Renovação

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ABR/13 – pág. 50

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos”. Paulo (Romanos, 12:2)

O nosso planeta Terra constitui um mundo espiritualmente ainda pouco evoluído. Na classificação dos Espíritos superiores, é um mundo de expiação e provas, onde a matéria ainda predomina sobre o Espírito. Vale dizer que, como a maioria das pessoas, atribuímos maior valor aos bens transitórios, materiais, do que aos bens do Espírito. Daí, os enganos que cometemos e as desilusões. Buscamos a felicidade por caminhos errados e, frequentemente, decepcionamo-nos.


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O Espiritismo veio explicar e recordar os ensinamentos do Nazareno, desenvolvendo as informações em aspectos que, há dois mil anos, ainda não conseguíamos compreender e aceitar. Por isso, não nos será possível conformarmos com o modo como vive a maioria das pessoas. Temos outra tabela de valores: os valores espirituais, convidando-nos a investir em nossa educação, no aperfeiçoamento do Espírito, com vistas à aquisição da riqueza “que o ladrão não rouba e a traça não come”. A tarefa, no entanto, é muito mais portas adentro do nosso próprio ser do que em relação aos outros. Jesus convida seus discípulos para servirem ao mundo, sem atitudes de violência, ou imposição. Nada de rebelião ou discussões infrutíferas. Nossa responsabilidade é por aquilo que fazemos, pelo que somos, e não pelo que os outros fazem. Se alguém não ama, se odeia, se faz o mal, pior para ele, porque sofrerá as consequências dessas atitudes. Se nós não amamos, se não cumprimos nossos deveres, se cuidamos apenas das aparências, pior para nós que não estamos evoluindo e que, forçosamente, sofreremos as consequências do comodismo.

Não nos cabe, a pretexto de seguir o Mestre, sair atacando os outros. “Se alguém quiser vir após mim”, disse Jesus. Não há imposição. A adesão é voluntária, mesmo porque só terá validade sendo escolha do próprio interessado. O Espiritismo ensina-nos a sermos exigentes conosco mesmos e utilizarmos de benevolência, de tolerância para com o próximo.

“Brilhe vossa luz diante dos homens”, afirmou o Mestre. Amoroso convite para o esforço evolutivo, para desenvolvermos nossas potencialidades. Mas, se não tivéssemos possibilidades de desenvolver os valores positivos que estão em nós, latentes, o Mestre não faria tal afirmação. O ser humano não é só o que ele é atualmente. É também um potencial, pode e deve superar-se, desenvolver-se. Uma etapa da vida prepara a etapa seguinte. O estudante recebe informações na escola e habilita-se ao início de uma carreira profissional. Com a prática, vai aperfeiçoando o seu desempenho e galga novos degraus na hierarquia da profissão escolhida. Na construção de um edifício, primeiro vem a fundação, os alicerces, o erguimento das colunas, das paredes e, por fim, a cobertura, o acabamento. Sem a execução de cada etapa, a fase seguinte não pode ser executada. Assim, também na edificação espiritual. À medida que formos executando as etapas mais simples, elementares, vamos capacitando, preparando-nos para a execução das fases seguintes.

A capacitação é conseguida pela atuação na sociedade, no contato com o próximo, na família, no trabalho, no Centro Espírita, onde tivermos possibilidades de atuar. Não no isolamento. Não sermos indiferentes às necessidades do próximo, sejam elas de ordem material ou espiritual. Somos responsáveis não só pelo mal praticado, mas também pelo bem que deixamos de fazer, pois, em decorrência disso, o mal surge como consequência de nossa omissão. Porém, esta atuação junto ao próximo há que ser mais pelo exemplo, por atitudes, do que por palavras, por aconselhamento. Pessoas que falam, existem muitas, mas quem faz, quem consegue induzir os outros pelo exemplo, demonstrando verdadeiramente que acredita naquilo que fala, é raro.

Concluímos reproduzindo algumas considerações de André Luiz, por Chico Xavier, no livro “Agenda Cristã”, página intitulada efetivamente: “Ajudar não é impor. É amparar, substancialmente, sem pruridos de personalismo, para que o beneficiado cresça, ilumine-se e seja feliz por si mesmo. Ensinar não é ferir. É orientar o próximo, amorosamente, para o reino da compreensão e da paz. Renovar não é destruir. É respeitar os fundamentos, restaurando as obras para o bem geral. Esclarecer não é discutir. É auxiliar, através do espírito de serviço e da boa-vontade, o entendimento daquele que ignora. Amar não é desejar. É compreender sempre, dar de si mesmo, renunciar aos próprios caprichos e sacrificar-se para que a luz divina do verdadeiro amor resplandeça”.

José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE

 

 



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