Nicette Bruno, uma lição de amor e superação

Nicette Bruno, uma lição de amor e superação

Ela interpretou grandes mulheres nas novelas e minisséries, além do teatro, entrando para o seleto time de expressão nacional no mundo das artes. Segue em frente, mesmo com a dor da perda do companheiro, o ator Paulo Goulart

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O casal Nicette Bruno e Paulo Goulart foi referência no mundo televisivo, pelo casamento sólido e família unida. Os filhos – Beth Goulart, Bárbara Bruno, Paulo Goulart Filho -, atores, seguem o legado deixado pelos pais e pela avó, Eleonor Bruno. Com a morte do esposo, em março de 2014, em São Paulo, Nicete mostrou-se uma mulher forte, apesar da saudade pela ausência do companheiro, o grande amor de sua vida. A união de Paulo e Nicette era conhecida como uma das mais duradouras do mundo artístico. Em 2013, o casal comemorou Bodas de Diamantes pelos 60 anos juntos. A história de amor não para aí: eles nasceram no mesmo ano, com apenas dois dias de diferença.

Recentemente, Nicette esteve na cidade Fort Lauderdale para receber o Prêmio “Lifetime Achievement Award”, em reconhecimento à sua trajetória profissional, em seus 68 anos de carreira. Uma das atrizes de expressão da dramaturgia brasileira, que interpretou grandes mulheres nas novelas e minisséries, além do teatro e do cinema. Simpática e distribuindo sorrisos, a veterana atriz se emocionou no palco, afirmando ser um momento importante de sua trajetória.“Receber um prêmio é sempre um motivo de alegria e emoção e, por isso, também estou em um momento de reflexão. Em 1947, no início da minha carreira, recebi um prêmio como atriz revelação. Hoje sou homenageada pelo conjunto do meu trabalho. Gostaria de agradecer a todos vocês. Esse prêmio me traz uma emoção muito forte”, relata.

Mostrando ímpeto e amor pela carreira, a veterana atriz subiu ao palco para o monólogo “Perdas e Ganhos”, inspirado no livro homônimo de Lya Luft, com a direção da filha, Beth Goulart. Foi um desafio, pois o seu esposo, Paulo Goulart, havia falecido. Nicette revelou na ocasião, em 2015, que todo o sofrimento causado pela dor da perda do companheiro, vítima de um câncer, se transformara em aprendizado. Por isso, era hora de recomeçar.“Esse novo trabalho é uma homenagem a ele. Infelizmente, não pude fazer essa peça na época em que estava vivo, mas ele me deu muita força para aceitar o convite. Me estimulou muito”, conta. “Esse texto me dá muita força, é um texto que fala de superação, um processo reflexivo sobre a vida. As pessoas dão muito valor às perdas e se esquecem dos ganhos”, confessa.


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Aos 83 anos – 68 de carreira -, Nicette faz um balanço de sua trajetória como atriz e relembra o apoio que recebeu para ingressar no teatro. “Celebro o fato de ter tido a oportunidade de fazer muitas personagens boas e a compreensão de não ter feito outras. Sinto orgulho de ter começado com a orientação de Dulcina de Moraes (atriz teatral); de ter tido a direção do Ziembinski na peça Anjo Negro, de Nelson Rodrigues; de ter feito Margarida, de Fausto; de ter começado ganhando medalha de ouro como atriz revelação. Dulcina me dizia que na vida temos dois caminhos, o do fracasso e o do sucesso. Ela repetia: Assimile tudo o que você puder diante de um fracasso para que o sucesso não suba à sua cabeça. Isso norteou minha vida. Meu outro orgulho é, junto com o Paulo, ter construído uma família com pessoas diferentes, mas respeitando as individualidades”, acrescenta.

Novelas e carreira

Em trabalhos recentes, nas novelas da Globo, Nicette interpretou Izabelita, em “I Love Paraisópolis”, de Alcides Nogueira e Mario Teixeira, vivendo a mãe da personagem de Letícia Spiller, Soraya, e avó de Benjamin, interpretado por Maurício Destri. Rica, ativa e disponível ao próximo, Izabelita bateu de frente com as atitudes e valores da filha. “Soraya queria colocá-la em um asilo e fez de tudo para afastá-la, para poder tomar conta da empresa da família. E nesse embate dramático, a trama teve momentos divertidos”, lembra a atriz. Ela também foi a Santinha, em “Joia Rara”. Diz que, “cada trabalho é um desafio novo. O dia que acabar essa consciência é melhor a gente ficar em casa”, revela.

Filha de Eleonor Bruno, Nicette iniciou na TV Excelsior na novela “Os Fantoches”(67), como Estela. Logo, fica nesse canal extinto até 1969, e nesses anos faz as novelas “A Muralha”(68), como Margarida Olinto, que mais tarde seria feito por Maria Luiza Mendonça na minissérie de 2000, e “Sangue do Meu Sangue”(69), como Clara.Em 1999, atuou na minissérie “Labirinto”(98), como Edite, na novela “Andando nas Nuvens”(99), como Judite Mota, mãe de Chico (Marcos Palmeira), e “Aquarela do Brasil”(2000), como Glória. A veterana atriz marcou presença no seriado “Sítio do Pica-Pau Amarelo”(2001), como Dona Benta. Em 2005, volta às novelas em duas produções de Walcyr Carrasco: “Alma Gêmea”(2005), como Ofélia, cujas cenas lhe renderam muito humor, e “Sete Pecados”(2007), como Julieta (sua segunda na carreira), fazendo par com Ary Fontoura (Romeu).

Indagada sobre dor e fé, Nicette Bruno foi enfática nas respostas: “Dor é dor. Você aprende na vida por dois caminhos: pelo amor e pela dor.Nasci em uma casa espírita e sempre me apeguei a Deus como força maior. Meus filhos também foram criados na doutrina. Eles viam todo o nosso trabalho social e aprenderam a dividir, repartiam suas roupas e brinquedos”, fala. “Se eu tenho fé, se acredito na vida e tenho certeza de que a vida não começa no berço e não termina na tumba, isso me impulsiona. A doutrina espírita nós dá força. Tenho certeza de que não estou desamparada. Sempre tive fé e a fé me ajuda muito porque não me revolto com os dissabores da vida. Isso não significa que eu não sofra”, complementa.



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