O Brasil de desafios para Michel Temer

O Brasil de desafios para Michel Temer

Cerca de 11 milhões de brasileiros estão desempregados; o déficit da Previdência Social chega a 200 bilhões de reais. A dívida pública federal brasileira, que inclui os endividamentos interno e externo, subiu 2,5% em fevereiro deste ano, para R$ 2,81 trilhões

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Sob o comando do presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), o Brasil entra para um novo patamar de avaliações, de ordem política e econômica, originando no país um clima de esperança, embora surjam críticas ao legado peemedebista. A começar pela reforma ministerial – homens brancos e conservadores -, destoando da diversidade, conforme pregam os oposicionistas, pela falta de mulheres e negros no alto escalão. E para reparar o que se chama de equívoco, em recente entrevista, Michel procurou aparar as arestas dizendo que quatro mulheres vão integrar importantes secretarias de seu governo. E não basta isso, a Previdência Social – questão dos aposentados -, é outro abacaxi que o presidente precisa descascar. Sabe-se que o déficit da Previdência chega a 200 bilhões de reais. A dívida pública federal brasileira, que inclui os endividamentos interno e externo do governo, subiu 2,5% em fevereiro deste ano, para R$ 2,81 trilhões, informou o Tesouro Nacional. E, com o fim do Ministério da Cultura (MinC), que causou a indignação da classe artística, criou-se uma divergência entre os atores, pois os que apoiaram o fim do governo Dilma, agora estão sendo responsabilizados pelos petistas.

Já em m 2015, com um aceno para o mercado, Michel Temer lançou o documento “Uma Ponte Para o Futuro”. Em linhas gerais, as propostas ali contidas defendem que o Estado brasileiro está inchado, que os gastos públicos são muito altos e que agora, mais do que nunca, faz-se necessário um forte ajuste fiscal. Inicialmente, o então vice-presidente defendia que o documento não passava de uma contribuição para o debate de como o Brasil poderia retomar o caminho virtuoso do crescimento e da estabilidade econômica. O que se viu, contudo, foi que as sugestões se transformaram em seu programa de seu Governo, que agora está, de fato, em vias de começar.

Se, ao lançar o “Uma Ponte Para o Futuro” Temer se preocupou em tranquilizar o topo da pirâmide social, anunciando cortes de gastos e sondando nomes fortes no mercado financeiro para a economia – sondou Armínio Fraga primeiro e depois fechou com Henrique Meirelles para a pasta do Ministério da Fazenda –, também fez a base dessa mesma pirâmide tremer diante da falta de informações claras sobre o que pretende para a área social. O áudio vazado há algumas semanas em que o então vice-presidente falava sobre “sacrifícios” inevitáveis para a retomada da tranquilidade econômica, só fez aumentar o medo e as especulações de que programas sociais estariam no alvo dos cortes do novo Governo.
Em seu primeiro pronunciamento como presidente interino, no dia 12, poucas horas depois de o Senado confirmar o afastamento de Dilma Rousseff, Michel Temer falou muito sobre os desafios econômicos, e a necessidade de restaurar a confiança dos investidores. Dedicou uma parte para falar da necessidade da consolidação de políticas sociais. “Reafirmo, e o faço em letras garrafais: vamos manter os programas sociais. O Bolsa Família, o Pronatec, o Fies, o Prouni, o Minha Casa Minha Vida, entre outros, são projetos que deram certo, e, portanto, terão sua gestão aprimorada”, garantiu.“Você tem que prestigiar aquilo que deu certo, completá-los, aprimorá-los e insertar outros programas que sejam úteis para o país. Eu expresso, portanto, nosso compromisso com essas reformas”, completou.


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Ex-presidente do Banco Central nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, Henrique Meirelles se tornou ministro da Fazenda do presidente em exercício, Michel Temer. E segundo Meirelles, durante entrevista, o Brasil precisa resgatar a confiança, embora os desafios sejam iminentes, diante deum panorama sombrio. “É uma posição de muita responsabilidade. A situação de fato do país é muito difícil. Todos tão sentindo isso no seu emprego, naqueles amigos, parentes, ou na própria pessoa que perdeu o emprego, a inflação elevada, as coisas cada vez mais caras, a renda não acompanhando, os empresários tendo dificuldade”, ressalta. “O problema do Brasil foi uma questão de confiança. Por exemplo, se eu como consumidor compro menos, você como comerciante vende menos. Já que você vende menos, você começa também a comprar menos. No que você está comprando menos, você pode de fato demitir um funcionário.

E quanto ao desemprego que assola o país, com mais de 11 milhões de brasileiros sem trabalho, disse o ministro que a dívida das empresas, com a desaceleração da Economia tem sido a grande causa. “Para nós resolvermos um problema, nós temos que entender o que causou o problema. Então o que que está causando o aumento do desemprego. É exatamente por que as empresas tão vendendo menos, portanto produzindo menos, portanto demitindo funcionários. Toda vez que se demite alguém, tem mais uma pessoa, um pai de família, uma mãe de família desempregado. Nós temos que fazer com que a economia volte a andar. Temos que fazer com que de novo a produção aumente, as vendas aumentem, em função disso as empresas contratem as pessoas. Todos temos pressa, mas pra isso nós precisamos tomar medidas fortes, medidas que de fato façam efeito”.

“Por exemplo, a questão das finanças públicas”, justifica. “Agora o que nós temos que fazer é exatamente controlar estas despesas principalmente aquelas despesas que não são tão necessárias. Não estamos falando nos programas sociais. Não, porque isso é absolutamente necessário. Mas por exemplo existem muitas coisas: aumento de despesa por aumentos de salários, de determinados tipos de funcionários que não necessariamente poderiam ser justificável pelo aumento das receitas, outros tipos de gastos, em resumo, que não eram necessários. Portanto é isso que tem que ser feito. Tem que se baixar as despesas e colocar cada vez mais próximo do que o país ganha e que o governo arrecada”.

Ciclo de 13 anos do PT

Ao sair do Palácio do Planalto com a presidenta mais impopular da história democrática do país, o PT fechou um ciclo de 13 anos, mesmo número de sua legenda, no poder federal. Sai envolvido em um novo escândalo de corrupção, ainda em plena investigação, tratado como o maior de que já se tem história no país. Terá que se reconstruir como partido se quiser ganhar, novamente, a confiança de parte da esquerda que se sentiu traída. Sua principal estrela, Lula, terá que conviver com o fantasma da prisão trazido pela Lava Jato, sem grande parte do capital político que já teve. E a população terá como legado um país que nos últimos anos se tornou socialmente mais justo, mas que ainda espera viver em uma nação melhor e mais ética.

Protesto dos artistas

Em protesto contra a extinção do Ministério da Cultura (MinC), artistas e profissionais da cultura realizaram protestos. O movimento começou como um debate sobre as medidas adotadas pelo presidente em exercício Michel Temer, mas foi ampliado nas redes sociais e acabou se consolidando. O ato contou com cerca de 400 pessoas, em São Paulo, na Funarte (Fundação Nacional das Artes). Entre os manifestantes, artistas, estudantes, professores, ativistas da cultura e dos direitos humanos e militantes também de outras ocupações. A ideia é organizar uma programação e grupos que irão se revezar ocupando a Funarte dia e noite.



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