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Rússia, EUA e Reino Unido realizam reunião tensa sobre Ucrânia na ONU
EUA e Reino Unido criticaram possibilidade de intervenção militar no país. Kremlin acusa Ocidente de estar por trás da instabilidade na Ucrânia.
O Conselho de Segurança da ONU manteve, neste sábado (1º), uma tensa reunião sobre a crise ucraniana, na qual Rússia, Estados Unidos e Reino Unido trocaram acusações e não alcançaram nenhum ponto de consenso.
Os EUA e o Reino Unido atacaram Moscou duramente por sua intervenção militar no território ucraniano e exigiram que a Rússia voltasse atrás, enquanto o embaixador russo defendeu as medidas tomadas pelo Kremlin e acusou o Ocidente de estar por trás da atual instabilidade na Ucrânia.
O encontro, solicitado com urgência pelo Reino Unido, começou com atraso, depois que as partes discordaram sobre o formato que deveria ser utilizado.
Os países ocidentais pressionaram para que fosse um debate aberto, enquanto a Rússia queria uma sessão com portas fechadas, disseram à EFE fontes diplomáticas.
Finalmente, os membros do Conselho mantiveram uma breve reunião acessível às câmeras – na qual também discursou o embaixador ucraniano – e depois realizaram consultas privadas.
Os discursos de todas as partes deixaram claro o abismo que separa as posturas do Ocidente e de Moscou em tudo o que se refere à Ucrânia, enquanto a China – o outro membro permanente com direito a veto – não discursou.
A embaixadora americana, Samantha Power, acusou a Rússia de intervir na Ucrânia com “uma ação provocadora”, sem fundamentos legais e que é “tão perigosa como desestabilizadora”.
“Esses atos podem levar uma situação que já é tensa para além do ponto de ruptura”, advertiu Power, que pediu que Moscou retire as tropas mobilizadas em território ucraniano e inicie um diálogo político com Kiev.
Os EUA, com o apoio do Reino Unido, também consideraram fundamental o envio de uma missão de mediação internacional para a Crimeia para tentar acalmar a situação. A pessoa chamada, a priori, para conduzir essa iniciativa – o enviado especial do secretário-geral da ONU, Robert Serry,- tentou chegar à região autônoma, mas não teve sucesso e decidiu dar por finalizada sua missão na Ucrânia. Serry se reunirá com Ban Ki-moon em Genebra para estudar os próximos passos.
A missão internacional, em todo caso, não conta com o respaldo de Moscou, que se declarou contrário a uma mediação imposta e que, além disso, questiona a independência do holandês Serry.
O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, defendeu as medidas tomadas por seu país pela “grande preocupação” que as decisões do novo governo de Kiev provocaram no leste da Ucrânia e especialmente na Crimeia.
Churkin lembrou que o presidente, Vladimir Putin, ainda não tomou uma decisão definitiva sobre o possível uso da força em território ucraniano e investiu mais uma vez contra a Europa e os EUA por estes terem encorajado a revolução contra o governo eleito democraticamente pelos ucranianos.
O embaixador russo discursou no Conselho de Segurança imediatamente após seu colega ucraniano, Yuriy Sergeyev, que denunciou a “agressão” da Rússia contra seu país e sua integridade territorial. “As tropas russas entraram ilegalmente em território da Ucrânia”, disse Sergeyev, que ressaltou que o número de soldados aumenta a cada hora. Ele afirmou ainda em entrevista que pode haver 15 mil soldados russos na Crimeia.
O representante de Kiev pediu que os líderes mundiais – especialmente de EUA e Reino Unido – falassem com Putin para convencê-lo a voltar atrás.
Sergeyev lembrou que Washington e Londres assinaram em 1994, juntamente com Moscou, o chamado memorando de Budapeste, pelo qual se comprometeram a defender a Ucrânia em troca da entrega de seu arsenal nuclear procedente da era soviética.
Pouco antes do início da reunião do Conselho de Segurança, Ban manteve uma conversa telefônica com Putin, na qual pediu que o líder russo dialogasse de forma urgente com Kiev e lhe transmitiu sua preocupação pelos últimos eventos.
As autoridades ucranianas afirmam que Moscou rejeitou todos os seus pedidos para negociar sobre a crise.
Fonte: g1.globo.com (EFE)