O PM reformado, Ronnie Lessa, acusado da morte da vereadora Marielle Franco, recebeu mais um mandato de prisão pelo envolvimento na compra de peças em Orlando para moldar armas no Brasil – enviadas ao tráfico de drogas do Rio de Janeiro
Da Redação
Réu pela morte da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, o PM reformado, Ronnie Lessa – que cumpre mandato de prisão na Penitenciária de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul –, recebeu mais um mandato de prisão na cadeia, pela “Operação Florida Heat”, contra o tráfico internacional de armas. Lessa, segundo agentes da Polícia Federal, importava peças para a fabricação caseira de armas, sendo que o material era comprado em Orlando, com pagamentos em parcelas de menos de R$ 10 mil, para despistar o Coaf.
A mobilização conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público prendeu um casal no Rio, que participava dessa operação ilegal, e seguia no encalço de seis envolvidos – três pessoas nos EUA foram avisadas dos mandados judiciais expedidos pelas autoridades brasileiras e aguardarão processo de extradição.
Apurou a PF que a matéria-prima vinha de avião, pelo correio para a casa da mulher identificada como Ilma Lustosa, uma das presas. Ela repassava para as “oficinas”. Também foi preso, em outro endereço de Vila Isabel, no Rio, Victor Souza Oliveira.
A 1ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro também determinou o sequestro de bens, avaliados em cerca de R$ 10 milhões. A quadrilha investia o dinheiro adquirido com o tráfico de armas em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo.
Entenda o esquema
Disse a PF que a célula americana enviava armas de fogo, peças, acessórios e munição tanto em contêineres em navios cargueiros quanto em encomendas postais por avião. O material era acondicionado dentro de equipamentos como máquinas de soldas e impressoras, despachados juntamente a outros itens como telefones, equipamentos eletrônicos, suplementos alimentares, roupas e calçados.
No Brasil, as “oficinas”, comandas pela célula carioca finalizava o trabalho com auxílio de “Ghost Gunners” – impressoras 3D específicas para fazer armas –, que eram distribuídas para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel.
Quanto ao dinheiro para a compra do armamento, era enviado do Brasil para os EUA através de doleiros. Segundo a PF, foi identificado um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, que recebia parte e repassava para os alvos residentes nos EUA.
O trabalho conjunto para desmantelar a quadrilha, na “Operação Florida Heat”, contou com apoio da “Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI)” da Embaixada dos EUA; do “Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público”, do Rio de Janeiro, e da “Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)” do Morro dos Macacos.