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Você não vai acreditar!
É mesmo? Então nem me conte!
É assim que costumo reagir ao tal do “Você não vai acreditar!” E minha reação é simples de explicar, bem mais simples do que o tal do “Você não vai acreditar!”.
Se já sabem que não vou acreditar, então porque perder tempo me contando? Se têm certeza de que não vou acreditar, ou é porque me consideram totalmente incrédulo nas pessoas, ou então, a mentira é realmente cabeluda. Se for fofoca então, deve ser “transuda.” Aliás, diziam que as fofoqueiras de antigamente ficavam na janela fazendo tranças em seus cabelos, para que elas servissem de antenas e captassem a conversa e a vida alheias com mais facilidade. Se é verdade também não sei. Só que quando me disseram isso, não disseram que eu não iria acreditar.
Se alguém sabe que o outro não vai acreditar, então porque ainda contar? Seria para testar a credibilidade ou a inteligência do ouvinte? De qualquer maneira, nem me conte.
E tem também aquela do “Você pode não acreditar, mas…”. Já notaram que esta sempre vem quando alguém tenta uma desculpa esfarrapada para algo que não deveria ter feito? Mas de qualquer maneira, já vem acompanhado da esperança de um possível perdão.
E quando então resolvem nos dizer o velho “Nem queira saber!”? Putz, prepare-se porque aí vem mentira mesmo, e da grossa. E o pior é que aí então, você gostaria de saber sim, mas a verdade!
Mas e o “Nem te conto!”? Tenho quase certeza de que este deve ser a soma de todos os outros. Sempre vem acompanhado de belas quando não tragicômicas histórias para tentar conseguir vender um pão adormecido.
Por isso, não me contem, não quero saber, não vou acreditar. E vocês querem saber por que sou assim incrédulo.
Vocês não vão acreditar!
Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de noventa jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior.