Malhação: Seu lugar no mundo – Entrevista com o autor Emanuel Jacobina

Malhação: Seu lugar no mundo – Entrevista com o autor Emanuel Jacobina

Emanuel Jacobina
Emanuel Jacobina

O autor, junto com Andréa Maltarolli, foi o criador de ‘Malhação’, elaborada em 1994. Ao longo dos 20 anos da série, ele fez três temporadas como autor principal, duas como colaborador,  e uma como supervisor de texto. Com o diretor Leonardo Nogueira, assinou a temporada de 2010 e, agora, retomam a parceria. Além disso, Jacobina também foi roteirista de ‘Casseta & Planeta Urgente!’, ‘Os Trapalhões’, ‘Sai de Baixo’, ‘A Grande Família’, entre outros. Escreveu ‘Coração de Estudante’ e foi colaborador das novelas ‘Kubanacan’ e ‘Beleza Pura’.

Você foi um dos criadores de Malhação. O que acha que mudou na juventude de lá pra cá e quais dilemas dos jovens são atemporais?

É inegável que a juventude recebeu um impacto muito grande da conectividade. Em 1994, você tinha uma minoria da população lidando com redes sociais. Hoje, a maior parte da população brasileira está conectada e, entre os jovens, é uma maioria absoluta. Isso faz diferença na capacidade de se informar e na busca das fontes da informação porque o jovem se tornou mais competente para discernir e acessar o conteúdo que lhe é interessante. Isso gera para nós, que escrevemos, dirigimos e produzimos programas baseados no universo do jovem, uma dificuldade a mais que é a de entreter pessoas que têm mais fonte de entretenimento do que tinham há 20 anos. Eu acho que  temas da literatura, da poesia e do teatro são válidos para o ser humano em geral e podem ser considerados atemporais. A gente está falando de amor, tensão, solidão, busca espiritual, culpa, redenção… São temas universais que fazem parte da vida do ser humano e estarão dentro de qualquer narrativa. Tratando-se de jovens, também falaremos bastante da celebração e busca de identidade, que foi o norte para o conceito de ‘Seu Lugar no Mundo’.


______continua após a publicidade_______

seguro


Como foi a pesquisa para falar sobre educação e por quê tratar desse assunto?

A gente conversou tanto com diretores de escolas públicas consideradas referências nacionais, quanto com diretores de escola que se encontram em situações de dificuldades e diretor de escola que deu a volta por cima, que vivia em situação de penúria e precariedade enorme, mas graças ao trabalho de diretores, pais e professores a escola se tornou uma boa escola. A educação pública é fundamental. Ela te dá a condição de fazer as pessoas se sentirem cidadãs e donas dos mesmos direitos em termos de direitos e deveres. A ética é formada a partir de um processo educacional.  Espero que essa história que vou contar contribua para informar o estado que se encontra a educação pública no Brasil.

Você gosta de escrever sobre o jovem? Tem mais facilidade de falar para esse público?

Eu adoro ver a celebração da juventude. Acho que ninguém celebra tanto a vida quanto alguém que esteja nos seus primeiros 30 anos de vida. É uma celebração constante do prazer de estar com o outro, descobrir uma novidade, de correr um risco. Eu sou pai de um casal de 18 e 20 anos e digo que é difícil ser pai. A gente fica no papel de tentar conter o risco, manter tudo sob controle e estabelecer um significado para o que eles estão fazendo quando, muitas vezes, o significado é o prazer, a diversão. Eu gosto de escrever sobre o jovem e os admiro muito.

Malhação retrata o universo do jovem, mas aborda temas de interesse para toda a familia. Como você faz para envolver os demais membros, como pai, mãe, avo, tio..?

É importante que os personagens adultos tenham relação com o jovem. Acho que os adultos se interessam pelo universo jovem por algumas razões. Primeiro pela celebração da vida que a juventude implica. Segundo pela memória afetiva. Afinal, quem não é jovem hoje, já foi jovem e a memoria da juventude é extremamente agradável. A terceira razão é que muitas vezes os conflitos na familia ou na escola geram certa perplexidade entre os adultos e eles se questionam entre si sobre como lidar com isso. Esse papel de discutir os conflitos Malhação cumpre muito bem.

Malhação está há 20 anos no ar e isso é um marco na TV. De alguma forma, vai ter referência à data na história: Você pretende voltar com algum personagem que tenha criado:

Eu nao tenho isso planejado, mas é possivel que aconteça. Alguns atores, pessoas queridas minhas e do Leo Nogueira tem conversado sobre a possibilidade de participações. Eu, que crio as histórias, estou aberto a isso. É possivel que esse resgate de alguns personagens que correram por Malhação aconteça.

O que fazer para renovar a linguagem e dar fôlego para mais temporadas?

A Globo está fazendo um trabalho incrivel com Seu Lugar no Mundo. Ela reposicionou a marca Malhação, validou esses 20 anos de história, defininiu que, sem Malhação, seria impossível pensar 20 anos de história de teledramaturgia da própria Globo, haja visto quantos autores, diretores e atores já foram formados ao longo desses anos. Eu  acho que esse processo de renovação, que é mais que uma celebração dos 20 anos, está calcada principalmente no entendimento de que Malhação se tornou um guarda-chuva para histórias que digam respeito à juventude brasileira. Esse entendimento valoriza ainda mais o trabalho de todos os profissionais envolvidos nas temporadas. Está definido, publicamente, que cada temporada nova será de um autor, de um diretor, de uma nova equipe e terá sua própria identidade.



____________________publicidade___________________

seguro

anuncie