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Permissão para sofrer
MAIO/2015 – pág. 52
Talvez pareça um tema negativo, mas este artigo é dedicado às mães que sofrem em silêncio em meio a propagandas, celebrações e manifestações do “Dia das Mães”, que simplesmente se resumem a uma mensagem: “Este é o seu dia, seja feliz, celebre com seus filhos etc.”.
E o que podemos dizer às mães que perderam seus filhos, às mães que foram rejeitadas pelos seus filhos e às mães cujos filhos estão desaparecidos? E às mães que abortaram seus bebês, natural ou provocado? E às mães do exército (ArmyMoms)?
Como elas se sentem nestas celebrações? No decorrer de nossas vidas, passamos por perdas e ganhos. Perdas financeiras, trabalho, carro e casa, por exemplo,são processos temporais e recuperáveis. Os mais desprendidos reagem com mais facilidade e os mais apegados aos bens materiais sofrem e têm sérias dificuldades em assimilar a perda.
Mas, quando se trata da perda de um ente querido, mais precisamente de um/a filho/a, tudo muda de figura. No curso natural da vida, o certo seria os filhos enterrarem seus pais, por isso é inaceitável pais enterrarem seus filhos. A dor é imensurável e irreparável. No seu mais profundo significado, de acordo com Arnold e Gemma (1994), a “perda tem outros significados para além do fluxo natural da vida. Ela também significa ser roubada, despojada, desnudada. Sofrer perda muitas vezes significa se submeter à privação, a ser esgotado, separada, querendo o que perdeu e faltando o que se tinha. Perda pode significar não ter mais tempo, ter ido embora para sempre. A perda pode evocar sentimentos de terror (p. 5)”. O luto para muitos pode ser um processo contínuo e até mesmo nunca ser recuperado.
A pergunta que fica é: “O que podemos fazer com nossas perdas, o que fazer com os sentimentos?” Neste século, embora se aceite as manifestações dos sentimentos de perdas por um período determinado, geralmente eles são coagidos a se expressarem em particular (armazenados nas profundezas das nossas experiências). Na frieza e individualidade deste mundo, as pessoas que sofrem são isoladas ou evitadas.
A psiquiatra Elizabeth Kubler-Ross, na abordagem da Terapia Cognitivo Comportamental, descreve cinco fases do processo de luto (*):
- negação – nega a existência do problema, a perda ou situação ocorrida;
- raiva – expressa a ira, o ressentimento, geralmente culpando Deus ou outra pessoa como causadores do sofrimento;
- negociação – acontece geralmente dentro do próprio indivíduo, às vezes voltada para a religiosidade, uma ocupação, uma causa etc.;
- depressão – profundo sofrimento, desânimo,culpa, introspecção e necessidade de isolamento;
- aceitação – as emoções já não estão mais à flor da pele e a pessoa está pronta para enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.
Esse processo não é linear, pode-se superar ou voltar para alguma fase, assim como não há um tempo específico para a transição entre as frases. O importante é as pessoas – ao redor do indivíduo enlutado – respeitarem cada fase, sem cobranças ou pressão.
Apoio de parentes, amigos mais chegados, entidades religiosas são significantes nesse processo de luto. Quando se perde um filho, é necessário direção, assistência, ajuda até mesmo psicológica para desenvolver os mecanismos de defesa para enfrentar o amanhã. Há grupos de apoio que são benéficos e ajudam as pessoas a identificar suas emoções, a expressar seus sentimentos de forma segura e, ao mesmo tempo, a sentir-se validadas e fortalecidas.
Trabalhar com famílias em luto é uma experiência muito especial. Nós nos aproximamos das pessoas na maior tragédia de suas vidas. Nós tratamos feridas que nunca serão totalmente curadas e que causam dor infindável. Portanto, trabalhar com essas pessoas é um meio de expressar a nossa humanidade, que faz compreender a nossa própria vulnerabilidade.
“A base para trabalhar com famílias enlutadas é o nosso carinho e atitude abertos e nosso desejo de ouvir, compreender, apreciar e aceitar sentimentos e experiências. Nenhuma pessoa está melhor preparada para lidar com famílias enlutadas do que outra. Dor e perda não é o foco de qualquer disciplina. Na verdade, cada um de nós possui algo único para oferecer. Nós oferecemos a nós mesmos. O ato de cuidar, o compartilhamento de própria humanidade é que vai fazer a diferença”. (Arnold e Gemma).
Se conhecer alguém que está passando por esse processo, não evite contato. Seja presente, ofereça sua ajuda, seu apoio e seu ouvido. Refira para um grupo ou uma terapia se a pessoa se sentir debilitada no seu dia a dia. Mas faça isso com amor, sem julgamento ou opiniões formadas. Apenas vista o “sapato do seu próximo” e procure compreender a sua experiência de uma forma neutra.
Referência:
http://www.griefshare.org/
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/tcc_perda_luto.htm
Arnold, Joan & Gemma, Penelope (1994). A CHILD DIES. A Portrait of Family Grief. The Charles Press Publishers.
Sandra Freier
Registered Marriage and Family Mestrado em Aconselhamento Pastoral e Aconselhamento para Casais e Família. Atende na First Orlando Counseling Center
Contato: San.crfreier@gmail.com