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Está mais que provado que o estudo da demografia é o mais eficiente elemento na tomada de decisão de uma empresa para o lançamento de novos produtos, mudanca de estratégia de distribuição e até de localização da sua sede.
Mas, exatamente, o que se tem que saber da demografia do país ou do estado onde vive? Primeiramente, o estudo das gerações torna-se essencial para conhecer o comportamento dessa faixa de população nas tendências de consumo e comportamento.
Os “Baby Boomers”, como são chamados aqueles que nasceram entre os anos de 1946 e 1964, são hoje cerca de 78 milhões de pessoas vivendo na América e que representam 44% da força de trabalho dos Estados Unidos. A geração seguinte, chamada de geração “X”, os nascidos entre 1965 e 1979, representa cerca de 51 milhões de pessoas, que estão entre os 35 e os quase 50 anos hoje. Temos depois a geração “Y” ou a “Geração do Milênio”, também chamada de “Echo Boomers” – os nascidos após o ano de 1980.
A geração dos “Y” acabou sendo batizada do “YP” (Young Professionals). Hoje, estão chegando aos 40 anos e trazem a nova tecnologia de administração, usando os aparatos eletrônicos e as suas derivações em termos de uso diário.
O comportamento dessas gerações passa a identificar as tendências de consumo, migração e comportamento na economia americana. Há, por exemplo, a tendência muito forte de que a geração dos “Baby Boomers” não irá se aposentar tão cedo. É comum encontrar pessoas dessa geração trabalhando e sem previsão de parar, mesmo atingindo a idade dos 70 ou até dos 80 anos de idade. Isso significa mais necessidade de empregos e distorção refente ao consumo dessas pessoas. Por exemplo, eles continuam a consumir roupas para trabalhar ao invés de roupas para descansar e passear. Passam a usar os cruzeiros e hotéis nas mesmas fases do ano em que os outros trabalhadores tiram férias e não preencheem as baixas temporadas, tipicamente ocupadas pelos aposentados.
Flórida irá sofrer nos próximos anos sensível redução da migração dos aposentados que mudam para cá, vindos de outros Estados, à procura de um lugar com clima mais quente. Há estudos mostrando que os “Baby Boomers” demorarão em aposentar-se, não procurando lugares longe de onde vivem e trabalham atualmente. O governo e os empreendedores passam a procurar nichos como, por exemplo, aposentados de outros países.
Lendo o comportamento dessa geração, nascem mais e mais centros de aposentadorias em estados e cidades do norte onde não havia interesse em oferecer moradias para aposentados e outros produtos como “assisting living”, “independent living” e “hospice”. Por outro lado, a tão esperada demanda para esses mesmos centros de aposentados tem procura reduzida na Flórida e outros estados com características históricas para aposentados.
Nos estados e condados, a idade média dos habitantes é também o indicador da tendência do consumo e da demanda imobiliária. Por exemplo, Flórida é a quinta idade média mais alta dos Estados Unidos hoje: 37.2 anos, perdendo somente para Maine, Vermont, West Virginia e New Hampshire. Esse indicador dará ao investidor e ao empresário indício de onde abrir um negócio de alta tecnologia e onde construir casas mais espaçosas e com menos escadas.
Os indicadores demográficos indicam, ainda, que, nos últimos 30 anos, cresceu a procura de espaço por habitante de 500 pés por pessoa para 860 pés. As pessoas querem mais espaço para morar e mais conforto. Isso acontece na média nacional, porque, em alguns centros urbanos, existem aqueles mais interessados em espaços pequenos e bem aproveitados, porém bem localizados. Exemplo disso são os centros chamados de “Mixted Use”, com apartamentos de alta densidade e com tamanho que não precisam exceder 800 pés.
A tendência das pessoas viverem em centros urbanos e quererem mais serviços e produtos a uma distância que podem percorrer sem o uso do seu veículo trouxe muitas informações sobre a tendência de construir cada vez mais centros de uso múltiplo. Empresas como o “Target” já estão mudando o conceito de Hipermercado para o que será chamado de “City”. Será comum você ver propagandas do “City Target”, por exemplo. Esses centros procuram cobrir todo o consumo em uma só localidade, dentro de um centro residencial, onde as pessoas tenham: alimentação, vestuário, serviços médicos e diversão.
Assim, constatam-se parâmetros na demografia para dirigir pressões de consumo. O condado de Brevard, por exemplo, com a idade média de 44 anos, tenta de toda maneira reduzir essa média para poder atrair mais jovens executivos, o que consequentemente traria mais negócios para aquela região em que há um dos maiores polos de desenvolvimento da indústria espacial nos Estados Unidos. Apesar de o condado oferecer excelentes escolas e ótimo serviço público, a tendência dos novos moradores é procurar um local perto da praia, com clima de ótima qualidade, o que não traz interessados em instalar polos tecnológicos ali.
O seu produto – ou seu investimento – merece ser protegido por um estudo avançado de curto, médio e longo termo. Recentemente, estive com o distribuidor de peças para reparos de carros antigos, estabelecidos na Flórida Central. Como parece paradoxal alguém estar em uma extremidade do país e distribuir para todos os estados, a inevitável pergunta: “Por que não mudar os galpões de distribuição para o centro do país como fazem muitos dos distribuidores?” A resposta clássica, porém empírica, foi que 80% das oficinas de restauração de carros antigos estão localizadas na costa do Atlântico e que, desses 50%, estão entre Atlanta e Flórida.
Portanto, mesmo sem ter feito uma pesquisa quando da instalação da empresa, com idade e dados estatísticos dos seus clientes, essa empresa de distribuição acabou por decidir em função da questão demográfica e não lógica.
Para obter estatísticas, há inúmeros institutos confiáveis. “Sensus”, por exemplo, é gratuito e fornece muitos dados. Outros institutos cobram, porém dão um serviço que, se bem usado, pode representar a tendência quanto ao sucesso ou fracasso da sua decisão.
Antonio Romano
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