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No mesmo barco
No double skiff peso-leve feminino, Fernanda Nunes e Vanessa Cozzi remam forte para trazer medalhas olímpicas para os filhos pequenos
por Luiz Humberto Monteiro Pereira
Às vésperas de embarcar para uma temporada de treinos de um mês na Europa, que incluirá passagens pela Suíça e pela Itália, as remadoras Fernanda Nunes e Vanessa Cozzi dividem uma preocupação em comum: como vão ficar seus filhos? A carioca Fernanda – mãe de Bento, de 3 anos – e a paulista Vanessa – mãe de Larissa, prestes a completar um ano e meio – conciliam a euforia dos preparativos para a viagem com a tensa expectativa da saudade dos pequenos herdeiros. “Tirei o passaporte do Bento. Quero ver se ele vai pelo menos uma semana encontrar comigo”, avisa Fernanda, 31 anos, que é atleta do Flamengo. “Vai ser bem complicado deixar a família sozinha tanto tempo”, admite Vanessa, 32 anos, do Esporte Clube Pinheiros.
A seletiva nacional indicou quem comporia a dupla do double skiff peso-leve feminino quando faltavam 50 dias para a competição que decidiria a vaga olímpica. Com somente 7 semanas de treinamento juntas, Fernanda e Vanessa venceram a prova no pré-olímpico do Chile, em março, e conquistaram a classificação para os Jogos Rio 2016. Como apenas um barco por gênero de cada país pode participar das Olimpíadas de 2016, deixaram de fora a experiente catarinense Fabiana Beltrame, que tem três participações olímpicas e tentava a vaga no single skiff. “É uma pena que só possa ir um barco de mulheres. A Fabiana é uma referência para as remadoras brasileiras”, avalia a dupla.
Jogos Cariocas – Como se aproximaram do remo?
Fernanda Nunes – Minha melhor amiga era neta do vice-presidente de remo do Botafogo e me levou para remar, em 1997.
Vanessa Cozzi – Comecei a remar em maio de 2012 a convite do meu marido, que é remador.
Jogos Cariocas – Como o remo influiu no seu jeito de ser?
Fernanda Nunes – O remo faz parte da minha filosofia de vida. O esporte me traz autoconfiança e espírito de luta. Isso é aplicado em tudo na minha vida.
Vanessa Cozzi – O remo me deu disciplina, comprometimento, me ensinou a persistir firme nos objetivos.
Jogos Cariocas – O que é mais atraente no remo?
Fernanda Nunes – Estar em contato com a natureza. Se existe alguma coisa ruim em praticar o remo, eu desconheço.
Vanessa Cozzi – Principalmente a oportunidade de remar e estar em um ambiente ao ar livre. Competir e ter boas performances é a melhor sensação e o resultado de um trabalho duro e sério. A única parte chata é remar no frio.
Jogos Cariocas – Como é sua rotina de treinos?
Fernanda Nunes – Estamos treinando em São Paulo na raia da USP. Acordo às 6 h, treino das 7 às 9:30, descanso uma hora e tenho mais um treino de uma hora. Vou pra casa, almoço, descanso e volto às 15:30 para fazer a terceira sessão de treino. Saio umas 17:30, busco o meu filho e volto pra casa para jantar e dormir.
Vanessa Cozzi – Nossa rotina é de treinos de manhã e à tarde. Fazemos 3 turnos de treino, com uma tarde de folga durante a semana. Nos finais de semana, os treinos são só pela manhã.
Jogos Cariocas – Como estão as chances do remo do Brasil nas Olimpíadas?
Fernanda Nunes – Acho que as chances são boas. Tanto o double feminino quanto o masculino obtiveram bons resultados no pré-olímpico e estão treinando empenhados. É uma vantagem estarmos acostumadas com o clima e com a raia.
Vanessa Cozzi – Creio que temos chances de estar na Final A, onde competem os 6 melhores barcos do mundo.
Jogos Cariocas – Quem imagina que serão seus principais adversários?
Fernanda Nunes – Acredito que Inglaterra e Nova Zelândia sejam os barcos mais importantes da nossa prova. Mas, em competição de alto nível, não se pode considerar nenhum adversário fácil.
Vanessa Cozzi – Além desses dois, Canadá, EUA, África do Sul e China também devem chegar fortes. Mas também temos que contar com Itália, Suíça, Grécia…
Jogos Cariocas – O que acham da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde será a raia olímpica do Rio?
Fernanda Nunes – Remo na Lagoa Rodrigo de Freitas há anos e não é um lugar fácil. Numa mesma direção, você pode encontrar diversos tipos de vento. Saber remar na marola é essencial para remar bem lá. De resto, ela é linda de morrer!
Vanessa Cozzi – Gosto muito do lugar, a densidade da água torna a Lagoa Rodrigo de Freitas “leve” pra remar. A única coisa é que venta bastante e faz muita marola no meio do ano, mas remador tem que saber remar até em condições adversas. Estou animada para remar lá nos Jogos Rio 2016!
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