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Teor de sódio em alimentos nos EUA continua alto, aponta estudo
Apelos dos médicos não foram suficientes para reduzir o consumo de sal.
Elemento é o principal fator que causa a pressão alta.
A quantidade de sal em alimentos processados ou vendidos em restaurantes de comida rápida ainda é elevada apesar dos apelos de médicos para cortar o sódio, advertiram cientistas em um estudo publicado esta segunda-feira (13) nos Estados Unidos.
Em média, os americanos comem mais de duas vezes a quantidade diária recomendada de sal, e cerca de 80% do consumo de sódio vem do sal adicionado por restaurantes ou na fabricação de alimentos de conveniência, afirmaram especialistas.
O alto teor de sal é considerado o principal fator de desenvolvimento de pressão alta, que afeta 90% dos americanos ao longo da vida e está relacionada a doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais, advertiu o estudo divulgado no “Journal of the American Medical Association” (JAMA).
Algumas pesquisas já tinham sugerido que reduzir a ingestão de sal poderia salvar até 150 mil vidas ao ano nos Estados Unidos, mas permanece a controvérsia de se caberia aos consumidores reduzir o consumo de sódio ou se a indústria alimentícia deveria ser submetida a regulamentações mais estritas.
O estudo demonstrou que poucas coisas mudaram no conteúdo de sal em uma amostra de 480 alimentos processados e de restaurantes coletados entre 2005 e 2011.
Alguns produtos tiveram reduções, como o queijo cheddar fatiado, a sopa de tomate enlatada, o tomate em cubos enlatado, atum e peru fatiados, enquanto outros registraram aumentos.
As batatas fritas de restaurantes e o queijo usado em pizzas apresentaram teores mais elevados de sódio em 2011 em comparação com 2005, assim como o pão de trigo e os molhos Caesar e barbecue.
Ainda segundo a pesquisa, alguns dos produtos estudados apresentaram aumentos de pelo menos 30%. No entanto, um número muito maior apresentou reduções de pelo menos 30%.
A importante descoberta do estudo foi “a ausência de algumas mudanças apreciáveis ou estatisticamente significativas no conteúdo de sódio durante seis anos”, afirmou.
“A abordagem voluntária fracassou”, disse Stephen Havas, coautor do artigo e professor de Medicina Preventiva da Escola de Medicina Feinberg, da Universidade Northwestern.
“O estudo demonstra que a indústria alimentícia tem feito corpo mole e adotado muito poucas mudanças. A questão não será resolvida a menos que o governo entre em cena para proteger o público. A quantidade de sódio na nossa oferta de alimentos precisa ser regulamentada”, acrescentou.
Um comitê do Instituto de Medicina (IOM) concluiu em 2010 que reduções voluntárias não seriam suficientes e constatou que os americanos estavam consumindo quase 1.200 miligramas ao dia a mais de sódio em 2007-2008 do que nos anos 1970.
As diretrizes dietéticas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos determinaram em 2010 que cerca de dois terços de todos os adultos, inclusive pessoas de meia idade ou mais velhas, afro-americanos e qualquer um com pressão alta, diabetes ou doença renal, deveriam limitar sua ingestão de sódio a 1.500 miligramas por dia.
Os demais deveriam se restringir a ingerir menos de 2.300 miligramas por dia.
No entanto, segundo a pesquisa publicada no JAMA, o consumo atual per capita de sódio nos Estados Unidos é de 3.300 miligramas por dia.
A Food and Drugs Administration (FDA), agência que regula os alimentos e os medicamentos nos Estados Unidos, recusou-se a comentar o estudo.
“A FDA não exerceu sua autoridade regulatória para limitar a quantidade de sal adicionada a alimentos processados. No entanto, a agência está fazendo pesquisas nesta área”, informou a FDA em seu website, em uma página cuja última atualização é de maio de 2010.
O sal é um composto normalmente considerado seguro e as substâncias que o contém não precisam da aprovação da FDA antes de serem utilizadas.
Contudo, a agência exige que a quantidade de sódio seja inserida em tabelas nutricionais e pede aos consumidores que escolham alternativas com menos de 5% da quantidade diária de sódio recomendada por porção.
A Associação Nacional de Restaurantes informou que o estudo se baseou em amostas de uma quantidade limitada de produtos e não incluiu novas opções disponíveis desde 2005. Portanto, seus resultados “não refletem corretamente todas as opções disponíveis”.
“Os restaurantes fizeram avanços significativos ao desenvolver opções de cardápio com menos sódio”, disse Joy Dubost, diretor de nutrição da Associação.
“Os esforços proativos e contínuos da indústria possibilitarão a redução gradual de sódio na oferta de alimentos”, concluiu.
Fonte: g1.globo.com