A despedida de Popó pode servir como uma passagem de bastão para o futuro do boxe brasileiro. Michael Oliveira, adversário do ex-campeão, quer conquistar o título mundial
Seria apenas uma luta de despedida, mas se transformou em um evento para “ficar na história”. Assim é tratado o adeus oficial de Acelino Popó Freitas no cartaz do duelo, que será no dia 2 de junho, em Punta del Este, no Uruguai.
Michael Oliveira, desafiante do ex-campeão mundial, é o responsável pelo status que a luta ganhou. Atual campeão latino entre os pesos médios do Conselho Mundial de Boxe, aos 22 anos, ele pode ser considerado a maior esperança do boxe brasileiro. Michael ganhou as 17 lutas que fez na carreira, 12 delas por nocaute.
A caminhada rumo ao título mundial começou quando ele ainda era garoto.
“Meu avô lutava. Ele chegou a treinar com o Eder Jofre. A gente assistia a muitas lutas e um dia eu disse a ele que seria campeão mundial. Infelizmente, meu avô já morreu, mas tenho a certeza de que, quando esse dia chegar, ele vai estar comigo”, conta o desafiante de Popó.
Michael treina 6 horas por dia e sabe exatamente o que essa próxima luta representa para a carreira dele. Ele desafiou não só um ex-campeão mundial, mas um ídolo do esporte e dele mesmo.
“Quando eu era garoto, fui a uma luta do Popó. Depois, consegui um autógrafo dele. Nunca imaginei que um dia enfrentaria um ídolo como ele. Vou mostrar para o Popó que o futuro desse esporte no Brasil está em boas mãos”, garante Michael.
Duelo de opostos
No dia do adeus oficial de Popó, duas histórias de vida completamente diferentes estarão frente a frente.
Hoje, Popó é deputado federal e dono uma carreira bem sucedida no esporte, mas não perde a chance de falar sobre o passado pobre e cheio de dificuldades. Não só no caso do ex-campeão, mas da maioria dos lutadores, o esporte como única opção de vencer na vida justifica a dedicação aos treinos e a determinação na hora do combate
Michael Oliveira é filho de empresários e tem um perfil não muito comum entre os pugilistas. O dinheiro da família sempre garantiu a ele a chance de escolher o que fazer. Ou, se preferisse, o que não fazer.
“A história sempre tem que ser triste? Ter dinheiro não significa não ter vontade. A superação não precisa sempre ser financeira, material. Treino para superar limites e adversários. Faço isso por amor. Sou apaixonado pelo boxe. Por ter dinheiro, tenho que ter vontade e dedicação em dobro. Só assim vão me respeitar como atleta”, diz Michael.
Por falar em respeito, a promoção da luta foi apimentada por um vídeo que Popó postou na internet, no qual chamou Michael de palhaço. O desafiante rebateu:
“Tenho nariz vermelho? Tenho cabelo colorido? Todo mundo fala o que quer até levar um soco”
O combate de sábado, dia 2 de junho, que vai ser transmitido ao vivo pela TV Globo Internacional, deve mesmo entrar para a história.