Título de campeã da Beija-Flor gera críticas na imprensa internacional

Título de campeã da Beija-Flor gera críticas na imprensa internacional

A escola de samba de Nilópolis, na Baixada Fluminense, continua sendo alvo de ataques e questionamentos ao receber patrocínio milionário para exaltar a Guiné Equatorial, comandada por um dos homens mais corruptos do mundo

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Continua gerando críticas o patrocínio milionário recebido pela Escola de Samba Beija-Flor, do Rio – campeã do Carnaval 2015 -, do presidente Teodoro Obiang, que comanda o país africano há 35 anos. Ele teria investido 10 milhões de reais no enredo “Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”, que esbanjou luxo na Marquês de Sapucaí. Entretanto, carnavalescos, internautas e formadores de opinião no Brasil alegam ter sido uma atitude irresponsável por parte da Beija-Flor, reverenciar a Guiné Equatorial, que vive uma ditadura brutal, pois quem ousar protestar contra o governante milionário, o mais corrupto do mundo, corre risco de vida. Naquele país, que se encontra em 144º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, a população vive na mais absoluta pobreza.

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A vitória da Beija-Flor de Nilópolis, na Baixada Fluminense, também repercutiu na imprensa internacional, com citação ao patrocínio de R$10 milhões para levar à Sapucaí o enredo sobre a violenta ditadura de Teodoro Obiang. O ‘’Washington Post’’ afirmou em reportagem que a relação próxima com a contravenção e o jogo do bicho está presente há décadas no carnaval carioca. O periódico lembrou que outros patrocínios – como o apoio do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chaves, à Vila Isabel, em 2006 – já renderam polêmica. A BBC também deu destaque à polêmica envolvendo o patrocínio de Obiang, considerado um dos homens mais ricos da África. Segundo a rede inglesa, a Anistia Internacional pediu mais transparência e afirmou que o carnaval carioca não deveria ser patrocinado por um acusado de corrupção e violar direitos humanos. Já o “The Guardian” citou um grande debate nas redes sociais causado pela revelação feita pelo GLOBO, sobre o patrocínio polêmico. Apesar da porta-voz da Beija-Flor, Natália Louise, afirmar que a escola recebeu apenas apoio artístico e cultural, o periódico destacou que a Guiné Equatorial foi o tema do enredo. O jornal inglês também falou sobre um estudo deste ano da ONG norte-americana Human Right Watch. Segundo a pesquisa da organização, a Guiné Equatorial é um dos países mais desiguais do mundo, assolado por corrupção, pobreza e repressão. O jornal americano ‘’The Wall Street Journal” também destacou o patrocínio controverso, afirmando que as escolas de samba possuem uma controversa ligação com políticos e até traficantes de drogas.

Segundo declarações do jornalista Haroldo Castro, da Revista Época, a Guiné Equatorial mostrada pela Beija-Flor, “foi linda, colorida e encantadora. A comissão de frente, composta de 15 guerreiros, montou uma árvore da vida e deu show de criatividade. Os carros alegóricos, espetaculares. Os R$ 10 milhões do patrocínio foram bem usados e deram à Beija-Flor o título de Campeã do Carnaval Carioca 2015. Mas durante os nove dias que passei em Malabo, no parque nacional Monte Alen e na Caldera Luba, o que mais vi foram exemplos de devastação da biodiversidade e de desmatamento”, alerta.


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Volta por cima

A Beija-Flor com a coquista do título de campeã do carnaval de 2015, deu a volta por cima depois do fiasco do ano passado, quando ficou em sétimo lugar. Esse é o 13º título da agremiação, que obteve 269,9 pontos (o máximo possível são 270), e ficou quatro décimos à frente da segunda colocada, a Salgueiro. A Viradouro foi a escola rebaixada para o grupo de acesso, com 263,7 pontos.
O presidente da Beija-Flor, Farid Abraão, negou que o enredo exaltasse o regime ditatorial do país. “A gente pegou um enredo para falar de um país africano, um país que até então muita gente não conhecia. Nossa questão aqui é carnaval”, justificou.

“Vai-Vai” exalta Elis Regina e vence em São Paulo

A vitória da Escola de Samba Vai-Vai, em São Paulo, consagrou a emoção que a figura de Elis Regina causa nas pessoas. A última conquista da agremiação no Carnaval paulista havia sido em 2011. A escola obteve 269,9 pontos dos 270 possíveis, em uma apuração acirrada e decidida no último quesito, deixando a Mocidade Alegre em segundo lugar, com 269,6 pontos. A cantora Maria Rita, filha de Elis, que representou a mãe famosa na avenida disse que foi aos ensaios técnicos e procurou se envolver com a preparação para o desfile. Ela também saiu na Portela, no Carnaval do Rio. Os outros dois filhos de Elis Regina, os músicos João Marcelo Bôscoli e Pedro Camargo Mariano, também participaram do desfile no Sambódromo paulista.

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Com a conquista, a agremiação leva o 15º troféu para o Bexiga, tradicional bairro paulistano onde nasceu. A escola não ganhava desde 2011, quando levou o título com homenagem ao maestro João Carlos Martins, mesclando o samba com música clássica. “O enredo foi determinante. Falar de Elis chega a ser redundante”, disse Thobias, presidente de honra da Vai-Vai. Segundo ele, o samba foi feito em seis meses, após eleição da diretoria da escola. Após uma apuração acirrada e definida apenas no último quesito, a segunda colocada foi a Mocidade Alegre, que homenageou a atriz Marília Pêra.

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As escolas Gaviões da Fiel, Nenê de Vila Matilde e Império de Casa Verde perderam muitos pontos em fantasia e viram ruir suas chances na metade da apuração. Foram rebaixadas para o Grupo de Acesso a Mancha Verde, com 267,9 pontos, e a Tom Maior, com 267,7. Mesmo tendo sido penalizada com 1,1 ponto por ter estourado o tempo máximo do desfile, a Acadêmicos do Tatuapé se livrou por pouco do rebaixamento.



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