Marcia Sallaberry, Uma história de sucesso

Marcia Sallaberry, Uma história de sucesso

Edição de julho/2017 – pág. 50

Ela não é musicista, mas o que não falta é conhecimento do mercado musical. Ao longo dos mais de vinte anos de experiência profissional, Márcia Sallaberry iniciou sua carreira em loja de instrumentos em São Paulo, onde rapidamente conquistou a posição de líder de equipe. Daí em diante as oportunidades não deixaram de faltar. Recebeu convite de um dos maiores distribuidores brasileiros de instrumentos musicais, sediado em São Paulo, para integrar o quadro de vendedores, e com uma carteira de 250 clientes, o reconhecimento internacional foi inevitável. Anos antes de se mudar para os Estados Unidos foi uma das responsáveis por abrir o escritório da norte-americana inMusic no Brasil, onde o sucesso e reconhecimento foram proporcionais ao tamanho dos desafios.

NAMM Show, onde os negócios acontecem
NAMM Show, onde os negócios acontecem

Residente em Orlando há três anos, Márcia Sallaberry acaba de receber proposta para ser a responsável pela Made 4 You, loja de instrumentos musicais cujos proprietários são brasileiros. Confira com exclusividade ao Nossa Gente um bate-papo com quem sabe tudo de instrumentos musicais.


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Nossa Gente – Como foi o início de seu envolvimento com o mercado da música?

Márcia Sallaberry – Iniciei no mercado musical em 1996, quando entrei para ocupar o cargo de vendedora na loja P.A. Instrumentos Musicais, em São Paulo. A música sempre fez parte da minha história, pois em minha família sempre teve muitos músicos.

NG – Sua conexão com a música então começou no varejo…

MS – Sim, de vendedora passei a supervisionar uma equipe de vendedores, bem como auxiliar nas compras junto aos fornecedores, localizar e organizar a exposição dos produtos na loja, dentre muitas outras funções. A P.A. foi a minha base, o início de tudo. Lá aprendi os fundamentos do comércio de instrumentos no Brasil.

Mapex 'golden key', em reconhecimento ao bom trabalho
Mapex ‘golden key’, em reconhecimento ao bom trabalho

NG – Do varejo você passou a atuar junto às empresas de importação e distribuição.

MS – Sim, como em todo e qualquer mercado, existe uma cadeia produtiva que envolve o fabricante, o distribuidor e o varejista. Passei por todos os setores dessa cadeia, levando para cada um deles a experiência vivida anteriormente. É diferente quando você inicia a profissão do final para o começo, ou seja, do varejo para o fabricante. Dessa forma, que é como iniciei, foi possível ter uma visão ampla e mais abrangente. Estive por quase quatro anos no varejo, onde o contato com o consumidor era direto, e com isso pude perceber as necessidades inerentes a área comercial, que envolve principalmente a qualidade do atendimento. A maior parte das vezes realizamos vendas devido ao tipo de atendimento prestado. Esse foi um ponto em que sempre investi junto às equipes que gerenciei. A concorrência na Teodoro Sampaio, rua que concentra o maior volume de lojas de instrumentos musicais do Brasil, sempre foi grande, então era preciso ter uma equipe de vendas qualificada e bem preparada. Tempos depois recebi convite para integrar o time de vendas em uma das maiores distribuidoras brasileiras, a Habro Music. Foi minha ‘segunda casa’, onde trabalhei por quatorze anos e aprendi muito. Foi uma universidade, onde comecei atendendo uma carteira de clientes com 250 lojas espalhadas pelo Brasil. Na época a Habro contava com 28 marcas e você imagina a variedade de produtos dentro de 28 marcas? Após estudar os produtos e as marcas, desenvolvi uma estratégia para poder atingir o maior número de clientes, oferecendo o maior número de produtos diferentes, uma vez que a ideia era sempre ‘abrir o leque’ e multiplicar as vendas. Não foi tão simples, pois naquela época o aparelho de fax era minha única ferramenta, enquanto a internet ainda era novidade. Dessa forma, ou seja, com produtos de qualidade e preço competitivo, desenvolvi um relacionamento diferenciado com meus clientes, e isso fez toda diferença no resultado de meu trabalho.

NG – No período que prestou serviços para a Habro Music, seu trabalho na área comercial foi inclusive reconhecido internacionalmente. Por favor comente sobre esse episódio.

MS – Em 2001 estive pela primeira vez na NAMM Show, a principal feira de instrumentos musicais do mundo que é anualmente realizada em Los Angeles. Naquele ano recebi da Mapex, empresa fabricante de baterias pertencente ao gigante grupo chinês KHS, uma “golden key”, – premiação em forma de chave de afinação para bateria, folhado a ouro -, como destaque em vendas no ano de 2000. Esse tipo de reconhecimento torna-se um incentivo para o desenvolvimento profissional, e comigo não foi diferente. Continuei investido em minha carreira, sempre buscando novas conquistas.

NG – Como foi o trabalho realizado na inMusic?

MS – Em 2011 recebi convite de uma empresa norte-americana de grande potencial que se interessou em iniciar operação comercial no Brasil. Foi um desafio diferente dos anteriores, uma vez que a empresa tinha como objetivo abrir escritório em São Paulo e imediatamente centralizar a distribuição e comercialização de seus produtos. Iniciei primeiramente em meu home office, e após 6 meses abrimos a primeira sala comercial, com 70m2. Após um ano nos mudamos para um prédio comercial com uma área de 1.500 m2, e multiplicamos as vendas muito rapidamente. Montei uma equipe de vendas internas, como também uma equipe de representantes.

Entrar para uma empresa como a inMusic foi fantástico, pois as marcas comercializadas eram propriedades da própria empresa, ao contrário do trabalho realizado por distribuidores, onde as marcas e produtos são apenas concessões por períodos determinados. Trabalhar em uma empresa global, com escritórios em muitos países, proporciona experiências únicas.

Márcia Sallaberry sempre envolvida com a indústria da musica
Márcia Sallaberry sempre envolvida com a indústria da musica

NG – Mesmo fora do Brasil há três anos, como você vê o cenário do mercado musical por lá?

MS – Acompanho sempre o mercado brasileiro, e o momento é realmente delicado. Muitas lojas fecharam as portas, e o mercado parece sem reação. A crise não é apenas comercial, mas também resultado do cenário cultural brasileiro, onde a música não é parte do currículo escolar. Com isso, perde a indústria, o comércio e a sociedade. A música é agente transformador da sociedade, mas infelizmente o Brasil ainda não enxergou isso.

NG – Você acredita que exportar seja a melhor opção para a indústria brasileira, visto que o volume de vendas caiu muito no Brasil nos últimos meses?

MS – Exportar pode ser uma boa opção de investimento sim, pois no Brasil temos algumas empresas com produtos de grande qualidade e preços competitivos, como a Odery, Contemporânea, Tagima e Giannini, que já atuam nesse sentido. Porém, para conquistar novos mercados, é indispensável investir recursos e esforços, bem como ter preço competitivo.

A crise no Brasil levou muitos brasileiros a morar fora, e isso pode ser um agente facilitador para o comércio de produtos fora do Brasil. A comunidade brasileira em países como Estados Unidos é cada vez maior e mais forte, e indiscutivelmente também precisa desses produtos brasileiros por aqui.

NG – Na sua opinião, o que falta ao produto brasileiro para conquistar novos mercados?

MS – Talvez atitude e visão para dar a volta por cima. Se o mercado interno não está bem, porque não buscar por outros? A economia tem altos e baixos em todos os mercados. A Europa enfrentou forte crise anos atrás, e hoje Portugal é um país referência. O Brasil certamente irá reagir, mas não basta esperar e acreditar nisso. É indispensável agir e descobrir novos horizontes.

Conexão USA

NG – Mesmo morando no Brasil, você já atendia a eventos internacionais como a NAMM Show. Você acredita na longevidade de eventos como as feiras de música, a exemplo do NAMM Show e Musikmesse?

MS – Eu acredito que as feiras, sejam elas no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo, não deverão acabar. São oportunidades fantásticas, onde existe a movimentação do mercado e quando fabricante, distribuidor, comerciante e público se encontram. As feiras no Brasil são diferentes de feiras internacionais, uma vez que os produtos importados apresentados nem sempre são os últimos lançamentos da indústria. Isso se deve a produção, que atende inicialmente países como Estados Unidos e Europa. Já na NAMM Show e Musikmesse as fábricas expõem os produtos lançados naquele momento, as novidades que acabaram de sair do forno. De uma forma geral, as feiras são eventos que acontecem para que o mercado conheça os novos produtos e quando se iniciam as vendas.

Presença nos principais eventos da indústria da música
Presença nos principais eventos da indústria da música

NG – Você continua ligada a área musical mesmo residindo nos Estados Unidos? Quais são os seus projetos por aqui?

MS – Sim, estarei sempre ligada a área musical, e aqui não seria diferente, uma vez que amo o que faço. Recebi proposta para iniciar uma nova loja de instrumentos musicais em Orlando. A Made 4 You, empresa de proprietários brasileiros, será voltada ao varejo e basicamente voltada ao segmento de produtos custom. É mais um projeto desafiador, diferenciado, onde iniciarei a empresa nas mesmas bases como começamos a inMusic no Brasil, ou seja, do ponto zero. Marcas como Tagima, Martin e FSA serão comercializadas.



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