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Meu amor pelos animais começou desde muito pequena quando eu morava em uma fazenda. Tínhamos inúmeros animais espalhados por ela: cães, gatos, cavalos, coelhos, galinhas e patos. Eu adorava cada um deles. Alguns serviam como proteção da casa; outros, para a “panela”. Chorava muito quando sabia que o que estava sendo servido na mesa era meu amiguinho. No final das contas, acabava comendo também. Hoje, sou vegetariana.
Por ser a única filha entre tantos irmãos homens, meus melhores amigos eram os animais. Passava horas conversando com eles. Eles foram minha primeira referência de amizade verdadeira. Depois, o tempo passou, fui para a escola e, aí, passei a ter minhas amigas. A pensar nos passeios da turma, nos meninos, nas roupas bonitas… Enfim, cresci. Apesar de ter outras preocupações, nunca me esquecia dos meus “lindinhos”. Sempre arrumava um tempinho para eles.
O tempo passou, mudei de cidade para poder estudar. Por um tempo, precisei dedicar-me exclusivamente aos meus estudos. No entanto, nunca deixei de me preocupar com os animais que eram abandonados na Faculdade onde estudei. Lá, eu os alimentava, dava água, cuidava deles como eu podia. Tentava encontrar uma família para eles. Quantos amigos meus acabaram levando um ou outro por minha terrível insistência.
Depois que me casei, minha vida era uma loucura: trabalhava o dia inteiro, tinha casa para cuidar e uma filha pequena. Desta vez, precisei deixar os animais de lado para que eu pudesse dar conta de minhas obrigações.
No entanto, meu amor somente ficou adormecido. Ele nunca deixou de existir. Foi quando, um dia, ao voltar da Faculdade onde leciono em São Carlos, encontrei um cachorro que ficava na entrada da cidade. Todos os dias, quando eu voltava da Facu, ele estava lá. Sarnento, feio, magro. Aquele cachorro despertou todo o amor que sempre tive pelos animais de tal forma que eu passei a ajudar todos os que passavam por mim e precisavam de minha ajuda. Passei a alimentar e dar água todos os dias para esse cão. Cuidei da sarna dele. Ele começou a voltar a ser o que era: um cão saudável e alegre. Ele morria de medo das pessoas. Acredito que ele tinha sido muito maltratado. As pessoas olham um cão doente e só pensam que ele não deveria estar lá. Para mim, ele deveria estar exatamente lá, pois assim eu poderia ajudá-lo. Fui conquistando a amizade desse cãozinho aos poucos. Era muito engraçado… eu estava chegando à cidade e o via saindo do meio do mato para vir comer e tomar água. Aquilo me emocionava. Meus companheiros de viagem me perguntavam: “E aí, vamos dar comida para seu cão?”. E eles também ficavam felizes pelo progresso que “meu” cão fazia… Cada dia mais lindo e saudável. Foi mais de um ano de encontros diários. Depois, ele sumiu. Eu o procurei por toda parte. Até que, um dia, eu o vi com um taxista na rodoviária. Fui lá e conversei com o taxista. Aí, soube que esse taxista estava cuidando do cão e pensando em adotá-lo. Ofereci toda a ajuda que podia dar. Até que, finalmente, meu cão foi adotado. Que felicidade! Um milhão de presentes não me trariam a felicidade que senti naquele momento. O cão passou a ter família e um nome: Neymar. Ele já não era mais “meu” cão. Ele era o Neymar.
Depois desse episódio, vieram muitos outros cães: A Diana (adotada por mim); a Nina (que levei para um aluno em São Carlos e foi morar em uma fazenda linda); a Moreninha (adotada por uma amiga)… enfim, muitos, mas muitos outros mesmo.
De qualquer maneira, meus melhores amigos foram e são os animais. Meu amor por eles aumenta à medida que conheço mais o ser humano e à medida que eles me decepcionam. Os animais nunca decepcionam. Eles somente nos dão alegria e afeto. As “lambeijocas” que recebo deles equivalem as joias mais preciosas que existem. Como eu os amo! Por eles, lutarei até o fim de minha vida. Essa é minha missão.
Na próxima edição, contarei a história da Diana, a primeira cachorra que eu adotei.
Um forte abraço!