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Mecanismo da evolução
AGO/2015 -pág. 52
“Não andeis solícitos pelo que haveis de comer e de vestir – procurai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça, e todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo”– Jesus
As palavras acima, no entender do homem prático, inexperiente das questões espirituais, parecem expressão de um grande idealismo, mas sem sentido para a vida cotidiana. E, aparentemente, tem razão em não aceitar esse idealismo espiritualista, pois vemos todos os dias que essa focalização unilateral da consciência espiritual não realiza as coisas materiais das quais temos incessante necessidade. Raciocina a pessoa envolta em dificuldades de toda ordem (o pagamento do aluguel, a aquisição dos bens necessários à sobrevivência, enfim necessidades de todo tipo) e conclui que o mais urgente, o que resolve, é atender aos deveres da vida material. Há também infinidade de casos de pessoas que não foram previdentes, não planejaram suas vidas, e quando vem a dificuldade, como doenças, idade avançada, etc., sofrem falta de recursos para atendimento dessas necessidades. Em consequência, muitas vezes, passam a depender de parentes, ou amigos.
Reflitamos, pois, nos ensinos de Jesus. Ele não nos recomenda o desleixo, o não cumprimento de nossos deveres no plano físico. E sim nos esclarece que não devemos cuidar, somente, das necessidades do corpo. Mas isto não implica em ser imprevidente, pouco cuidadoso no cumprimento dos deveres da vida humana. Em outra oportunidade, perguntado, Jesus respondeu que se deve “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, ou seja, devemos atender aos deveres materiais sem descurar dos deveres espirituais.
A recomendação para buscarmos em primeiro lugar o reino de Deus nos alerta que os valores espirituais estão acima dos valores materiais, mas não são os únicos. Enquanto estamos no plano físico, precisamos atender as necessidades deste plano, sem descuidarmos dos deveres espirituais, mesmo porque atendendo as tarefas do campo material, o Espírito está realizando sua evolução. Quando a pessoa se prepara para a vida profissional; quando procura desempenhar bem seus deveres no trabalho, na família, na sociedade está realizando seu aprendizado, seu desenvolvimento espiritual. Entretanto, poucos têm consciência de que é um Espírito, vivendo temporariamente na Terra, e que ao voltar para a vida espiritual só levará consigo o que aprendeu, as experiências, e o resultado de suas ações. A grande maioria se ocupa quase exclusivamente nas questões materiais, atribuindo a estas o primeiro lugar na escala de valores. Daí, o alerta do Mestre: O mais importante é o Espírito. Buscar sua evolução e viver de acordo com as leis divinas.
E quanto aos que se dedicam aos interesses do Espírito, através da oração, do estudo e da prática do bem, será que os bens materiais para atendimento de suas necessidades vêm como consequência?
Para compreendermos esta questão, lembremos que somos um Espírito animando uma carne. E que todas as nossas necessidades estão relacionadas com a carência de evolução espiritual. À medida que resolvemos o problema do Espírito, pela educação, pela evolução, todos os outros problemas vão se solucionando naturalmente. Os outros problemas existem para impulsionar a evolução espiritual. A própria existência no plano físico, e as dificuldades a ela ligadas, são inerentes à necessidade de desenvolvimento espiritual. Uma vez desenvolvidas as potencialidades do Espírito, realizada a perfeição relativa de que ele é capaz, não terá mais necessidade de reencarnar, o que só o fará no cumprimento de missões, ou seja de tarefas importantes a benefício do seu próximo. Portanto, quando o Espírito atingir essa condição, não haverá mais dificuldades de ordem material, ou outra qualquer, pois, conhecendo plenamente as leis de Deus, e vivendo em total harmonia com elas terá uma vida plena.
José Argemiro da Silveira
Autor do livro: Luzes do
Evangelho, Edições USE