Daniel Calil conquista medalha de ouro no “Pan de Jiu-Jitsu 2020 da IBJJF“
Daniel Calil, o Calil, da equipe “Gracie Barra”– faixa preta da categoria master 3 super pesados –, consolida o seu favoritismo ao conquistar o título de campeão do “Pan de Jiu-Jitsu 2020 da IBJJF”, em Kissimmee. Em entrevista exclusiva o atleta fala das próximas competições em Atlanta, e do Mundial em Orlando, em dezembro. Uma lição de superação e a importância do esporte que transforma vidas
Da Redação
Foi um show de performance a realização do “Pan de Jiu-Jitsu 2020 da IBJJF – International Brazilian Jiu Jitsu Federation” –, entre os dias 8 e 11 de outubro, no “Silver Spurs Arena“, em Kissimmee, com a presença de grandes nomes da modalidade, destacando-se a vitória do brasiliense Daniel Calil, popularmente conhecido como Calil pela sua equipe “Gracie Barra”.
O atleta faixa preta da categoria master 3 super pesados, mais uma vez subiu ao pódio como campeão; ele que coleciona importantes títulos, incluindo o “Florida State Championship”, “Orlando Open”, “Atlanta Open”, “Miami Open”, “BJJ Tour” e “UAEJJF Pro”.
Com plateia reduzida e fronteiras bloqueadas, em virtude da Covid-19, o “Pan IBJJF 2020”, após paralisação, conseguiu reunir estrelas internacionais que residem nos EUA, resgatando um dos esportes mais importantes do mundo, praticado por pessoas de várias faixas etárias. Para Daniel Calil, em entrevista exclusiva ao “Site Nossa Gente”, uma volta triunfal como campeão; ele que venceu e finalizou três importantes adversários: Arthur Ward Ruff, Raul Francisco Rimenes, e, na final, o campeão mundial da categoria Walter “Cascão”.
Volta triunfal do campeão – Agora, Calil se prepara para novos desafios no mês de novembro, o “Pan IBJJF No-Gi” – sem kimono – e o “Atlanta International Open”, ambos na cidade de Atlanta; e espera em dezembro, disputar o “Mundial de Jiu-Jitsu”, em Orlando, caso o torneio seja confirmado.
Jornal Nossa Gente – Ser campeão é gratificante, mas também um senso de responsabilidade em meio à pandemia, não é isso?
Daniel Calil – A Covid-19 chegou de surpresa, o isolamento foi surreal e o mundo precisou se adequar a um novo estilo de vida. Durante a pandemia eu mantive a minha alimentação saudável, fiz hits em casa, treinei com meus filhos e cuidei da saúde física e emocional. Nesse último mês, com a abertura das academias, a equipe precisou se adaptar porque o Jiu-Jitsu é um esporte coletivo, você precisa do outro atleta. Foi uma fase difícil, mas procurei não parar e manter o ritmo. Esse é o meu primeiro ‘Pan’, a realização de um sonho. Eu entrei muito focado nas lutas. O resultado não poderia ter sido diferente. Estou muito feliz e cheio de gratidão.
JNG – Como estão os preparativos para o ‘Pan-americano Atlanta’, em novembro? Alguma regra em especial?
DC – Com as academias funcionando e todos os cuidados possíveis, já posso treinar normalmente. A equipe está ‘vacinada’. A regra é não parar. O ‘Pan IBJJF No-Gi’ é um campeonato sem kimono de grande visibilidade e eu vou estar no pódio. Na mesma época, vai acontecer o ‘Atlanta Open’ que também é uma competição importante para a classificação no ranking; e como o meu objetivo é estar entre os melhores atletas do mundo na categoria, se Deus quiser só vai dá Calil daqui pra frente.
JNG – O que significa atingir a categoria faixa preta?
DC – Ser faixa preta é um caminho que a gente percorre. Uma trajetória de, no mínimo, oito anos. É um recomeço, uma nova jornada. Ser faixa preta é aprender humildade, o respeito, o domínio das emoções, a importância da equipe. É ser exemplo, ter responsabilidade social, consciência corporal. É saber ensinar e aprender. É atingir maturidade no esporte e na vida. Há quinze anos sou faixa preta, e a cada treino, eu aprendo mais como atleta e evoluo mais como homem.
JNG – Viver nos EUA facilitou os treinamentos? O país oferece melhores recursos na sua modalidade?
DC – A equipe Gracie Barra está espalhada pelo mundo. As academias têm um estilo de treino que é padrão internacional. O que é ensinado no Brasil, é ensinado aqui, como no Japão. A diferença é que nos Estados Unidos acontecem as competições de mais visibilidade, então o atleta fica mais em evidência. As academias têm aparelhos mais modernos, existe uma variedade maior de suplementos e você acaba tendo melhor acesso aos recursos, tanto em valor como em qualidade.
JNG – Ingressar no Jiu-Jitsu foi escolha ou inspiração?
DC – Eu comecei a treinar com os amigos, em 1995, em Brasília – na Asa Norte. Éramos garotos, e naquela época muitos tinham preconceito, porque era um esporte de ‘homem agarrando homens’. Mas depois que eu vi o Royce, da família Gracie, sair finalizando geral, eu decidi começar a treinar e desde então, o jiu-jitsu faz parte da minha vida.
JNG – Existe alguma regra essencial, além do talento, para ser um campeão?
DC – Para ser campeão é necessário acreditar em si mesmo, ter Fé em Deus e vencer os seus próprios medos. O medo do adversário, o de se machucar, o de não conseguir, o de desapontar a equipe. É uma luta que primeiro começa dentro do atleta, e quando ele vence essa luta e vai pro tatame, ele já é vitorioso. A medalha é a colheita de um plantio de disciplina, muito treino, privações, cuidados com a saúde e técnicas mais apuradas.
JNG – Como é se preparar para o adversário? Você se preocupa com aquele adversário que representa uma ameaça iminente?
DC – Eu entro nas lutas preparado para qualquer adversário de 95 a 102 quilos, que é a minha categoria. Quando eu comecei a treinar, eu pesquisava, assistia as lutas, queria saber com quem ia lutar e isso era estressante. Hoje, nada disso me preocupa. Se o atleta está bem preparado ele entra confiante no combate e faz a sua parte.
JNG – E qual a sensação de subir ao pódio?
DC – Gratificante. A sensação do dever cumprido. É o momento que você se dá conta que todo o esforço valeu a pena; e que você faria tudo de novo pra atingir esse resultado, e esse reconhecimento.
JNG – O que representa o Jiu-Jitsu? Quais os seus benefícios?
DC – O Jiu Jitsu não é só uma luta é um estilo de vida. Hoje em dia famílias treinam Jiu-Jitsu, e não importa a idade. É um esporte que vem para transformar vidas e unir gerações. As crianças aprendem disciplina, ficam mais centradas e autoconfiantes. Os adolescentes gastam energia, aprendem o respeito e o espírito de equipe. Os jovens socializam, ficam longe das drogas, e controlam a ansiedade nos treinos. Adultos, depois de um dia longo de trabalho encontram um lugar para desestressar e fazer amigos. Os mais velhos se sentem capazes e produtivos. E os atletas se beneficiam de um esporte completo, que traz benefícios para o corpo, a mente e o espírito. Os meus filhos, Rhayan, e o Renzo, treinam comigo – o atleta tem também uma filha, Raphaella. Ele é casado com Julliana Calil, faixa roxa na modalidade.