Sopro do destino

Sopro do destino

Coincidências marcam as vidas das velejadoras Kahena Kunze e Martine Grael, da Classe 49er FX

por Luiz Humberto Monteiro Pereira

jogoscariocas@gmail.com

Kahena Kunze e Martine Grael – Foto: Fred Hoffmann / CBVela
Kahena Kunze e Martine Grael – Foto: Fred Hoffmann / CBVela

Uma certa simetria embala a dupla que representará o Brasil nas Olimpíadas do Rio na Classe 49er FX feminina. A paulistana Kahena Kunze é filha do velejador Claudio Kunze, campeão mundial júnior da Classe Pinguim em 1973. Já a niteroiense Martine Grael é filha do velejador bicampeão olímpico Torben Grael. Ambas cursaram Engenharia Ambiental – Martine na PUC, Kahena na UFF –, mas trancaram as faculdades para se dedicarem integralmente aos treinamentos. Completarão 25 anos antes dos Jogos, com exatamente um mês de diferença – Martine é de 12 de fevereiro, Kahena é de 12 de março. Amigas de infância e ex-rivais na vela em diferentes categorias do esporte, as sargentos Grael e Kunze – integrantes do Programa Olímpico da Marinha – lideram o ranking da Federação Internacional de Vela desde 2014, quando conquistaram o Mundial da categoria. “Foi um Mundial unificado com todas as modalidades olímpicas da vela. Depois, veio a surpresa de sermos eleitas as melhores velejadoras do mundo em 2014”, lembra Martine. Kahena mora no Rio e Martine em Niterói, mas se encontram para treinar no meio do caminho – na Baia de Guanabara, o mesmo local das competições olímpicas de agosto. “A vontade de ir às Olimpíadas já me belisca há muito tempo”, explica Martine, que é a mais morena e magra da dupla. “Vai ser uma experiência única!”, complementa a loura Kahena. Além da Bolsa Pódio do Ministério do Esporte, a dupla é patrocinada pela Embratel Claro, BG Brasil, Omega e Hyundai.


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Jogos Cariocas – Quais são seus pontos fortes na vela? E o que precisa aprimorar?

Martine Grael – Preciso aprimorar em muitos aspectos: regras da vela, relacionamento com o time – parceria é uma coisa difícil – , e obviamente sentir o barco para ajustar o equipamento da melhor maneira possível. Nas competições, é preciso pensar muito rápido, para que as tomadas de decisão sejam rápidas. Às vezes não dá muito tempo de pensar, tem que agir. Nessa hora entra a intuição, e as decisões são tomadas conforme experiências em outras situações parecidas que você já passou. Acho que esse é um dos meus pontos fortes. Outra coisa é que eu sempre tive uma preparação física boa, nunca sofri em regatas com isso.

Kahena Kunze – Estou descobrindo agora. Acho que um ponto forte seria nossa parceria. Sempre tem o que melhorar e aprimorar. Aos poucos vamos minimizando os erros.

Jogos Cariocas – Qual é a melhor parte de ser um velejador? Existe uma parte chata?

Martine Grael – A primeira coisa legal é que você é seu próprio chefe. Depois, seu escritório é no mar. Só é chato ter de ficar muitas horas no sol. Às vezes cansa.

Kahena Kunze – Não tem parte chata, só legal. Você está sempre na natureza, respirando ar puro!

Jogos Cariocas – Como a vela influiu no seu jeito de ser?

Martine Grael – Sou muito agitada. Como velejo desde pequenina, não sei se foi a vela que me faz ser agitada ou é o meu gênio…

Kahena Kunze – A vela me traz um estado de espírito muito bom. Estar em contato com o mar me relaxa.

Jogos Cariocas – Como é a sua rotina de treinamentos?

Martine Grael – Acordo as 7 h, como, faço aeróbico de manhã – bike, remada ou corrida –, como, resolvo o que há para resolver no final da manhã, almoço, monto o barco, vou velejar, como, vou malhar, como. Adoro comida! O ritmo vai de acordo com nosso cansaço físico e mental. Aqui no Rio, fazemos cinco dias de treino e dois de folga por semana. Muitas vezes pegamos o dia livre ou tiramos um dia de folga quando as coisas exigem.

Kahena Kunze – Acordo, faço um aeróbico ou ioga, velejo mais ou menos três horas, trabalho no barco. Volto para casa e, se sobrar energia, ainda faço musculação. Durmo cedo. Esse começo de ano vai ser intenso – vamos correr sete campeonatos até maio.

Jogos Cariocas – O que espera das Olimpíadas de 2016, no Rio?

Martine Grael –  Desde 2009, rumei a minha vida para isso e larguei tudo para me dedicar inteiramente ao esporte que eu tanto gostava. Sinto como se a preparação para as Olimpíadas do Rio estivesse sendo um passo, um degrau na minha vida. Quando terminar, em agosto, independentemente do resultado, eu vou sempre estar mais adiante e mais alto . Talvez um pouco mais alto se vier uma medalha, mas o importante é se sentir progredindo.

Kahena Kunze – Nossas primeiras Olimpíadas e ainda mais em casa. Espero entrar bem focada e fazer meu melhor!

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