramando Sua graça sobre alguns e não sobre outros? Por outro lado, qual a necessidade de nossos esforços, se temos de depender da Graça Divina?


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No livro “O Consolador”, (item 227, foi perguntado a Emmanuel, através de Francisco C. Xavier: “Deus concede o favor a que chamamos graça?” Resposta: “São tão grandes as expressões da misericórdia divina que nos cercam o Espírito, em qualquer plano da vida, que basta um olhar à natureza física ou invisível, para sentirmos, em torno de nós, um aluvião de graças. O favor divino, não se observa no caminho da vida, pois Deus não pode assemelhar-se a um monarca humano, cheio de preferências pessoais ou subornado por motivos de ordem inferior. A alma, receberá sempre de acordo com o trabalho de edificação de si mesma. É o próprio Espírito que inventa o seu inferno ou cria as belezas do seu céu. E tal seja o seu procedimento, acelerando o processo da evolução pelo esforço próprio, o que poderá Deus dispensar na Lei, em seu favor, pois a Lei é uma só e Deus o seu Juiz Supremo e Eterno”.

Entendemos, então, que a Graça Divina existe para todos, em igualdade de condições, e nos beneficia de acordo com o nosso esforço, com o nosso merecimento. A criatura faz a sua parte, e a misericórdia divina vem em seu socorro e faz por ela o que ela não consegue realizar por si mesma. “Ajuda-te e o Céu te ajudará” – diz o Evangelho.

Poderíamos comparar a Graça Divina ao vento, que sopra igualmente para todos. Mas se houver diversos barqueiros, com seus barcos no mar, necessitando do vento para movimentá-los, só obterão êxito aqueles que içarem suas velas. O vento sopra para todos, mas só o aproveitam os que fazem sua parte, preparando adequadamente seus equipamentos para utilizar a força do vento.

Assim é a Graça divina.

Se não guardas o favor do alto, respeitando-o em ti mesmo, se não usas conhecimentos elevados que recebes para benefício da própria felicidade, se não prezas a contribuição que te vem de cima, não te vale a dedicação dos mensageiros do amor e paciência, na solução de teus problemas, porque sem a adesão de tua vontade, no programa regenerativo, todas as medidas salvadoras resultarão imprestáveis”1.

Diante da multidão faminta, Jesus pergunta aos discípulos: “Quantos pães tendes?” (Marcos, 8:5). Os discípulos só tinham sete pães e alguns peixes. O Mestre os abençoou e aquela pequena quantidade alimentou a multidão. A Graça Divina multiplicou os pães e peixes, depois de os discípulos entrarem com o que tinham. É claro o ensinamento. Se fizermos a nossa parte, dentro de nossas possibilidades, o socorro do Alto fará, em nosso favor, aquilo que ainda não temos condições de realizar. Isto ocorre, em igualdade de condições, para com todos, pois não pode haver parcialidade nas Leis Divinas. O Pai “faz chover sobre bons e maus, e faz com que o sol se levante sobre justos e injustos” – afirmou o Mestre. O Criador é misericordioso e derrama suas bênçãos para todos, em igualdade de condições, mas cada um recebe de acordo com sua receptividade, Se muitas pessoas vão ao mar pegar água cada uma pegará determinada quantidade, conforme o tamanho de sua vasilha. O mar é imenso e existem quantidades de água sem limites para todos, porém o limite está na vasilha que cada um leva. Se quiser pegar mais, terá que ampliar a capacidade de sua vasilha.

A Graça Divina é como o mar, imenso e está à disposição de todos, entretanto para alcançá-la precisamos criar condições em nós, isto é, fazer a nossa parte.

1XAVIER, Francisco C./Emmanuel – Pão Nosso, cap. 50


José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE

 



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