O Colesterol

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MAI/12- pág. 45

Nem todos sabem que o colesterol é uma substância necessária para o organismo. Sem ele, as células não formam a membrana que as envolve. No entanto, o desequilíbrio na produção desse tipo de gordura pode ter sérias implicações no organismo. O intrigante é que existem dois tipos de colesterol: o HDL, ou bom colesterol, que protege contra ataques cardíacos, e o LDL, ou mau colesterol, que facilita a formação de placas de ateroma nas veias e artérias e favorece o aparecimento de doenças cardiovasculares.


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Nem sempre os níveis de colesterol são determinados pela dieta e estilo de vida. Colesterol alto não dá sintomas, a não ser quando o estrago já está feito, o que torna seu controle uma medida indispensável para evitar riscos, uma vez que há relação entre colesterol elevado e acidentes cardiovasculares. No Brasil, é a principal causa de morte em homens e mulheres. Nas últimas décadas, demonstrou-se a associação entre níveis elevados de colesterol no sangue e ocorrência de doenças cardiovasculares. Veja bem, doenças cardiovasculares e não apenas cardíacas. Isso significa que acidentes cerebrais e a insuficiência vascular periférica também fazem parte desse conjunto de enfermidades cujo denominador comum é a aterosclerose, doença ligada à elevação do colesterol que provoca entupimentos nas artérias e veias, ou seja, gera redução de luz e obstrução no interior das artérias e, consequentemente, diminuição do fluxo sanguíneo.

A aterosclerose é causa, por exemplo, de ataques cardíacos como infarto do miocárdio e angina (o principal sintoma é dor intensa no peito), de intervenções como pontes de safena e angioplastias e é causa também de acidentes vasculares cerebrais. Portanto, estamos falando de uma patologia, a aterosclerose, que tem como um dos fatores desencadeantes o colesterol aumentado.

 

O que é o Colesterol?

O colesterol é um tipo de gordura (lipídio) encontrada naturalmente em nosso organismo, fundamental para seu funcionamento normal. O colesterol é o componente estrutural das membranas celulares em todo nosso corpo e está presente no cérebro, nervos, músculos, pele, fígado, intestinos e coração. Nosso corpo usa o colesterol para produzir vários hormônios, vitamina D e ácidos biliares, que ajudam na digestão das gorduras. 70% do colesterol são fabricados pelo nosso próprio organismo, no fígado, enquanto que os outros 30% vêm da dieta.

 

Por que é importante entender o colesterol? 

Quando em excesso (hipercolesterolemia), o colesterol pode se depositar nas paredes das artérias, que são os vasos que levam sangue para os órgãos e tecidos, determinando um processo conhecido como arteriosclerose. Se esse depósito ocorre nas artérias coronárias, pode ocorrer angina (dor no peito) e infarto do miocárdio. Se ocorre nas artérias cerebrais, pode provocar acidente vascular cerebral (derrame). Portanto, o colesterol alto é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

 

Quais são os tipos de colesterol?

Existem 2 tipos de colesterol no sangue. O LDL colesterol (low density lipoprotein), também chamado de “mau” colesterol, que promove o depósito da gordura nas paredes das artérias e corresponde a 75% do total do colesterol em circulação. Quanto maior o LDL-C, maior risco de problemas.

 

O HDL colesterol (high density lipoprotein), também chamado de “bom” colesterol, que transporta o colesterol das células para o fígado, eliminando-o pela bile e fezes. Fornece proteção contra a arteriosclerose e, se o seu nível está baixo, o risco de doença cardiovascular aumenta.

Quais os níveis adequados de colesterol no sangue?

Os valores considerados ideais no sangue dependem dos fatores de risco da pessoa.

 

Adultos saudáveis:

• Colesterol total até 200 mg/dl

• LDL menor que 160

• HDL acima de 40 (mulheres devem ter essa taxa acima de 50)

 

Quem tem mais de dois fatores de risco (fumo, hipertensão, histórico familiar, obesidade):

• LDL abaixo de 130

• HDL acima de 45 (mulheres acima de 50)

 

Pessoas com doenças coronarianas ou diabetes:

• LDL menor que 100

• HDL maior que 45

(mulheres acima de 50)

*Os médicos ainda não chegaram a um novo consenso, mas a tendência é que essas pessoas devam manter as taxas de LDL ainda mais baixas, em torno de 70.

 

O Colesterol das Crianças:

Nos últimos anos, tem aumentado, e muito, o número de crianças com altos níveis de colesterol. A culpa é da alimentação dos pequenos, cada vez mais rica em comidas industrializadas e fast-food. O risco para essa turminha é enorme: quanto mais tempo esse vilão perambula pelo sangue, mais estragos é capaz de fazer. E atenção: o valor ideal para os pequenos é diferente dos adultos. Para eles, um colesterol total de 170 já é alto demais.

Quem deve dosar o colesterol?

Isso mudou porque hoje estamos lidando com os chamados grupos de risco. Por exemplo, um adolescente ou mesmo uma criança que pertença a um grupo de risco, porque a mãe, o pai ou ambos apresentaram alguma doença cardíaca, precisa ter sua análise muito mais cedo, aos 15, 20 anos. Sabemos hoje que a dislipidemia (alterações dos níveis das gorduras no sangue) pode manifestar-se precocemente até em crianças com alterações genéticas específicas.

Mesmo que a pessoa não apresente nenhum fator de risco, os níveis de colesterol devem ser avaliados a partir dos 30, 35 anos de qualquer maneira, porque o tratamento a longo prazo é importante e a prevenção pode ser feita por mudanças no estilo de vida, controle da dieta, exercícios físicos e uso de medicamentos.

A alteração do colesterol no plasma, isoladamente, não causa sintomas. Não há um mecanismo de alerta para indicar que o nível está aumentado. Portanto, a conduta mais sensata é fazer exames regulares.

 

Quais os alimentos que produzem aumento de colesterol?

Só encontramos colesterol nos alimentos de origem animal, ricos em gorduras do tipo saturadas. Assim, o colesterol está presente em todas as carnes e seus derivados, frutos do mar, gema de ovo, leite e seus derivados.

Outras fontes de gordura saturada:

• alimentos industrializados: bolos, biscoitos, chocolates, tortas, sorvetes;

• alimentos vegetais: coco, banha de coco, azeite de dendê;

As gorduras insaturadas ajudam a diminuir o colesterol sanguíneo, mas, por serem muito calóricas e engordar, devem ser consumidas com cuidado. Estão presentes nos óleos vegetais (oliva, canola, soja, milho, girassol), nozes, avelãs, abacate, margarinas. Alimentos de origem vegetal não contêm colesterol.

 

Quais são as causas do aumento do nível de colesterol?

Há uma série de fatores que promovem elevação do colesterol. Alguns são modificáveis, pois se relacionam ao estilo de vida do indivíduo (dieta ou exercício, por exemplo). Outros são inerentes e não podem ser modificados (hereditariedade).

 

Alguns fatores que você pode controlar:

• exercícios: os aeróbicos são uma forma de aumentar o HDL-C e reduzir o LDL-C, perder peso e controlar a pressão arterial. Discuta com o seu médico qual o melhor exercício para você;

• dieta balanceada: o excesso de peso, especialmente a gordura abdominal (barriga), aumenta outra substância gordurosa chamada triglicérides. Além disso, reduz o nível de HDL-C e aumenta o LDL-C;

• peso: o excesso de peso tende a aumentar o seu nível de LDL, o “mau” colesterol. A perda de peso pode ajudar a diminuir o LDL-C e aumentar os níveis de HDL, o “bom” colesterol.

Fatores que você não pode controlar:

• sexo: homens têm maior risco de apresentar colesterol elevado que as mulheres. Mas, depois da menopausa, o LDL-C da mulher aumenta e o HDL-C diminui;

• idade: o colesterol aumenta com a idade. Nos homens, isso ocorre a partir dos 45 anos. Nas mulheres, a partir dos 55 anos;

• hereditariedade: os genes podem influenciar o nível do LDL, através da velocidade com que ele é produzido e removido do sangue.

 

Como posso controlar o meu colesterol?

Através de uma alimentação balanceada, da perda de peso (se você for obeso) e da realização de exercícios físicos, você estará colaborando para que o seu colesterol esteja dentro dos níveis normais. Lembre-se, entretanto, de que qualquer uma dessas condutas só poderá ser tomada junto com o seu médico. Às vezes, apesar de tudo isso, o colesterol pode permanecer elevado. Necessária será, talvez, a administração de algum medicamento redutor de colesterol, que somente poderá ser prescrito pelo seu médico.

 

Por quanto tempo deve ser feito o tratamento?

De forma semelhante a de outros problemas crônicos, como diabetes e hipertensão, o tratamento das alterações do colesterol deve ser mantido por toda a vida. Tanto os cuidados com a alimentação e exercícios, como o uso de medicamentos, deverão ser empregados por tempo indeterminado.

 

Será que o meu nível de colesterol é alto? 

Normalmente, a elevação dos níveis do colesterol não provoca sintomas. O primeiro sinal pode ser um ataque do coração. A única forma de saber o seu colesterol é através de exame de sangue. Pergunte ao seu médico. E lembre-se: “Que seu alimento seja seu medicamento”.

Elaine Peleje Vac
elaine@nossagente.net
(Médica no Brasil)
Não tome nenhum medicamento sem prescrição médica.
Consulte sempre o seu médico.



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