Turistas brasileiras dão à luz nos EUA e garantem cidadania ao filho

Turistas brasileiras dão à luz nos EUA e garantem cidadania ao filho

A prática anteriormente executada entre as mulheres chinesas e russas foi aderida pelas turistas brasileiras. A Constituição americana garante a cidadania automática a todas as crianças nascidas no país

Irene Kim foi a Miami para comprar enxoval e acabou dando à luz nos Estados Unidos. Foto: Arquivo pessoal
Irene Kim foi a Miami para comprar enxoval e acabou dando à luz nos Estados Unidos. Foto: Arquivo pessoal

Uma nova mania tomou conta das turistas brasileiras: dar à luz nos EUA para garantir a cidadania americana ao filho e lhe proporcionar um futuro melhor. A prática, anteriormente, era executada entre as mulheres chinesas e russas. Mas qual o procedimento? Aos sete meses de gestação, as interessadas em parir em reduto americano, viajam para a América e se hospedam em hotéis ou se acomodam na casa de amigos, aguardando o momento em que a criança venha ao mundo. Feito isso, após o nascimento do bebê é feito registro e o herdeiro americano retorna ao país dos pais, no caso o Brasil. Isso aconteceu com a empresária paulistana Bianka Zad, quando retornou de Miami. Ela levou mais do que malas cheias: carregava no colo um bebê recém-nascido, Eurico. A Constituição americana garante a cidadania automática a todas as crianças nascidas no país, inclusive se forem filhas de turistas ou imigrantes ilegais.

Ao dar à luz na Flórida, Bianka Zad quis que seu primeiro filho tivesse a cidadania americana e melhores oportunidades no futuro. “Mesmo antes de saber que estava grávida, eu já queria fazer o parto lá”, conta Zad, de 37 anos. Ela viajou a Miami com um visto de turista na trigésima segunda semana de gravidez e se hospedou no apartamento que comprou há quatro anos para passar férias. Zad deu à luz em 22 de maio e voltou ao Brasil dois meses depois. Seu filho, Enrico, desembarcou em São Paulo com dois passaportes – o brasileiro e o americano.

O médico brasileiro Wladimir Lorentz, diz que resolveu fundar a agência com um sócio após descobrir serviços semelhantes para turistas russas. Lorentz, que trabalha como pediatra em Miami há 17 anos, começou a atender turistas brasileiras em setembro e, há duas semanas, lançou um novo site com os serviços. Desde então, ele diz ter sido procurado por quatro brasileiras interessadas.


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Não há leis que proíbam grávidas de viajar de avião, embora as companhias aéreas costumem exigir atestados médicos de passageiras em estado avançado de gravidez. Lorentz recomenda que elas consultem um obstetra antes de embarcar e façam a viagem antes de completar sete meses de gestação. Sua agência oferece três pacotes de partos. O natural sai por US$ 9.840 (cerca de R$ 37.800); a cesárea, US$ 11.390 (R$ 43.700); e o múltiplo (gêmeos ou mais), US$ 14.730 (R$ 56.600).

Ter um filho americano não dá aos pais o direito de morar no país, explica a advogada brasileira Juliana Pechincha, que atende em Nova York. Ela diz que os filhos só podem pleitear que os pais se tornem residentes ao completar 21 anos. Mesmo assim, milhares de mães estrangeiras têm viajado aos Estados Unidos para dar à luz no país. A prática gerou uma polêmica na campanha à eleição presidencial de 2016. O pré-candidato republicano Donald Trump tem defendido acabar com a concessão automática de cidadania a filhos de estrangeiros. Ao comentar a posição de Trump, o também pré-candidato republicano Jeb Bush defendeu a regra atual, mas provocou a ira de muitos imigrantes ao se referir às crianças como “bebês âncoras”.

A advogada e contadora paulistana Irene Kim, de 33 anos, no nono mês de gravidez, chegou a Miami em julho para fazer o enxoval do seu primeiro filho. Durante as compras, Kim diz que se sentiu mal e soube que corria o risco de ter uma coagulação se viajasse de avião antes do nascimento. Ela então decidiu fazer o parto na cidade e, ao descobrir que o filho ganharia a cidadania americana, passou a considerar migrar legalmente para os Estados Unidos nos próximos anos. “Aqui a educação é gratuita, enquanto no Brasil uma educação de qualidade consome grande parte da renda familiar”, justifica.



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