Ministro da Fazenda participa de evento em São Paulo, nesta segunda (26).
Para ele, Brasil está crescendo, apesar das dificuldades.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (26) acreditar que o Brasil está crescendo, “apesar das dificuldades”, e que a recuperação da economia dos Estados Unidos “é uma faca de dois gumes”.
“A melhoria dos Estados Unidos é uma faca de dois gumes. Ela é boa para a economia mundial, porque é um irradiador de crescimento, mas neste primeiro momento o faz com uma mudança anunciada na política de estímulo monetário”, disse, durante almoço do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo.
Segundo ele, no curto prazo, a mudança da política monetária “causa uma turbulência que atrapalha todo mundo”. “Temos uma turbulência cambial e financeira.”
BC pode injetar até mais que US$ 60 bi, diz Mantega
Questionado sobre se havia uma perspectiva para o patamar do câmbio, Mantega afirmou que isso dependerá da atuação do banco central norte-americano (Federal Reserve). “Cabe a ele fazer os movimentos que vão acalmar este mercado, desde que foi ele que causou esta turbulência. Quando começarem a retirar os estímulos e eles estiverem quantificados, o mercado se acalma. Porque o mercado fica nervoso quando ele tem indefinição”, disse.
Segundo ele, se for preciso, a injeção de US$ 60 bilhões do Banco Central pode ser ainda maior. “Não não colocamos nada, é câmbio futuro. Só faz uma aplicação, uma aposta. (…) O Banco Central falou em US$ 60 bilhões, podemos até ter mais que US$ 60 bilhões, se for o caso. Não temos limite para isso”, disse.
Sobre o fato de o real ser uma das moedas que mais estão sofrendo ante o dólar, o ministro da Fazenda disse que isso se deve, em parte, ao fato de ao país ter um mercado muito aberto, mas garantiu que o Brasil “tem muita reserva, tem muita munição para enfrentar uma situação como essa”.
Segundo ele, a situação do Brasil é mais favorável que a de outros países. “Porque em outros países está havendo saída de capitais, está havendo saída de recursos e as reservas estão diminuindo. Na soma dos países emergentes já houve uma redução de reservas de US$ 150 bilhões. Aqui no Brasil não caiu nenhum tostão, nenhum dólar saiu do Brasil”, afirmou.
De acordo com Mantega, em outros países o problema é de falta de dólar, o que não ocorre no Brasil. “Aqui não falta dólar. Aqui, no mercado à vista, está sobrando, o mercado está líquido. Onde ocorre a desvalorização do real é no mercado futuro, mercado de derivativos onde os fundos ficam comprados em real. É mais por uma questão ou de fazer hedge ou é uma aposta para ganhar dinheiro”, disse.
Segundo ele, o movimento ocorre com mais intensidade no Brasil porque o país tem o mercado mais aberto, mais líquido, mais seguro de derivativos. “Nós temos muitas reservas, o Banco Central está entusiasmado em não deixar que haja uma flutuação excessiva”, acrescentou.
Fonte: g1.globo.com