As altas temperaturas podem deixar as aeronaves mais pesadas, dificultando nas decolagens. E à medida que as ondas de calor se intensificam, as companhias aéreas optam em deixar passageiros no solo
Da Redação – Com as férias, o fluxo de aviões cruzando os céus dos EUA aumenta nessa época do ano, deixando aeroportos congestionados e companhias aéreas se organizando para acomodar o contingente de passageiros. Mas o que poucos sabem é que as altas temperaturas podem deixar as aeronaves mais pesadas, dificultando nas decolagens. A informação vem de um grupo de pesquisadores de aviação – os aviões obtêm 1% menos elevação a cada 3 graus Celsius de aumento de temperatura e precisam reduzir seu peso, podendo até não embarcar passageiros.
E o problema global tem sido o aumento das temperaturas, apresentando mais desafios para a aviação civil. E à medida que as ondas de calor se intensificam – caso dos EUA e Europa –, causam mais transtornos nas pistas, comprometendo os voos, forçando as companhias aéreas a deixar os passageiros no solo.
Segundo a pesquisa, sustentação depende de vários fatores, mas um dos mais importantes é a temperatura do ar, portanto, conforme o ar esquenta ele se expande, então o número de moléculas disponíveis para empurrar a aeronave para cima é reduzido.
Disse Paul Williams, professor de ciência atmosférica da Universidade de Reading, no Reino Unido, que, “para superar a gravidade, eles precisam gerar sustentação, que é a atmosfera que empurra o avião para cima. O desafio básico enfrentado por qualquer aeronave ao decolar é que os aviões são muito pesados e a gravidade quer mantê-los no chão”, informa.
O problema atinge principalmente aeroportos em grandes altitudes, onde o ar já é naturalmente mais rarefeito, e com pistas curtas, que deixam o avião com menos espaço para acelerar. De acordo com Williams, se um avião requer dois mil metros de pista a 20 graus Celsius, vai exigir 2.500 metros a 40 graus Celsius.
Voos cancelados
Em 2017,segundo pesquisadores, dezenas de voos foram totalmente cancelados em poucos dias, no “Aeroporto Sky Harbor International” de Phoenix, quando as temperaturas atingiram 48,8 graus Celsius, acima da temperatura operacional máxima para muitos aviões de passageiros.
Um estudo da “Universidade de Columbia” prevê que, até 2050, uma aeronave típica de fuselagem estreita, como o Boeing 737, terá restrições de peso aumentadas de 50% a 200% durante os meses de verão em quatro grandes aeroportos dos EUA: La Guardia (Nova York), Reagan National Airport (Washington), Denver International e Sky Harbor (Arizona).
Enquanto isso, fabricantes como a Boeing já estão oferecendo uma opção “quente e alta” em algumas de suas aeronaves, para companhias aéreas que planejam usá-las extensivamente em aeroportos de alta altitude e alta temperatura.
