Afinal, o Que é Normal?

COLUNA NOSSA GENTE || LEIS E IMIGRAÇÃO || Walter G. Santos (www.waltersantos.com), advogado nos Estados Unidos e no Brasil

Normal tem várias definições. Diz-se de algo natural ou habitual. Que é segundo a norma ou padrão. Usual, comum ou corriqueiro.

Os médicos consideram normal a pessoa que está mental e fisicamente saudável. Para os matemáticos, normal é a reta perpendicular à curva ou superfície. Cabelo normal é aquele que não é seco nem oleoso. Educadores se referem a normal como sendo o curso de ensino de nível médio para formação de professores primários.


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No sentido popular, aquilo que não foge, em termos de comportamento, à regra da maioria das pessoas. Ou seja, o que é social ou moralmente aceitável.

Normal é, pois, um dado estatístico. Mas não estático.

O normal está em constante mutação. O que todos faziam ontem, não necessariamente fazem hoje.

Prova disso é a pandemia do Covid-19. Por ter afetado praticamente tudo e todos, em tempo recorde, alterou comportamentos, desmoronou instituições sólidas e estimulou a criatividade humana em se adaptar às novas realidades, característica intrínseca à nossa raça, na constante busca de uma saída para que a vida prevaleça.

Criou-se um novo normal.

Ocorre que é difícil conciliar a nova realidade quando sequer sabemos o que é mesmo real, mormente porque tal é o resultado da percepção da cada experiência.

Neste contexto, muitos se valem da mídia social para expressar opiniões, repassar notícias e até disseminar inverdades, ambiente onde a individualidade passou a ser o novo dado estatístico normal, esquecendo-se de que nenhum indivíduo, absolutamente nenhum, é mais representativo do que o coletivo.

Exaltam-se direitos individuais como se fossem absolutos. Não são, a partir do momento em que interferem com terceiros. Governos podem sim obrigar o uso de máscara em público. Você é obrigado a usar cinto de segurança quando trafega em veículo. Uma igreja com o teto caindo pode ser interditada pelas autoridades e isso não interfere com a liberdade religiosa. Ninguém embarca num avião sem a documentação adequada e isso não viola seu direito de ir e vir.

No âmbito de postagens, se a notícia interessa, é divulgada acintosamente. Se não lhe é favorável, também é fortemente propagada sob a pecha de “fake news”.

Seria pueril imaginar que não existe “fake news”. Isso já é uma indústria que interfere em economias, redefine eleições e fomenta ainda mais discórdias pelo uso da lobotomia digital.

É mais fácil repassar do que apurar. Mas é também irresponsável.

Por exemplo, acreditar que a notícia com uma foto de um caixão enterrado vazio significa que todos os caixões foram enterrados vazios é um raciocínio simplista e mesquinho (principalmente num país de dimensões continentais e com uma  população acima de 200 milhões).

Primeiro, porque a notícia não é verdadeira ou falsa só porque ela se alinha ou não com os princípios de quem está lendo.

Segundo, porque a perspectiva do leitor não é a única. Ele até pode ser o todo-poderoso atrás da sua tela, mas o mundo aí fora tem outros participantes na realidade de cada notícia divulgada. O que cada um “acha” não necessariamente é.

Terceiro, porque há uma grande diferença entre liberdade de expressão e propagação de informação falsa. A primeira é protegida pela Constituição. A segunda punida por lei.

Cada um de nós tem imensa responsabilidade naquilo que divulga originariamente ou em repasse.

Não acredite naquilo que te agrada em idêntica intensidade àquilo que não te agrada. Investigue. Questione. Vá atrás e apresente elementos concretos que suportem seu ponto de visto.

A simples repetição de uma mentira não faz dela uma verdade. Seja uma mentira boa ou ruim.

Alguns governantes não ajudam muito pois, em determinada extensão, governos mentem, o que atrapalha ainda mais nossa equação do normal. Esses governos criaram um vírus muito pior que passou a ser o novo normal: o Covig-Norante.

Mas quem quer ser normal? Como disse a poetisa Maya Angelou, “se você está sempre tentando ser normal, você nunca saberá o quão maravilhoso você pode ser”.

         Este é o meu apelo. Não seja normal.

  • A informação contida neste artigo constitui mera informação legal genérica e não deve ser entendida como aconselhamento legal para situações fáticas concretas e específicas. Se você precisa de aconselhamento legal, consulte sempre um advogado que seja licenciado e membro da organização de classe (The Bar) do Estado onde você reside.


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