A luta acirrada da mulher pela igualdade salarial

A luta acirrada da mulher pela igualdade salarial

Por que a mulher ganha menos que o homem no mercado de trabalho? Mesmo qualificadas, ainda sofrem com a disparidade salarial e a reivindicação parece interminável. Um tema ainda polêmico

Edição de março/2019 – p. 28

A luta acirrada da mulher pela igualdade salarial

Na comemoração ao Dia Internacional da Mulher – oito de março –, as estatísticas apontam o número expressivo de mulheres que retornam ao mercado de trabalho nos EUA, galgando postos importantes, incluindo participação na esfera política federal. Entretanto, apesar de qualificadas para ocupar vagas, as mulheres ainda sofrem com a disparidade salarial em relação ao homem – reivindicação que parece interminável. Por que a mulher ganha menos? De acordo com o relatório do último Fórum Econômico Mundial, o tempo estimado para que a diferença salarial entre homens e mulheres desapareça é de cem anos.

Segundo dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho americano, a proporção de mulheres de 25 a 54 anos empregadas ou que estão procurando emprego ativamente atingiu o maior patamar em sete anos, enquanto a taxa entre os homens na mesma idade subiu apenas ligeiramente. Elas atuam em diversos segmentos, seja na área administrativa, secretariando importantes executivos, advogando ou em salas de aulas de escolas e universidades, também realizando tarefas domésticas – house cleaners –, numa demanda que perdura, sem fôlego. Porém, o fato é que a desigualdade de gênero ainda existe e cria vários obstáculos.


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No Brasil, a entrada da mulher no mercado de trabalho ganhou força nos últimos quatro anos. E de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios – Pnad Contínua –, do IBGE, a emancipação vinha acontecendo rapidamente desde os anos 1990, mas a crise, que começou em 2014, intensificou esse movimento. Entre o terceiro trimestre de 2014 e o mesmo período de 2018, o crescimento foi de 9,2%, portanto, representam quase a metade da toda a força de trabalho no país. No mesmo período, 2,2 milhões de homens entraram no mercado, praticamente a metade do grupo feminino.

Mas, mesmo com o contingente de mulheres atuantes nos EUA e no Brasil, elas ainda sofrem com a disparidade salarial, e a queixa que se arrasta nos tribunais, nos debates das mídias televisivas e nas redes sociais parece estar longe de ser resolvida. De acordo com o relatório do último Fórum Econômico Mundial, o tempo estimado para que a diferença salarial entre homens e mulheres desapareça é de cem anos.

Dados apontam que entre 2013 e 2017, as buscas no Google por “desigualdade de gênero no mercado de trabalho” cresceram 451% e por “mulher ganha menos” aumentaram 298%. Isso sugere que apesar do caminho em direção à equidade de gênero ainda ser longo, elas estão cada dia mais interessadas pelo assunto e conscientes dessa urgência.

Sheryl Sandberg, do Facebook, e outras 49 líderes formam uma corrente de força com intuito de impulsionar o direito da mulher, valorizando o seu pedido pela reparação salarial. Elas dão conselhos profissionais e falam sobre igualdade de gênero no mercado de trabalho.

“Se os homens desejassem assumir responsabilidade real em casa, o ambiente de trabalho seria estruturado de forma diferente. Homens e mulheres seriam tratados e pagos mais igualitariamente no mercado. É simples assim”, diz a economista Claudia Goldin.

Ela – Claudia – foi a primeira mulher a comandar o Departamento de Economia da Universidade Harvard e também é autora do livro “Understanding the Gender Gap”, que desafiou o senso comum sobre as raízes da desigualdade de salário entre os sexos.

Quanto à representatividade, mulheres são mais educadas formalmente e mais qualificadas para as vagas de emprego. Elas representam 55,1% das universitárias e 53,5% do total de alunos de pós-graduação, de acordo com o IBGE. Apesar disso, uma pesquisa da HP mostra que elas só se candidatam para uma vaga se forem capazes de preencher todos os pré-requisitos. Já os homens mandam o currículo com apenas 60% das habilidades exigidas.

Mulheres no Senado e na Câmara

No âmbito político, as eleições legislativas dos EUA tiveram um recorde de mulheres eleitas aos postos de governo do país. Ao menos 118 mulheres foram eleitas, entre elas, 42 negras e três LGBTQ – duas deputadas federais muçulmanas , ambas do Partido Democrata.

No Brasil, o número de mulheres eleitas para o Senado se manteve nas eleições deste ano sem alteração – sete senadoras –, mas na Câmara Federal, houve um aumento de 51% no número de mulheres eleitas em relação a 2014. O número passou de 51 para 77 deputadas. Isso traduz que a nova Câmara vai ter 15% de mulheres na sua composição. Já nos Estados, o aumento da presença feminina é da ordem de 35% nas Assembleias Legislativas. São 161 eleitas, que equivalem a 15% dos deputados estaduais eleitos.

O contingente de mulheres atuantes é expressivo, apontam estatísticas, no entanto, a luta continua acirrada pela equiparação salarial. Um capítulo que desenrolada a cada ano, sem precedentes, mas elas continuam fortes, destemidas, competindo com ímpeto no mercado de trabalho.



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