Por que sofremos?

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ABR/14 – pág. 52

“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão fartos”. Jesus (Mateus, V-5, 6)

momento_espiritualPor que sofremos? Afirmam alguns que se sofre para ter mérito. Mas por que sofrem uns mais que outros? Não são todos filhos do mesmo Pai? A teologia afirmava – e ainda hoje há quem assim pensa – que a humanidade, na Terra, sofre por causa do pecado original, cometido por Adão e Eva, num imaginário Paraíso. Em consequência do erro deles, seus descendentes (toda a humanidade) foram condenados à vida na Terra, com aflições a ela inerentes. Entretanto, afirmou Jesus: “Qual é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe um peixe lhe dará uma serpente?” Nem a maldade dos homens leva um pai a proceder como inimigo de seu filho. Deus não pode ser menos justo e generoso que os homens. Deus não nos pode condenar pelo pecado original, que não cometemos.


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O Espiritismo nos ensina que sofremos para evoluir. O ser humano é realizável, mas ainda não realizado. Deus nos cria com um potencial e nos concede a oportunidade de trabalho para crescermos, desenvolver as faculdades que, a princípio, estão em germe na criatura. O sofrimento é o preço do aperfeiçoamento espiritual que nos cabe realizar.

Mesmo que não transgredíssemos as Leis divinas, só o trabalho evolutivo, realizado para desabrochamento de nossas faculdades, nos requer o esforço do aprendizado, disciplina, dedicação, o que chamamos de sofrimento. Porém, além do esforço natural da evolução, no uso do livre-arbítrio, agimos em desacordo com as Leis Divinas, e assim criamos outro tipo de sofrimento, a dor-expiação, para consertar o que fizemos de errado. Há, portanto, o sofrimento provação (a tarefa que nos é confiada em favor do nosso crescimento espiritual), a expiação (pagamento de dívidas contraídas anteriormente) e a dor-missão (tarefas mais importantes a que se impõem Espíritos mais evoluídos, em favor de outras criaturas mais atrasadas). Em qualquer dessas três situações o Espírito está evoluindo, desenvolvendo suas potencialidades.

Nesta linha de pensamento, é bom receber as dificuldades, as aflições, como lições, recursos educativos de que necessitamos para o nosso progresso espiritual. Mas não basta sofrer. É preciso saber sofrer, para tirar destas situações dolorosas todos os ensinamentos que elas nos transmitem. Podemos não evitar o sofrimento, mas podemos aprender como enfrentá-lo.

André Luiz nos esclarece que mais importante do que aquilo que nos acontece é a maneira como reagimos a esses acontecimentos. Se não sabemos aceitar a vontade do Pai a nosso respeito, acabamos criando dores desnecessárias. Como o menino que, brincando na rua, não atende ao chamado da mãe para o banho necessário. A mãe acaba obrigando-o a tomar banho, mas ele se rebela, faz birra. Nesta atitude, batendo com as pernas e os braços, dentro da bacia, ensaboado, leva água com sabão aos olhos, o que faz arder, doer.

Esta dor seria evitada se não fosse a birra, a rebeldia. assim é o ser humano. Com a nossa teimosia e ignorância das Leis Divinas nos rebelamos contra acontecimentos que são para o nosso próprio bem. Nessas atitudes de revolta (de birra), criamos dores desnecessárias. A dor faz três tipos de sofredores: os revoltados, aqueles que visitados pelas dificuldades tornam-se contra tudo e todos, complicando mais a situação; os conformados, ou seja, aqueles que se apassivam, como que desistem do bom combate, visitados por grandes dificuldades se deixam abater e caem numa espécie de marasmo, reduzindo a confiança em Deus e em si mesmos; e os regenerados: aqueles que mobilizam seus recursos, recorrem à oração, e vão fazendo o melhor que podem. Estes são os que tiram todos os benefícios, recolhem todos os ensinos do sofrimento, crescendo em saber, experiências e virtudes.

Grande parte de nossas aflições são consequência do orgulho, do egoísmo, da ambição, de todas essas paixões inferiores não atendidas. Se cuidarmos melhor de nossa educação, procurando nos conhecer, e conhecermos os ensinos de Jesus constantes dos Evangelhos; e se nos empenharmos em aplicar tais ensinos em nossas vidas, nos furtaremos a muitos aborrecimentos, porque, conforme disse o Mestre, “o seu fardo é leve, e seu jugo é suave”.

José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE



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