Tentações

Tentações

“Cada um é tentado quando atraído e enganado pela sua própria concupiscência” – Tiago l:14

Edição de novembro/2018 – p. 26

Tentações

Tentar é instigar para o mal. É a sugestão ou impulso que tende a levar à prática do mal. Definição do dicionário. Onde está a causa da tentação? Geralmente se pensa que está fora de nós, nas coisas, nas situações ou nas pessoas. Entretanto, a tentação está em nós mesmos, conforme afirma Tiago. Sua causa reside em nossos pensamentos ou sentimentos, em nosso apego a sensações, interesses ou paixões. O que nos tenta é o gosto, o apetite ou atração que sentimos pelo que elas apresentam ou oferecem. Todos estamos sujeitos a tentações, porque somos, ainda, Espíritos pouco evoluídos. Somos tentados por motivos diferentes. O que tenta a um, não produz o mesmo resultado em outro. Se oferecermos uma bacia com pérolas preciosas a um cavalo, ele permanecerá indiferente. Mas se lhe dermos, na mesma bacia, uma quantidade de milho, certamente terá muito interesse pelo saboroso alimento. As pessoas que pensam lucrar facilmente, à custa de outrem, são os que facilmente caem no chamado “conto do vigário”.

Falamos de tentações como se fôssemos vítimas. Porém, muitas vezes, somos nós os instrumentos de tentações para os outros. Nossos vícios, buscando companhias; nosso despotismo e orgulho, provocando revolta; nosso elogio interesseiro, insuflando vaidades. Nossa crítica impiedosa, levando ao desânimo.


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Quem acredita em Espíritos, e desconhecendo como acontece a influência deles, costuma transferir o temor de tentação para com os desencarnados. “Eles podem saber nossas fraquezas, podem nos induzir ao mal”. Isto pode ocorrer se a pessoa oferecer condições favoráveis para a atuação do Espírito. Este vai aproveitar os pontos falhos, as fraquezas da pessoa para realizar seu intento. Se a pessoa alimenta bons sentimentos, bons pensamentos, se está vigilante, o Espírito nada conseguirá. Mas, por que os Espíritos fazem isso? No Livro dos Espíritos, questão 465-a, está a resposta. Fazem isto por inveja. Como sofrem, querem que outros sofram também. Não são felizes, não querem que o sejamos também.

Por que Deus permite que maus Espíritos nos excitem ao mal? Resposta constante da questão 466 do livro citado: Para progredirmos “na ciência do infinito”. Espíritos imperfeitos são instrumentos apropriados para pôr em prova nossa fé e nossa constância na prática do bem. E só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam (…) pelos seus pensamentos, os atraem. Bons Espíritos sempre procuram influenciar-nos para o bem. Temos o livre-arbítrio, e assim somos senhores de nossos atos.

Como podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos? Resposta: “Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, vos insuflam as paixões más, sopram a discórdia entre vós outros. Desconfiai, especialmente, dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco”. (Questão 469, Livro dos Espíritos)

Jesus nos ensinou a pedir: “Não nos deixes cair em tentação”. Oramos, mas às vezes não fazemos esforço para remover do íntimo as causas da tentação. A questão não é deixar de ser tentado, mas de, sendo tentado, não ceder. Não é continuar ignorando nossas imperfeições, mas, descobrindo-as, vencê-las. A súplica não é para não ser tentado, mas para não sucumbir à tentação. Inevitável sejamos experimentados, a fim de, aos poucos, nos libertarmos das tendências inferiores, do mal que ainda reside em nós mesmos.



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