COLUNA NOSSA GENTE || Desenvolvimento Humano na Gestão de Projetos || Raquel Cadais Amorim

Há momentos em que o chão parece se mover sob nossos pés. Uma mudança inesperada, uma nova decisão alheia a nossa vontade, uma regra que até ontem não existia e, de repente, tudo o que parecia certo se torna incerto. É nesses momentos que muitos se perguntam: e se amanhã tudo mudar? O que garante que estaremos no mesmo lugar, com as mesmas oportunidades, a mesma segurança? A verdade é que não há garantias. O mundo não é gentil com aqueles que esperam estabilidade como um direito adquirido. As regras mudam sem aviso, e aqueles que não se adaptam a tempo se tornam invisíveis, descartáveis. Diante disso, a questão mais importante não é como evitar as mudanças, mas como se tornar indispensável, independentemente delas.
O primeiro erro de quem teme ser deixado para trás é achar que basta fazer um bom trabalho. Competência técnica e dedicação são importantes, mas raramente suficientes. Quando o ambiente se torna instável, o que diferencia quem fica de quem parte não é apenas o esforço, mas a estratégia. É a capacidade de se tornar alguém cuja ausência causaria impacto, alguém que não pode ser facilmente substituído. E essa não é uma posição conquistada de um dia para o outro. Ela é construída nos detalhes: no compromisso silencioso de quem sempre entrega um pouco mais, na postura de quem resolve problemas ao invés de apenas apontá-los, na habilidade de enxergar oportunidades onde outros só veem riscos. Enquanto alguns se preocupam em apenas cumprir tarefas, outros entendem que, em tempos difíceis, só permanece quem faz a diferença.
Como essa posição é construída? Primeiramente, pela adaptabilidade. O mundo pertence aos que sabem se reinventar. Aquele que resiste à mudança, que espera que tudo volte ao normal, corre o risco de ser engolido por ela. Já os que observam atentamente, leem os sinais e ajustam suas estratégias têm mais chances de sobreviver e até prosperar. Adaptar-se não significa apenas aceitar passivamente as mudanças, mas aprender a jogar com as novas regras, reposicionar-se e encontrar formas de continuar relevante. Os que entendem isso não se deixam abalar pelo que acontece ao redor, pois sabem que seu valor não está apenas no que fazem, mas em como fazem.
Além disso, há a importância de criar conexões. Em tempos de incerteza, ninguém sobrevive sozinho. Construir redes sólidas, ser lembrado, estar presente nos círculos certos pode ser a diferença entre ter opções e se ver sem saída. Muitas vezes, não é apenas o que você sabe que te mantém, mas quem sabe quem você é e o que você pode oferecer. Pessoas que se isolam e evitam construir relacionamentos perdem oportunidades antes mesmo de perceberem que precisam delas. No fim, aqueles que se tornam essenciais não são apenas os mais competentes, mas os mais lembrados, os que souberam plantar boas relações ao longo do caminho.
Outro fator crucial é a inteligência emocional. Quando tudo parece instável, aqueles que conseguem manter a calma e a clareza saem na frente. Profissionais que transmitem segurança, que sabem lidar com pressões sem entrar em pânico, tornam-se pontos de referência. Em qualquer ambiente de incerteza, há sempre aqueles que se destacam não por falarem mais alto, mas por serem os pilares que sustentam o que resta. E isso faz toda a diferença. Enquanto alguns se deixam consumir pelo medo, outros transformam a insegurança em motivação para crescer. Essa postura não passa despercebida.
Diante desse cenário, não é difícil entender por que algumas pessoas seguem adiante, enquanto outras são deixadas para trás. A segurança profissional não está no cargo, na empresa ou em promessas externas. Ela está naquilo que cada um constrói todos os dias: sua relevância, sua rede de apoio e sua capacidade de se adaptar ao inesperado. Quando o cenário muda, quem soube se preparar encontra alternativas, enquanto quem confiou apenas no que parecia garantido se vê sem saída. No final, sobreviver profissionalmente não é sobre sorte ou tempo de casa, mas sobre a habilidade de se tornar necessário.
Se tudo mudasse amanhã, você ainda seria essencial? Essa talvez seja a única pergunta que realmente importa
Até a próxima!