Momentos de reflexão

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OUT/15 – pág. 46

“Não se turbe o vosso coração” – Jesus (João, 14:1)

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Turbar significa perturbar, revolver, agitar, inquietar. Vivemos época de transição, de mudança nos costumes, de transformações sociais. Tudo parece estar se agitando, em confusão. E muitos ficam preocupados, até um tanto perturbados. Como sempre, os ensinos de Jesus nos fazem muito bem. Quando Ele recomendou aos discípulos tranquilidade, confiança, “não turbar o coração”, a situação para Ele e os companheiros, não era fácil. Conchavos entre políticos e religiosos, (os poderosos da Terra) buscavam um meio de destruí-Lo. Ele permanecia sereno, firme na sabedoria e na fé em Deus. Mas sabia que os discípulos não contavam ainda, com os mesmos recursos de fortaleza íntima. E assim procurou tranquilizá-los, mostrando que tudo estava bem, dentro do plano Divino. Também nós devemos sentir, hoje e sempre. Nosso planeta, como todo o universo, tem um Criador, sábio, justo e misericordioso. Todos somos seus filhos, estamos subordinados às leis por Ele estabelecidas, e que visam o nosso bem, nosso progresso espiritual, nossa felicidade.


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Precisamos lembrar disso, para não perdermos a orientação, nem “turbar o coração”, em época de confusão, de inversão de valores, de violência, e tantas coisas mais. É claro que as organizações humanas, que visam organizar e disciplinar a vida das pessoas são muito importantes no desempenho de suas funções; as leis humanas, as autoridades constituídas, a justiça, precisam cumprir o seu papel, e todos nós devemos apoiar e prestigiar as autoridades e trabalhadores no melhor desempenho de suas funções. Mas não nos esqueçamos de que, acima de tudo, está o poder Divino, que nos ensina e corrige, da melhor maneira, para o nosso bem.

Na questão 634 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta: “O mal se encontra na natureza das coisas? Falo do mal moral. Deus não poderia criar a Humanidade em melhores condições?” Resposta: “Os Espíritos foram criados simples e ignorantes. Deus deixa ao homem a escolha do caminho: tanto pior para ele, se seguir o mal. Sua peregrinação será mais longa. Se não existissem montanhas, não poderia o homem compreender que se pode subir e descer, e se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. É necessário que o Espírito adquira experiência, e para isso é necessário que ele conheça o bem e o mal”. Portanto, Deus nos cria sem desenvolvimento, sem conhecimento, mas com um potencial, com qualidades a serem desenvolvidas. Aplica conosco o princípio da educação ativa: dá-nos as condições e tarefas para realizarmos nosso aperfeiçoamento. Com o livre-arbítrio, o Espírito deverá desenvolver-se, crescer em conhecimentos e virtudes. Se escolhe mal o caminho, se transgride a lei, deverá sofrer as consequências, reparar o erro, e continuar a jornada evolutiva.

Emmanuel afirma que “criatura alguma na experiência terrestre poderá marchar constantemente a céu sem nuvens. Cada berço é início de viagem laboriosa para a alma necessitada de experiência. Ninguém se forrará aos obstáculos. O pretérito ominoso para a grande maioria de nós outros, os viandantes da Terra, levantará no território de nosso próprio íntimo os fantasmas que deixamos para trás, vagueantes e insepultos, a se exprimirem naqueles que ferimos e injuriamos nas existências passadas e que hoje se voltam para nós, à feição de credores inflexíveis, solicitando reconsideração e resgate, serviço e pagamento. Não passarás, assim, no mundo, sem tempestades e nevoeiros, sem o fel de provas ásperas ou sem o assédio de tentações”.

A subida requer esforço, como o aprendizado requer dedicação, empenho, em resolver problemas, realizar tarefas, para conquistar estágios mais favoráveis na área do conhecimento. Importante considerar a dificuldade como natural, normal, no processo evolutivo e procurar fazer o melhor. Para assegurar uma situação futura melhor é necessário fazer o bem, e não só evitar o mal (O Livro dos Espíritos, item 642). Muitos perguntam o que fazer? Como posso participar? Gandhi afirmou certa vez: “Um homem que desenvolveu o amor em si contribui para neutralizar, amenizar o ódio de milhares de outros homens”. Trabalhando para edificarmos o bem no nosso íntimo, confiando em Deus, orando, e vibrando pela paz, pelo entendimento, entre as pessoas e nações estaremos colaborando de algum modo. Concluímos com Emmanuel, ao nos afirmar: “não se turbe o vosso coração”, porque o coração puro e intimorato é garantia da consciência limpa e reta e quem dispõe da consciência limpa e reta vence toda perturbação e toda treva, por trazer em si mesmo a luz irradiante para o caminho”.


José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE



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