Polos opostos

Polos opostos

Edição de fevereiro/2020 – p.32

Polos opostos

Um dos meus grandes professores, Albert Pesso, referia-se à “Integração e Unificação de Polaridades” como uma (entre cinco) das tarefas necessárias para o desenvolvimento e amadurecimento do indivíduo. Em minhas palavras: todos são capazes de querer uma coisa um dia e, no outro, o oposto; tal como olhar para a namorada e achá-la o máximo e, no dia seguinte, perguntar-se quem é esta mulher horrorosa? Isso reflete a procura inocente e infantil de encontrar a mulher perfeita.

Todo ser humano é capaz de fazer o bem e o mal.  Esse poder de escolha é o que nos define.


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Culturalmente, somos condicionados a olhar o mundo de uma forma bilateral como, por exemplo, democrata ou republicano; santo ou diabo; preto ou branco. Curiosamente, a minha preparação educacional inicial (Faculdade de Letras em Cultura e Literatura, em Lisboa, Portugal) ensinou-me a olhar para as várias nuances das questões, os tons de cinzento que comumente nos unem como seres e povos complexos. A educação em psicologia também nos leva a identificar e catalogar as perfeitas imperfeições ou perfeitas diferenças humanas.

As experiências vividas por cada um influenciam, tal como o fato de os meus pais virem de níveis socioeconômicos diferentes e de dois pontos afastados do país. Agradeço-lhes a contribuição para meu desenvolvimento, onde há certa “tolerância”, ou “ambivalência”, como alguns preferem considerar.

Com a devida autorização, conto esta história: “Uma senhora, na casa dos 30, conta que seus pais se divorciaram quando ela tinha apenas 8 anos. A mãe casa-se pouco tempo depois e tanto a mãe quanto o padrasto são rigorosos na disciplina. No entanto, quando ela visita o pai – com certa regularidade – acha-o compreensível, justo e doce (talvez até um pouco demais). O pai também se casa e a madrasta rege o lema “aqui não há regras”. Dois polos opostos, ou seja, os extremos na maneira de disciplinar uma criança, o que é comum em muitos divórcios. De que modo integrar e unificar dois estilos tão diferentes para que a criança cresça tornando-se uma adulta com confiança e paz interior? Resposta: com consistência e em um ambiente de respeito em que as pessoas possam sentir-se ouvidas.

Idealmente, os pais não deveriam ter que se divorciar para que os filhos tivessem a oportunidade de testemunhar que as diferenças são normais e toleráveis. Os pais precisam dar o exemplo no dia a dia, mostrando um “mundo” onde a comunicação seja aberta e transparente, e as negociações e acordos sejam possíveis. Contrariamente a isso, essa senhora cresceu em um meio com diferenças muito grandes, o que lhe proporcionou certa confusão e ansiedade interior e o que a leva a evitar algumas situações atualmente, por intermédio do trabalho, perfeccionismo e faltando-lhe intimidade consigo mesma e com os outros. “A minha mãe nunca desistia das suas regras rígidas, não era aberta às minhas coisas (nunca yin e yang) e, então, eu tive que descobrir uma maneira de me adaptar, manipular e agradar”, contou-me ela. E disse mais: “Será que foi assim que aprendi a relacionar-me com pessoas com normas pouco saudáveis também?  Amigos cujos pais também não as tinham e que bebiam e fumavam conosco? Às vezes, sinto-me severa demais com meus filhos; outras vezes, sinto-me demasiadamente sem regras, com comida ou bebida, por exemplo.  Deve haver algo no meio”. Era a isso que se referia o meu professor Pesso, em “Integração e Unificação de Polaridades”.

Todos precisam estar cômodos com as diferenças para que as integremos de boa maneira dentro de nós. Os filhos precisam presenciar essas diferenças com naturalidade, aprendendo a sentir celebração (por elas), inclusão, aceitação e respeito em vez de divisão, rejeição, culpa e vergonha. Hoje, essa senhora começa a reconhecer a ranhura divisória profunda que há dentro dela e entende as suas origens. Com a terapia EMDR, o cérebro e corpo conseguem recriar as pontes necessárias entre esses extremos e dar as boas-vindas aos tons de cinzento, não mais tabu. Naturalmente, ela começa a ensinar aos filhos os bons modos, mas permite-lhes que expressem sentimentos fortes e diversos de maneira não violenta, bem como a esperar a cooperação deles em casa e a não exigir que eles gostem do que estão fazendo ou que o façam contentes.

O problema dos polos opostos é a rigidez de ter que decidir sobre um lado ou o outro.  A compreensão, a tolerância, a aceitação, a imaginação e a criatividade parecem residir no diálogo que aceita o que fica no meio, tal como o planeta Terra…  Polo Norte e Polo Sul são frios.  E o que fica entre eles?

Para mais informações, visite www.emdrian.org, www.pbsp.com, www.ortigao.com

Considere, ainda, “The Leap of Faith”, um dia sobre as semelhanças na Fé (e não as diferenças na Religião), um painel de cinco apresentadores, que inclui Steve Brown e William Paul Young, escritores conhecidos, com obras como “The Shack”. 2/29/2020, 8-17:00, St. Stephen Catholic Community Church. Contate Tom@CorporateSystemsConsultants.com



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