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Quem diria!
Quem diria que, simultaneamente ao Covid-19, viria à tona o problema do racismo na polícia e sociedade americanas? Aliadas a preocupações físicas e econômicas, às limitações sociais, escolares e de lazer, adicionam-se agora, por razões diferentes, preocupações físicas, econômicas, sociais e de segurança policial, devido a um sistema cuja infraestrutura está sendo questionada e reestruturada.
Por que mais uma morte desnecessária como a de George Floyd? Talvez o vírus esteja “ajudando” a medir o que merece riscos e qual vida queremos viver. Como imigrantes, conhecemos bem o significado de mudanças radicais e com sacrifícios na esperança de mudar para melhor.
Talvez pelo fato de ter nascido em Portugal, durante um regime fascista e, quando adolescente, ter visto esse regime derrubado depois de 50 anos, as revoluções não me assustam tanto, pois eu já tive a oportunidade de presenciar uma sociedade em mudança. A história comprova que muita coisa muda à força. A Revolução Francesa afetou também a América e o mundo. Atravessamos um momento histórico significativo.
Esperemos que o que estamos passando neste país melhore aspectos dessa sociedade e para além dela. Cada um pode contribuir muito, pouco ou nada: com ações ou inações, com pensamentos positivos ou negativos. Hoje uma amiga disse-me que não entende as ações de alguns manifestantes sobre o racismo. Eu sugeri-lhe uma curiosidade aberta, pronta para ler, perguntar e ouvir. Não faltam oportunidades. Cuidado com atitudes taxativas. É imprescindível ouvir as crianças, independentemente dos valores nos quais elas crescem ou estão habituadas. Isso se chama evoluir, “crescer” e decidir quem somos hoje, com uma perspectiva adulta, apesar dos ensinamentos de quando éramos crianças.
Empatia e capacidade de entender os outros de acordo com as experiências alheias. Se não conseguimos compreender, vamos nos lembrar, pelo menos, de que os sentimentos alheios são comuns, ou seja, pergunte-se “quando foi a última vez que sentiu o mesmo, ainda que em circunstâncias diferentes”; em vez de se perguntar “quando se sentiu assim, em circunstâncias similares”. O que interessa é nos relacionar e nos unir, em vez de nos opor pelo “a”, “b” ou “c”.
Aproximamo-nos do final do verão, com algumas tempestades (muito provável), e um outono e inverno de constipações e gripes, além do que já estamos atravessando. Neste momento, seja pelo Covid-19 ou pelo racismo, tentemos encontrar o que é valioso: um denominador comum, bem como poder ouvir e apoiar-se mutuamente.
Thecounselingteacher.com publicou um gráfico sobre o que podemos controlar ou não. Por exemplo, não temos controle se os outros usam máscaras ou respeitam as regras de distanciamento, assim como quanto tempo tudo isso vai durar. No entanto, podemos controlar nossas atitudes, tais como respeitar as recomendações de saúde e como ajudar o próximo. A saúde mental reside em diferenciar um do outro. Enfoque no que pode controlar e não se preocupe com aquilo que não pode.
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